Cidades diversificadas economicamente, tolerantes culturalmente
e abertas a novas ideias constituem pólos de força magnética
para indivíduos que buscam mudar o mundo através
do empreendedorismo econômico ou social.

 

Li recentemente um livro provocativo – “A Ascensão da Classe Criativa” – de Richard Florida, professor de Negócios e Criatividade na Rotman School of Management da Universidade de Toronto, que se notabilizou mundialmente como um intelectual que pesquisa indústrias criativas aliadas a planejamento urbano e desenvolvimento econômico.

O centro do seu trabalho passa pela definição de classe criativa e o papel que a mesma desempenha no desenvolvimento econômico e o papel das cidades como fontes de atração de indivíduos empreendedores.

Assim, a classe criativa é a classe que emerge na economia do século XXI e é formada por indivíduos das ciências, das engenharias, da arquitetura e do design, da educação, das artes plásticas, da música e do entretenimento, com capacidade de criação de novas ideias, novas tecnologias e novos conteúdos criativos.

Essa nova classe, dos indivíduos criativos ou originais, na acepção de outro autor que está lista de leituras (“Originais” de Adam Grant, psicólogo organizacional da Wharton School) está mudando o mundo do trabalho e move-se pelo poder de atração que as cidades exercem. Cidades diversificadas economicamente, tolerantes culturalmente e abertas a novas ideias constituem polos de força magnética para indivíduos que buscam mudar o mundo através do empreendedorismo econômico ou social.

A competição do século XXI, portanto, se dará entre cidades e sua capacidade de atração de pessoas criativas.

Morar em São Paulo ou São Francisco, Boston, Nova York, Tóquio, Austin, Berlin, Milão? Morar e montar novos negócios em Passo Fundo ou em Porto Alegre, Joinville, Londrina, Maringá, Caxias do Sul, Ribeirão Preto?

Desde que iniciamos a construção do projeto da IMED, nos perguntamos: qual é a sua ambição, Passo Fundo?

Nossa cidade passou a aparecer em listas e rankings nacionais nos últimos quinze anos, destacando-se como um bom local para desenvolvimento de carreiras. O PEDEL – Plano Estratégico de Desenvolvimento Econômico de Passo Fundo -, apresentado pela Prefeitura Municipal de Passo Fundo em 2015 demonstra a força desta cidade com menos de 200 mil habitantes e dotada de uma ampla base de atores tecnológicos e de pesquisa – UPF, EMBRAPA, UFFS, IFSul, SENAI, SENAC, Hospital São Vicente de Paulo, Hospital da Cidade, FASURGS, IMED, Hospital Prontoclínica, HO, BSBIOS, SEMEATO, KUHN, BIOTRIGO, dentre muitos outros.

Passo Fundo é a décima economia do RS, centro político, de comércio e de prestação de serviços de toda a região norte do Estado. Estamos situados em uma região com economia razoavelmente diversificada – agronegócio, saúde, educação, setor metal mecânico.

A cidade passou durante as últimas gestões pela ampliação da sua capacidade industrial e pela revitalização de espaços públicos, recuperando sua autoestima.

Mas, como um inconformista à la Adam Grant, para onde vamos? Por que não nos mobilizamos coletivamente para extrair da base instalada todo seu potencial? Quando resolveremos problemas históricos, como o aeroporto, por exemplo (porta de entrada e saída de todos aqueles que queiram realizar negócios na cidade)?

Onde está a energia mobilizadora de um padrão de governança local da sociedade civil, capaz de aliar-se ao poder público, para projetar publicamente Passo Fundo de fato como a melhor cidade média da região sul do Brasil para empreendedores?

O mundo está mudando muito mais rapidamente que muitos de nós poderiam imaginar. Uber, Airbnb, WhatsApp, Nubank, Cabify, Tesla, Amazon, Netflix já fazem parte de nossas vidas. Neste momento, criativos do mundo, do Brasil e do RS estão escolhendo onde morar, empreender e como farão para mudar o mundo. Por que não em Passo Fundo?

DEIXE UMA RESPOSTA