Água: não a privatização!

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Blue Earth world with dripping water on two hand at wait on abstract black background. Water shortage and earth day concept or world water day. Elements of this image furnished by NASA.

A água, tão sagrada para a preservação da vida, será tratada como mercadoria PRIVADA e provavelmente não haverá tarifa social para famílias de baixa renda.

Antes de nascermos, a água já está presente na nossa vida.

A importância da água é inquestionável. Em que pese a crescente população mundial, o aumento de demandas econômicas e sociais que impõem a urgência de se ampliar o consumo de água para a produção de alimentos e para a indústria, a água é um bem comum e não uma mercadoria.

Estudiosos e pesquisadores reconhecem que, atualmente, todos os seres vivos existentes precisam de água para a sua sobrevivência.  O corpo humano é constituído em média 60% em massa de água. Os músculos esqueléticos são constituídos por 73% de água.

plasma sanguíneo chega a ser constituído em mais de 90% de água.

Cerca de dois litros de água são perdidos diariamente do corpo de uma pessoa adulta. Desta forma, a mesma quantidade deve ser reposta para evitar a desidratação, através do consumo de água tratada e alimentos ricos em água, como frutas e vegetais. No caso de nenhuma ingestão de água, o indivíduo morre em no máximo quatro dias.

No Rio Grande do Sul, em 28 de março de 1966, devido a precariedade no abastecimento de água as populações, foi criada a Companhia Riograndense de Saneamento – Corsan, sociedade de economia mista, de capital aberto, sediada em Porto Alegre, a partir da Lei Estadual nº 5.167/1965, sendo que o controle acionário é exercido pelo Estado do Rio Grande do Sul. 

Atualmente é inegável que a Corsan proporciona ao Rio Grande do Sul e a sua população qualidade de vida, pois abastece cerca de 6 milhões de gaúchos, conforme levantamento realizado pela companhia e disponível em seu site institucional. Isso representa cerca de 2/3 da população do Estado, distribuídos em 317 municípios.

Nesses 55 anos de existência e atuação no Rio Grande do Sul, a Corsan já se consolidou como uma empresa pública que presta serviços de qualidade, gerando riqueza para o Estado. Prova concreta disso são os cerca de R$ 2 bilhões de lucro somados pela estatal no ano de 2020.

Em Passo Fundo, a Corsan investe em diversas obras de infraestrutura para o tratamento de água e saneamento, especialmente por meio de um Fundo Municipal de Gestão Compartilhada, criado em 2010, por ocasião da assinatura do contrato de prestação de serviço entre a empresa e o Município.

Contudo, apesar de ser considerada uma empresa geradora de desenvolvimento e garantidora da vida, o governo do estado quer privatizar a Corsan.

Após derrubar a exigência de plebiscito, consulta feita diretamente ao povo, por meio de votação do tipo sim ou não à venda de estatais, no dia 31 de agosto de 2021, por 33 votos a 19, os deputados “autorizaram” o governador Eduardo Leite a repassar à iniciativa privada o controle acionário da companhia.

Ocorre que alguém vai se beneficiar com a venda da Corsan, mas não será o povo gaúcho. Serão os representantes do “capitalismo selvagem” que buscam o lucro a qualquer preço. A água, tão sagrada para a preservação da vida, será tratada como mercadoria PRIVADA e provavelmente não haverá tarifa social para famílias de baixa renda.

Não podemos permitir a privatização da Corsan, nem das reservas e mananciais. Preservar o direito humano a água é garantir a vida das próximas gerações.

Ora, os direitos a vida, ao abastecimento de água, a produção de alimentos, a preservação dos recursos hídricos e do meio ambiente, a geração de energia, entre outros temas fundamentais para a existência de um futuro sustentável e justo não podem ser entregues ao interesse privado pelo lucro.

A água é do povo gaúcho E ASSIM DEVE PERMANECER.

Os municípios gaúchos têm agora uma importante missão: precisamos do apoio e da sensibilidade das vereadoras e vereadores, das prefeitas e prefeitos que ainda podem impedir a privatização, pois dispõem de mecanismos como não assinar a proposta do governador do Estado de aditivo aos contratos municipais que estão vigentes com a Corsan. Além disso, também podem fazer a municipalização da Corsan ou buscar alternativas junto à esfera judicial.

Por fim, ressalto que eu acredito na luta e na força popular, o povo organizado também pode evitar um erro sem precedentes no Rio Grande do Sul, que causará prejuízos incalculáveis para a manutenção da vida e do desenvolvimento justo e sustentável de todos os municípios gaúchos.

Continuaremos debatendo esse importante tema nas nossas próximas colunas nesse espaço.

Vamos à luta! Não a privatização da Corsan!

Autora: Eva Valéria Lorenzato.

Edição: Alex Rosset

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