Desmagoadores: o bem que nos fazem

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Creio que todos queremos bem os nossos desmagoadores, pois tentam minimizar os sofrimentos permitindo que se pare de pensar nas mágoas e que se possa voltar a apreciar as cores oferecidas a nossos olhos.

Meu avô recebia na sala envidraçada da frente de sua casa um ou outro visitante. Eu ficava atento às suas conversas. Notava que, quando alguém se queixava de alguma ofensa que sofrera, de alguma desatenção, injustiça, descaso, meu avô oferecia algumas sugestões.

Certamente, eram conselhos que fizeram bem a ele mesmo. Depois, adulto, fiz uma síntese da sua técnica e acrescentei a de outros desmagoadores.

UM: saia da postura passiva de vítima injustiçada e adote uma postura ativa.

DOIS: examine sua participação no evento para ver se há como agir diferente no sentido de evitar que se repita; não atraia sobre si o lado maldoso das pessoas.

TRÊS: não espere que todo mundo se coloque no seu lugar e “cuide” de você.

QUATRO: é humano desejar que alguém seja solidário, imaginar que o líquido que escorre da garrafa não seja devido à condensação e que sejam lágrimas, como diz a canção de Gusttavo Lima: “Até a garrafa chora quando vê meu sofrimento”.

CINCO: certos problemas são criados dentro de você e, assim, são seus e você é responsável por eles; há problemas que são criados por outros, fora de você, vão “respingar” em você mas não os deixe entrar, não são seus, não os “adote”.

SEIS: muitas das pessoas que lhe magoaram são boas pessoas; de nada adianta ficar revivendo esses seus “maus momentos”; Procure construir um presente positivo entre ambos: dele virão memórias e lembranças felizes de “bons momentos”.

Creio que todos queremos bem os nossos desmagoadores, pois tentam minimizar os sofrimentos permitindo que se pare de pensar nas mágoas e que se possa voltar a apreciar as cores oferecidas a nossos olhos como na foto de Zilah Fragomeni Goellner.

Fica a sugestão: vamos nos lembrar deles. Não só de filósofos, como Epicuro, mas também de pessoas com as quais convivemos, aquelas que nos encantam porque, “frente a um problema, buscam a solução e não o culpado”. Repito: “a solução e não o culpado”.

Esta é a minha segunda crônica publicada no site. Conheça também a crônica: A princesa das baratas. https://www.neipies.com/a-princesa-das-baratas/

Autor: Jorge Alberto Salton

Edição: Alex Rosset

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