As mulheres e a política

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Peço licença às leitoras e leitores para iniciar a nossa conversa parafraseando Castro Alves:

“A política! A política é das mulheres

Como o céu é da águia.”

Assim, de imediato, através desse espaço, quero conversar e encorajar vocês, mulheres, a pensarem e se colocarem nos espaços públicos, ocupando vagas de extrema importância na construção e desenvolvimento da nossa sociedade.

O próximo pleito eleitoral se aproxima. Nos bastidores dos partidos políticos já se iniciaram as “negociatas”, “acertos políticos” e “arranjos” visando à escolha “dos melhores candidatos”.

Tenho observado, com certa tristeza e preocupação, o avanço dos debates para a escolha dos representantes, e o que percebo é que esses diálogos estão se baseando cada vez mais nos discursos e critérios masculinos. O senso comum, infelizmente, acredita na suposta “habilidade política” masculina, tornando algo comum e aceitável que o número de homens disputando e ocupando os espaços políticos seja quase que a integralidade das vagas.

Diante dessas situações, é sempre válido questionar acerca da baixa representatividade feminina nas casas legislativas. Vejamos a Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul: no último pleito, em 2018, tivemos mais de 200 mulheres candidatas que disputaram cadeiras de deputada estadual, entretanto, apenas 09 mulheres foram eleitas.

Ora, se somos 52% do eleitorado brasileiro, por que ainda estamos sendo marginalizadas politicamente?

Será em razão da falta de recursos financeiros? De interesse na política? Ou em razão do trabalho doméstico? Da tripla jornada de trabalho? Dos filhos? Da família? Das viagens que se fazem necessárias quando se ocupa espaços de poder? Falta de capacidade? Falta de apoio do companheiro(a)?

Para Débora Thomé, Doutora em Ciências Políticas, “as mulheres se encontram sub-representadas não por vontade própria, mas por uma disputa de forças, por empecilhos que vão além das intenções de parte do grupo de maior contingente na maioria dos países”, segundo Débora “há um déficit democrático no processo” e “a ausência de mulheres perpassa os mais diferentes partidos políticos, a imensa maioria dos cargos partidários está, no Brasil, ocupada por homens entre seus filiados”.

Poderíamos elencar diversos motivos, mas, apesar de todos os obstáculos, acredito que a plena habilidade política somente será alcançada quando efetivamente as mulheres estiverem em condições de igualdade com os homens.

A liberdade feminina para atuar nas esferas públicas deve ser tratada pela sociedade como um direito básico de todas as mulheres. Para tanto, urgentemente, é necessário a criação de grupos de apoio no seio da sociedade e nas agremiações partidárias. Os partidos políticos precisam criar mecanismos de incentivo e de valorização da mulher em cargos partidários, da candidata e da mulher eleita.

A violência política precisa ser enfrentada por todas aquelas pessoas progressistas que não aceitam a desigualdade de gênero e que querem mais mulheres dedicadas à esfera pública com seu olhar diferenciado para as políticas públicas.

Sabe-se que até o início do século XX as mulheres estavam fora do jogo político, mas a partir de 1932 nós começamos a ser reconhecidas e a construir a tão sonhada “igualdade jurídica com os homens”.

Mas mesmo assim, seguimos nos questionando: por que as mulheres gaúchas e passo-fundense não estão participando efetivamente da esfera pública e política? Quantas mulheres já concorreram à deputada por Passo Fundo? E à vereadora? Quantas mulheres já representaram Passo Fundo e a região na Assembleia Legislativa, na Câmara Federal e nos ministérios?

Ora, no caso dos ministérios, desde o governo José Sarney -1985 até o final do governo de Dilma Rousseff – 2014, foram nomeadas apenas 36 mulheres entre 467 nomes que assumiram postos de ministros (D’ARAÚJO; RIBEIRO, 2018).

Precisamos quebrar essas barreiras e impedimentos criados para as mulheres. A luta e a caminhada são duras, mas seguimos juntas para que mais mulheres ocupem os espaços de poder político nacional, estadual e municipal.

Viva a força e a coragem das mulheres!

Autora: Eva Valéria Lorenzato

Edição: Alex Rosset

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