Uma mãe professora

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Estávamos no escritório eu e meu colega advogado. Com a janela aberta, enxergávamos o ambiente de uma família com três filhos no andar inferior do prédio vizinho.

A senhora, mãe de três filhos pequenos, arrumava a cozinha e servia o almoço para a gurizada. Ela professora, apressava tudo para alimentar as crianças. Colocou os três em formação e serviu os pratos, enquanto se ajeitava para ir ao colégio e lá chegar antes da uma hora.

Cessada a balbúrdia da manhã, todos começaram a comer. Súbito, o pequeno, atirou o prato para o ar e ficou rindo. A mãe estava de costas e deixou seu prato sobre a pia, espantada com a cena. A comida se espalhou sobre a mesa.

E a mãe falava alto, e começou limpar novamente a cozinha com o chão respingado. “Seu pestinha! pensa que vai mandar em mim? – disse a mãe. E sentenciou: Vou cortar teu pescoço, e daí quero ver você andar sem cabeça!!

Mas, agilmente, arrumou tudo. O pequeno (dois anos), sentou sério e parou de rir.

Lá foi a jovem mestra arrumar-se para lecionar. Cabelos pretos e longos amarrados e abriu a porta para sair. Olhou para o menino, lindo demais, e viu que este mostrava o prato vazio, indicando que havia comido tudo, no segundo turno.

A mãe viu aquilo e voltou de braços abertos com sorriso de felicidade, abraçou aquele “pestinha” de barriga cheia, cobriu de beijos e tomou o caminho da escola.

 Saiu sorrindo! Aquela mãe nem lembrou que ficara sem almoço. Saiu sorrindo olhando para a boca rebocada o pequeno rebelde.

O prato dela esfriou e ficou na pia, mas a mãe saiu com o coração cálido, deixando o seu bebê aos cuidados dos irmãos.

Foi uma cena que jamais esqueci. Aquela mãe ardorosa capaz de tanta ternura, talvez nem estava percebendo o que dissera…

Autor: Celestino Meneghini

Edição: Alex Rosset

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