As estações se repetem na linguagem

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Achei uma metáfora capaz de
definir o cotidiano escolar.
As alegrias se repetem.
Repetem-se sem que as esperássemos,
porque isso é da nossa essência.


Como as estações se repetem! Como é bom sentir o frio do inverno depois de ter vivenciado o calor do verão?! Que sensação brilhante, perfumada e alegre, ao nos darmos conta que a primavera chegou, depois de ter presenciado a caída das folhas no outono e o frio congelante do inverno.

As estações se repetem, é verdade! A primavera é vivenciada muitas vezes em uma única vida. Essa sensação nos renova. Por que estou falando tudo isso?  É lógico que achei uma metáfora capaz de definir o cotidiano escolar. As alegrias se repetem. Repetem-se sem que as esperássemos, porque isso é da nossa essência. A alma se alimenta e o coração se enche da mesma forma quando vimos um ipê florido encantar os olhos.

Estava trabalhando sobre linguagem escrita, quando novamente, fui surpreendido, por sinal numa turma bem bacana, a mesma onde, em outra semana, um aluno me questionou e me deixou boquiaberto pelo questionamento que me fez sobre a escrita e a mudança da postura nessa linguagem.

Por que existe aula de língua portuguesa na escola? Esteja certo que não é para ensinar a língua, pois o aluno já sabe. Ela deve servir para refletir o seu uso. Leia mais aqui.

Por isso, as estações se repetem. E que bom que elas nos tiram da mesmice do calor, para o frio, da planta sem cor para o colorido que nos encanta. A alegria em trabalhar com a linguagem se repete.

É como quando estamos num país diferente e já aproveitamos o máximo e vem a vontade de regressar. Quando o avião aterrissa em solo brasileiro e o ouvimos novamente o som da língua materna. Isso toca as profundezas da alma, os olhos se enchem de emoção. E que bom que possamos voltar. E que bom que a primavera retorna. E que bom que a alegria em ensinar nos enche de orgulho.

Pois bem, era 16h20min, sendo que a aula terminaria às 16h35min, a alegria paira nesta aula sobre a pergunta de um aluno chamado Gabriel: – Professor, quando uma palavra, origina de outra língua (inglês, por exemplo) ela é adaptada e conjugada com as regras da língua portuguesa, como por exemplo, a palavra “bugada”, do inglês BUG, que significa erro, defeito, incomodar, irritar alguém? Isso seria apenas uma gíria ou o quê?

Eu logo falei a ele e para a turma que é comum na história a evolução das línguas, quando uma palavra vem de outra língua e ela é agregada na língua portuguesa ela passa a operar segundo as regras da língua que a recebe. Exemplo: a palavra “delete” do inglês, recebe as desinências verbais e nominais da língua portuguesa, recebe desinências de tempo, pessoa e número da nossa língua: deletAR, deletAVA, deletADO…

Percebi que os alunos, quando incentivados a refletir sobre a sua língua, respondem ao estímulo dado. Por isso, ainda bem, temos primaveras mesmo em meio a tempos de inverno rigoroso. Por isso, também, sou um entusiasta do estudo e da compreensão da nossa língua portuguesa.

Em outra reflexão escrevemos: “neste processo de reinvenção começamos a mandar atividades “às escuras” para nossos alunos. Ficamos desolados porque não recebíamos o eco esperado, pairava o silêncio. Estou falando da minha experiência de educador há mais de 26 anos e que sou apaixonado por educar. Não ouvir o som de retorno, nos deixa muito desolados, inquietos, desesperados e tristes”. Leia mais aqui.

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