Ocupemos nosso lugar, mulheres!

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Podemos mudar o rumo do estado com a nossa participação. #Vamosjuntas.

Precisamos de mais mulheres na política.

E elas precisam saber que são capazes de ser líderes!

Eu acredito que não existe qualificação da democracia e do debate público sem o fortalecimento do Poder Legislativo por meio da presença de mais mulheres na política.  Acredito que nós, mulheres, somos fortes, principalmente quando caminhamos juntas.

No entanto, Passo Fundo ainda é uma cidade extremamente machista.

Por tudo isso, coloquei meu nome a disposição do meu partido, o PT, para disputar uma vaga e ser a primeira mulher trabalhadora de Passo Fundo na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A Assembleia gaúcha tem 187 anos e nosso município completou, em 2022, 165 anos de emancipação político-administrativa. Mesmo com quase dois séculos de história, até hoje, NUNCA elegemos uma mulher da nossa cidade como Deputada Estadual.

Foi pensando em disputar e modificar essa realidade que, junto com o coletivo de lideranças que me acompanha, eu aceitei o desafio e me candidatei à ALERGS em 2022. Fiz quase onze mil votos e, destes, cerca de sete mil foram aqui em Passo Fundo. Fui a única mulher entre os dez mais votados na cidade e a segunda mais votada entre os e as vereadoras candidatas da Câmara de Vereadores de Passo Fundo. Fui votada em mais de trezentos municípios gaúchos.

Ocorre que uma campanha feminina, muito mais do que as masculinas, para ser competitiva, demanda de um grupo de apoio forte, com voluntariado organizado, equipe de profissionais contratadas para a área jurídica, contábil, comunicação, mídias, panfleteação, infraestrutura, mobilização, material impresso, entre tantos outros fatores.

Segundo a pesquisa Gênero e Raça nas Eleições de 2022, realizada pelo Observatório Nacional da Mulher na Política (ONMP), da Universidade de Brasília, a campanha eleitoral é extremamente desigual entre os gêneros. As mulheres candidatas enfrentam muitas barreiras e precisam superar obstáculos que não estão no caminho dos candidatos homens.

Quando observamos apenas as candidaturas eleitas, ou seja, aquelas que foram muito competitivas e conquistaram uma cadeira, a média de recursos gastos é consideravelmente superior ao financiamento dos homens para viabilizar o seu sucesso eleitoral. A pesquisa apurou também, que para manter-se na carreira política elas precisam contar com maior qualificação e também renda.

No Rio Grande do Sul os números confirmam a pesquisa: o valor investido por voto pelas candidaturas à Assembleia Legislativa em 2022, por exemplo, é muito mais caro para as mulheres candidatas. Isso porque, enquanto os homens eleitos gastaram, em média, R$ 4,21 para cada voto conquistado, as mulheres eleitas precisaram investir em média R$ 11,37.

Ressalto, ainda, que a maioria dos partidos políticos não incentivam e nem apoiam a participação das mulheres nos espaços de organização e de comando partidário, não garantem recursos financeiros para as candidatas, não proporcionam o preparo político das mulheres para uma campanha eleitoral e muitas vezes acabam usando as mulheres como “laranjas”.

Outro fator que impacta diretamente na caminhada das mulheres rumo à conquista de uma cadeira é a violência política de gênero, que pode ser física, sexual, simbólica, psicológica e econômica.

Para além disso, a sobrecarga de trabalho assumida pelas mulheres com o casamento, em especial quando elas têm filhos, é um obstáculo adicional para a sua participação na política, sem que o mesmo aconteça para os homens. Códigos culturais de natureza patriarcal podem também se traduzir em maior apoio familiar para eles, quando decidem trilhar a carreira política.

Porém, mesmo com todos esses obstáculos que se colocam no caminho das mulheres que desejam disputar espaços na política institucional, nesse ano, no Rio Grande do Sul houve um aumento no número de representantes mulheres em cargos legislativos: a partir de 2023, serão 11 deputadas, distribuídas em oito siglas, duas a mais que na legislatura atual. Mas a diferença ainda é muito expressiva, uma vez que a ALERGS possui 55 cadeiras. Precisamos continuar sonhando com um outro cenário político, com mulheres que defendem a democracia, a igualdade e a justiça social.

Parafraseando Belchior

Presentemente eu posso me considerar uma “sujeita” de sorte
Porque apesar de muito “moça”, me sinto “sã e salva” e forte
E tenho comigo pensado, “as Deusas são brasileiras e andam” do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro…

Nossa luta é coletiva e permanente. Encerramos a campanha e o primeiro turno, entre vitórias e derrotas. Com a certeza que o nosso trabalho continua.

Estamos de parabéns, pela trajetória que estamos trilhando.

Gratidão pelo apoio de cada uma e de cada um!

Autora: Eva Valéria Lorenzato
Vereadora pelo PT/Passo Fundo

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