Caipira merece respeito!

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Ser caipira (viver na roça), não é motivo de ser menos.

Ser caipira, não significa ser analfabeto; mesmo que seja, não significa falta de sabedoria. Mas sim, ter a sabedoria da vida no campo.

Ser caipira, não significa ter falta de dentes, ou dentes podres, estragados… Mesmo que sejam, não é por vontade do caipira (camponês), mas sim pela desigualdade social que se perpetua na frente de nossos olhos.

Ser caipira, não significa se vestir maltrapilho, se assim o for, é por que as condições lhe faltam para se adequar às estruturas da cidade moderna.

Eu sou natural do interior. Sou camponês de origem, com muito orgulho. Mas custou muito para obter orgulho do que sou. Sofri preconceito uma boa parte da vida até me firmar quanto pessoa e me valorizar pela trajetória que construí.

Roça é um lugar de fartura, mas também de muito trabalho. Iludem-se aqueles que pensam que uma “chácara” é um lugar maravilhoso sem dar muito trabalho. Para quem não pode oferecer seu trabalho, terá de ofertar dinheiro para que alguém cuide, zele e organize o ambiente, para poder desfrutá-lo lindo, aconchegante e organizado. (Nei Alberto Pies) Leia mais!

O debate atual diminuiu os preconceitos com quem é do interior, muitas pessoas que migraram do interior para a cidade se arrependeram, bem como há pessoas que moram na cidade e gostariam de migrar para o interior e assim por diante. Mas ainda existe muito preconceito.

Recentemente, em edição do Big Brother Brasil (BBB21), que teve várias personalidades interessantes para conviver e debater sobre temas legais, apareceu a figura dos Bastiões (Caio e Rodolfo). Tanto o Caio, quanto o Rodolfo se mostraram figuras com diversos problemas, como todos nós temos, e ao mesmo tempo foram agraciados com o apelido de Bastiões, sendo estes caracterizados pela figura do camponês bonachão, simples e grosseiro que não sabe lidar com as coisas mais sofisticadas, que tem dificuldade de falar o português corretamente… uma maneira mais moderna e elegante de representar o “Jeca Tatu” de Monteiro Lobato.

Monteiro Lobato expõe em Urupês o personagem jeca tatu como uma crítica social, que a elite tratou de transfigurar e piorar a imagem. Jeca tatu é o home do campo, miserável, visível aos olhos da sociedade apenas como motivo de chacota.

“Pobre Jeca tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade” Monteiro Lobato.

A figura do Jeca Tatu foi implementada pela elite, com inúmeras pretensões e deve ser rediscutida. Jeca Tatu, Bastião, ou qualquer outra figura que se apresente com a intenção de diminuir as pessoas devem ser desmistificadas. Afinal de contas, o que mais vale na vida são as ações com boas intenções, que se dão nas relações.

No mês de junho, escolas e alunos reúnem-se para fazer apresentações para a comunidade escolar. Realizam-se apresentações como teatros e danças “típicas”. A quem se referem as vestimentas? A vestimenta é tipicamente remendada, rasgada e “fora de moda”. Na cabeça usa-se um chapéu grande, e, na maioria das vezes, rasgado. Quem usa chapéu em nossa sociedade? A vida na roça merece respeito. (Laercio Fernandes dos Santos) Leia mais!

Autor: Rudimar Barea

Edição: Alex Rosset

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