Uma feira de livros sob o olhar e as lentes do fotógrafo

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Os leitores e leitoras, os escritores e escritoras, os visitantes e a comunidade em geral tem diferentes percepções sobre um evento como uma Feira de Leitura, 35ª Feira de Livros de Passo Fundo, realizada no mês de outubro de 2023. Geralmente quem registra as atividades através de fotografias não é lembrado nem mencionado pelas repercussões dos eventos culturais que estão sob o crivo de suas lentes.

A Prefeitura Municipal de Passo Fundo juntamente com a APLetras, retomaram e promoveram a Feira do Livro de 12 a 22 de outubro no Espaço Roseli Doleski Preto, envolvendo os participantes e comunidade passofundense em atividades entre os prédios do Teatro Múcio de Castro, Academia de Letras, Instituto Histórico de Passo Fundo e Biblioteca Pública Municipal.

Entrevistamos Augusto Albuquerque, fotógrafo que registrou e documentou, através de suas lentes, os momentos mais importantes e peculiares da 35ª Feira do Livro de Passo Fundo.

Como foi receber o convite para ser o fotógrafo oficial da Feira do Livro de Passo Fundo?

O convite surgiu através da minha ex-professora e amiga que havia falado com a Secretária de Cultura e ficou sabendo que estavam precisando de um fotógrafo para a Feira do Livro. Como já havia fotografado outros eventos culturais, aceitei na hora. 

Quais foram seus maiores desafios e suas maiores realizações na cobertura deste importante evento cultural de nossa cidade?

Confesso que não foi fácil. A programação era bem grande e eu cobri toda a feira sozinho. Tinha que fazer os registros, descarregar os arquivos no computador e tratar as fotos. Isso tudo durante 8 dias, todas as manhãs, tardes e noites.

Foram mais de 1300 registros de toda a programação em que fotografei, creio eu, todos os artistas e escritores que participaram dessa edição da feira. Esses registros foram enviados para eles e ficarão armazenados em uma pasta que ficará à disposição da Secretaria de Cultura.

Não podia deixar de fora a questão do mau tempo. A chuva atrapalhou um pouco, mas felizmente, não comprometeu o resultado final.

Na sua visão, o que representa a retomada da Feira do Livro num lugar aberto, público, de tanta importância na história da cidade como é o Espaço Cultural Roseli Doleski Preto?

Creio que o espaço foi uma das melhores novidades da Feira. A estrutura, contando com o Teatro Múcio de Castro, Academia de Letras, Biblioteca Municipal e Instituto Histórico, possibilitou que todas as atividades da programação fossem realizadas sem comprometer o andamento da Feira, mesmo com a forte chuva que tivemos ao longo da semana.

Detalhe: auditório da APLetras, um dos locais utilizados para realização de atividades.

Como vês a fotografia? Como um registro ou como uma arte?

Uma coisa não isenta a outra. Pode-se fazer registros com um olhar mais artístico do ponto de vista da estética. Como sou Jornalista, minha preferência sempre será por fotografar os fatos e acontecimentos da nossa sociedade/cidade. Entretanto, não deixo de lado a parte que se deve pensar em como deixar a fotografia mais atrativa, acredito que isso vai muito da vivência e da carga cultural que cada um carrega.

Como é fotografar nesta era do photoshop, dos filtros, das redes sociais, do instantâneo, num tempo em que todos podemos registrar, produzir e reproduzir imagens?

Do ponto de vista técnico, o fotojornalismo exige uma agilidade maior para fazer os registros. Não é qualquer celular que vai dar conta de fotografar certos acontecimentos, pois na maioria das vezes os movimentos rápidos do que é fotografado e a principalmente a luz do ambiente não nos dão as melhores condições de fotografar. Logo, um bom equipamento faz bastante diferença e se faz extremamente necessário se você quiser ter um resultado acima da média. Por enquanto, quando o assunto é fotojornalismo, acredito que um celular ainda não tem a melhor capacidade técnica de substituir uma boa câmera fotográfica, mas vale salientar em certas situações, principalmente quando o objeto a ser fotografado está estático, os celulares de última geração podem quebrar um bom galho.

Qual foi a imagem da Feira do Livro que mais o marcou?

Acho que nessa Feira as imagens que mais me marcaram não foram aquelas em que havia uma estética melhor e bem pensada, e sim aquelas imagens que apresentaram os resultados de uma Feira do Livro que superou as expectativas devido às novas iniciativas. Como por exemplo, o novo espaço em que foi realizado, muito mais acessível para a comunidade. Outra iniciativa que achei interessante fotografar foram as crianças utilizando o passaporte literário, que foi uma iniciativa da Prefeitura Municipal para incentivá-las a lerem cada vez mais. Do ponto de vista artístico e simbólico é extremamente difícil escolher uma, pois foram muitas apresentações realizadas nesta feira e acredito que em cada uma deve ter tranquilamente umas 5 fotos que podem representar muito bem a 35ª Feira do Livro de Passo Fundo.

Uma frase sobre fotografia.

“Você deve exigir o melhor de si. Você deve procurar por imagens que ninguém mais possa fazer. Você deve aproveitar as ferramentas que tem de maneira cada vez mais profunda” (Willian Albert Allard)

Fotos: Augusto Albuquerque

Edição: A. R.

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