Apesar de entender a importância de
estarmos informados, às vezes parece que a
exposição constante a coisas ruins
esgota nossa esperança.

 

Quando eu estava na faculdade, fui aluna do Professor Carrion Jr, se não me engano na disciplina de Formação Econômica do Brasil. Eu gostava muito das aulas dele, em especial pelas histórias e vivências que compartilhava conosco.

A aula era às 7:30 e já no início do semestre ele nos apresentou à sua metodologia de avaliação, acho que ele chamava de “notícia do dia”.

No começo de cada aula tínhamos que escrever sobre uma notícia daquele dia. O pequeno texto era entregue ao professor, e valia pontos na nota final. Aos protestos quanto ao horário, à dificuldade ou irrelevância da tarefa ele respondia que qualquer um podia ouvir rádio ou ler um jornal antes da aula (a internet ainda não era comum).

Argumentava que o mínimo que se esperava de um futuro economista era que soubesse o que estava acontecendo no país e no mundo, em tempo real (na medida em que isso era possível no século XX).

Lembrei-me do professor e das aulas nos últimos dias. Ao me deparar com notícias de tragédias, corrupção, intolerância e violência, pensei que queria ao menos uma notícia no dia que fosse boa.

Bauman se tornou uma figura de referência da sociologia. Suas denúncias sobre a crescente desigualdade, sua análise do descrédito da política e sua visão nada idealista do que trouxe a revolução digital o transformaram também em um farol para o movimento global dos indignados, apesar de que não hesita em pontuar suas debilidades.

Veja mais aqui.

Tenho que concordar com meu antigo professor, não é possível ser um bom profissional ou um cidadão consciente sem saber o que se passa no país e no mundo. Precisamos saber para poder protestar e combater. Esconder-se da realidade não resolve nada, não ajuda ninguém.

Mesmo assim, a cada notícia triste ou revoltante, penso no alívio que seria ouvir algo positivo. Apesar de entender a importância de estarmos informados, às vezes parece que a exposição constante a coisas ruins esgota nossa esperança.

Em lugar de nos impulsionar para ações positivas, essa avalanche de más notícias sufoca nossa reação. Ficamos todos assim, anestesiados, cansados e de certa forma conformados, sendo capazes apenas de replicar más notícias em redes sociais, ou expressar nossa revolta em palavras agressivas.

Desejo que tenhamos boas notícias todos os dias. Que possamos encontrar alguma inspiração que nos dê a força que precisamos para fazer algo que transforme a realidade para melhor.

O destino da humanidade está em nossas mãos. Documentário o Homem.

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