O Papa e os ateus

Depois da morte de Papa Francisco, muitas publicações exaltaram virtudes e qualidades suas na perspectiva humanizante, do ser humano que ele procurou ser em vida. Chamou-nos atenção este vídeo, postado em redes sociais, que relaciona o ateísmo com a reverência ao Papa Francisco.

Ao tomar conhecimento do vídeo, tomamos a liberdade de repercutí-lo sob uma ótica fundamentada na literatura.

Segue o link do vídeo “O papa e o ateu”:

Do ponto de vista literário, o autor usa antíteses, pois se considera ateu, nega a existência de Deus, mas afirma as virtudes humanas do Papa Francisco.

No caso em questão, destaca-se muito mais o caráter humanista do Papa e de seu ícone, o homem Francisco de Assis.

Douglas Pereto, o autor, demonstrou-se coerente e hiperbolizou (hipérbole) as virtudes do homem Francisco, enquanto repetia seu ateísmo.

Daí a repercussão, o impacto com público leitor.  Enfim, rompeu com as expectativas.

Parabéns pela ousadia e pela brilhante estratégia literária de brincar com as antíteses.

Sugestão de leitura: O Papa favorito dos ateus?  Como influência de Francisco foi além do catolicismo:  www.bbc.com/portuguese/articles/c5y4230n0vvo

Autor: Eládio Vilmar Weschenfelder. Também escreveu e publicou no site “Rios do céu e da terra”: www.neipies.com/rios-do-ceu-e-da-terra/

Edição: A. R.

O triste destino da biblioteca do Pescador de Livros

Quase uma década depois, o Grupo Ritornelo de Teatro, revive a história e presta reverência à memória de Valdelírio Nunes de Souza, encenando o espetáculo “Chicão: O Pescador de Livros. Chicão e o seu amor pelos livros fez, como poucos, justiça ao nosso título de Capital Nacional da Literatura.

Lamento pela desilusão, mas, invariavelmente, o destino das chamadas bibliotecas pessoais, quando morre o dono, não tem tido melhor sorte do que a dissolução do acervo acumulado, não raro a duras penas, ao longo dos anos, quer seja por doação, venda ou o caminho da reciclagem de resíduos (apenas um eufemismo para lixo).

Dois casos emblemáticos, locais e de 2016, aqui serão usados apenas como exemplos (há outros) e sem qualquer julgamento de valor, servem bem para ilustrar a assertiva do parágrafo anterior.

Um deles envolveu o destino da biblioteca organizada por Valdelírio Nunes de Souza, o papeleiro Chicão, falecido naquele ano, e o outro, que, assim como tantos, por ser de natureza estritamente privada, aqui farei referência apenas como biblioteca do professor A. F.

Créditos: Reprodução RBS TV

A chamada de capa de O NACIONAL, edição de 25 de novembro de 2016, “Do lixo ao lixo”, alertava para o fato de que os livros que formavam a biblioteca que havia sido organizada pelo papeleiro Chicão estavam sendo vendidos como sucata para custear despesas da família, que vivendo em vulnerabilidade social, em um galpão às margens da Rodovia BR 285, e sem alternativas, não via outro caminho que não a venda do acervo de 12 mil obras literárias e didáticas, que, garimpadas por Chicão no lixo ou recebidas por doação, ficavam à disposição dos estudantes e da população do bairro Valinhos.

As notícias sobre o caso Chicão repercutiram.

O professor Ironi Andrade abriu uma conta poupança “Pró-Biblioteca do Chicão” (CEF, Agencia 0494, Conta 4688-1, Operação 13) visando à arrecadação de fundos, e uma reunião coordenada pelo então secretário de Gestão da Prefeitura de Passo Fundo, Diorges Oliveira, com os secretários, na época, de Educação, Edemilson Brandão, e de Cultura, Pedro Almeida (atual prefeito), apoiados pela presidente da Academia Passo-Fundense de Letras, Dilse Corteze, resultou no encaixe da família em um programa de assistência social e a perspectiva de que um espaço físico de uma escola municipal na região seria ampliado para abrigar a biblioteca e um museu para preservar a memória do Chicão. Lamentavelmente, a ideia não prosperou e, em reportagem veiculada na edição de 29 de abril de 2022, O NACIONAL dava destaque que, da singular Biblioteca do Chicão, de 12 mil volumes, restaram cerca de 30 exemplares sob a guarda da filha Luciana Souza.

Quanto ao professor A. F., conheci-o por acaso no corredor de um supermercado local.

Ele se apresentou e disse que era o professor A. F. O nome soou familiar e eu perguntei: O Sr. não é o autor do livro “O Gaúcho dos Campos de Campos de Cima da Serra”. Ele disse sim, e eu informei que um exemplar desse livro, que ele havia dado ao sobrinho G. F., que fora meu colega na Escola Técnica de Agricultura de Viamão, em 1975, havia me acompanhado, não sei como, desde aquela época, tendo-o trazido a Passo Fundo e que, pelo assunto, esse fora incorporado ao acervo do Dr. Pedro Ari Veríssimo da Fonseca.

Ele ficou feliz em saber e me contou orgulhoso do sobrinho G. F., que havia virado empresário bem-sucedido na Serra Gaúcha, e que ele, professor A. F., vivia em Passo Fundo, onde o filho médico exercia a profissão. Até que, um dia, em O NACIONAL, vi o convite para uma missa em memória do professor A. F..

Havia passado pouco mais de um mês, chamou a minha atenção alguns livros sobre a mureta na frente de um prédio na Rua XV de Novembro. Olhei e segui o meu caminho. Duas semanas mais tarde, quando eu me dirigia, antes das 7h, para um exame no HSVP, na frente do mesmo prédio, junto aos containers de lixo, havia uma caixa de papelão cheia de livros. Por um lado, eu me aproximava e, pelo outro, um papeleiro e a sua gaiota. O papeleiro chegou antes. Pegou a caixa e despejou os livros na gaiota. Eu pedi para olhar.

O papeleiro foi gentil e começou a mostrar os livros. Acabei, por módicos R$ 20,00, levando três exemplares: Os Donos do Poder, do Raymundo Faoro, de 1958; Compendio de História do Rio Grande do Sul, do Amyr Borges Fortes, de 1968; e História Geral do Rio Grande do Sul – 1503 – 1957, de Arthur Ferreira Filho, também de 1958. Os demais seguiram o seu destino na gaiota do papeleiro. Abro os livros e vem a confirmação: nos exemplares constava o nome A. F.

Quase uma década depois, o Grupo Ritornelo de Teatro, revive a história e presta reverência à memória de Valdelírio Nunes de Souza, encenando o espetáculo “Chicão: O Pescador de Livros. Chicão e o seu amor pelos livros fez, como poucos, justiça ao nosso título de Capital Nacional da Literatura.

No espetáculo “Chicão, o Pescador de Livros”, os atores Miraldi Junior e Guto Pasini, apresentam uma grande história, talvez nunca antes contada. Como alquimistas, retirando pedaços e costurando os retalhos se transformam em recicladores de histórias e de grandes clássicos da literatura, recriam a jornada épica e torta de Valdelírio Nunes de Souza, o Seu Chicão. Venha viver essa experiência e descobrir como os livros podem mudar destinos! Siga o grupo Ritornelo de Teatro nas redes sociais: https://www.facebook.com/Ritornelo / https://www.instagram.com/gruporitornelo/

Fotos da matéria: Diogo Zanatta.

Autor: Gilberto Cunha. Também escreveu e publicou no site “O cemitério das almas fracassadas”: www.neipies.com/o-cemiterio-das-almas-fracassadas/

Edição: A. R.

Tu me encherás de alegria na tua presença

Peçamos ao Senhor que este breve tempo que se abre entre a páscoa do Papa e a escolha do novo sucessor de Pedro seja um tempo de discernimento, um conclave orante e confiante.

Esta declaração confiante que lemos na manhã desta última segunda-feira (21/04/2025) brota dos lábios de Pedro na manhã de pentecostes. Pedro coloca estas palavras do Salmo 16 (15) na boca de Jesus, como se fosse o sentimento de Jesus frente à sua paixão e morte. “Meu coração se alegra e minhas entranhas exultam, e minha carne repousa em segurança. Porque não me abandonas no túmulo, nem deixarás o teu fiel ver a sepultura. Tu me ensinarás o caminho da vida, cheio de alegria em tua presença” (v. 9-11).

Quando escutávamos Jesus ressuscitado pedindo que não tenhamos medo e anunciemos com alegria que Ele vive e nos espera nos caminhos periféricos da Galileia, ficamos sabendo que o nosso querido Papa Francisco havia feito sua Páscoa definitiva quando no Brasil ainda era madrugada. Depois de expressar ainda ontem seus votos de uma Páscoa feliz, seu corpo e seu espírito repousaram tranquilos, porque aquele que o olhou com misericórdia e o chamou, não deixaria seu corpo entregue à morte.

A notícia não nos surpreende, pois Francisco já completara 88 anos, e, embora fosse vitalício no ministério petrino, não era imortal, como nenhum ser humano o é.

A notícia também não nos entristece, porque uma vida tão honrada, tão bela, tão corajosa, tão sinodalmente cristã não deve deixar tristeza, mas gratidão. A notícia nos estimula a viver confiando-nos uns aos outros, sonhando e construindo uma Igreja em saída, sinodal e samaritana, com as marcas do Irmão e Peregrino, Crucificado e Ressuscitado.

Tenho ainda viva na lembrança aquela tarde fria chuvosa de março de 2013, quando a tradicional fumaça branca anunciava que a assembleia dos cardeais havia escolhido o Bispo de Roma, aquele que presidiria a Igreja na Caridade. Tremi de receio quando anunciaram o nome de Jorge Mário Bergólio, mas chorei de alegria quando deram a conhecer o nome que ele escolhera. Ninguém ousaria ostentar o nome de Francisco, o profeta revolucionário pela força da pobreza, sem assumir a sua preciosa herança.

E, desde então, foram treze anos de comoventes e sucessivas surpresas de Deus. A liberdade, a alegria e a ousadia profética, todas recheadas de gestos profundos e eloquentes que só podem nascer de uma existência radicalmente livre, marcaram e provocaram a Igreja. Seus pronunciamentos corajosos e as atitudes com as quais demonstrou que, diante da opressão, do sofrimento e das injustiças o Papa “tem lado” causaram calafrios em alguns cristãos e cidadãos, mas esperança em muitos outros.

É possível que sua páscoa traga um alívio pouco evangélico a quem desejou que o Papa renunciasse e torceu morbidamente pela sua morte. E eu digo que, de fato, Francisco renunciou! Renunciou à ostentação mundana, ao cômodo isolamento palaciano, ao farisaico distanciamento da vida concreta, à cínica indiferença frente aos dramas humanos e sociais, à estéril pureza das mãos que fogem ao serviço solidário, ao encastelamento em doutrinas abstratas e genéricas… Mas o Papa não renunciou a um ministério vazado no Evangelho de Jesus, a uma vida honradamente humana, capaz de mergulhar na vulnerabilidade e exercitar a solidariedade e a acolhida.

Peçamos ao Senhor que este breve tempo que se abre entre a páscoa do Papa e a escolha do novo sucessor de Pedro seja um tempo de discernimento, um conclave orante e confiante. Mas que seja também um tempo sem chaves nem muros, sem competições e sem medo de escutar o que o Espírito à Igreja, em vista de escolher um homem que, acolhendo a herança de Francisco e dos últimos papas, nos mantenha criativamente fiéis ao Evangelho da alegria e do serviço.

 “Desarmar o coração é um gesto que compromete a todos, do primeiro ao último, do pequeno ao grande, do rico ao pobre. Por vezes, é suficiente algo simples como um sorriso, um gesto de amizade, um olhar fraterno, uma escuta sincera, um serviço gratuito”, pois a paz não nasce dos acordos selados nos escritórios”. (Papa Francisco)

Leia mais: www.neipies.com/desarmar-o-coracao-e-reconstruir-a-paz/

Autor: + Itacir Brassiani msf. Bispo de Santa Cruz do Sul. Também escreveu e publicou no site “Desarmar o coração e reconstruir a paz”: www.neipies.com/desarmar-o-coracao-e-reconstruir-a-paz/

Edição: A. R.

O castelo de cartas marcadas da educação

A prova não é um instrumento de justiça, mas um mecanismo de exclusão. Reforça desigualdades, perpetua privilégios e transforma a educação num castelo de cartas marcadas — cujo desfecho, qualquer um com um mínimo de lucidez é capaz de antecipar.

“Prova”. Essa palavra tem rondado meus pensamentos nas últimas semanas. Visualizo-a como uma placa de néon pulsante, anunciando que algo está fora do lugar. Prova para quê? Para quem? Provar o quê — e por quê?

Sou professor de Filosofia. Desde que entrei para o ensino público, lecionando nos anos finais do fundamental, nunca apliquei provas. Minhas avaliações eram feitas por meio de resumos no caderno e outras atividades escritas, que os alunos podiam realizar ao longo de um mês, com tempo para pesquisar e refletir.

Era uma logística complicada — afinal, temos apenas uma aula semanal —, mas funcionava. Ao corrigir os trabalhos, aproveitava para revisar os cadernos como um todo, observando o envolvimento real de cada estudante com os conteúdos.

Este ano, decidi experimentar o formato tradicional. Organizei tudo: quatro aulas de conteúdo, uma de prova e, depois, um período livre como recompensa.

Parecia simples. Mas a vida, como sempre, detesta planos meticulosos — e logo comecei a me incomodar. Em vários sentidos.

O primeiro incômodo veio da previsibilidade. Antes mesmo de aplicar as provas, eu já sabia quem se sairia bem. Cartas marcadas. Consegui até prever, com certa precisão, a nota de cada um dos bons alunos.

O segundo desconforto surgiu mais sutilmente, mas logo se tornou claro: a prova não ensina nada. Serve apenas para confirmar o que já sabemos sobre os estudantes. Não acrescenta desafios aos mais preparados nem oferece oportunidade de avanço aos que mais precisam.

O terceiro problema é prático. Com uma aula por semana, a aplicação de provas é inviável. Façamos as contas: 28 turmas, 22 alunos em cada, totalizando 616 provas. Quem corrige tudo isso? E, mesmo que o tempo exista, vale o esforço? Francamente, duvido.

No fim, confirmei aquilo que já intuía: provas não valem a pena. Mas precisava sentir na pele. Sou do tipo que prefere a experiência direta, tirar minhas próprias conclusões.

Aqueles que ainda defendem a ideia de que a prova é um retrato fiel da capacidade dos alunos ignoram — ou fingem ignorar — as brutais desigualdades sociais do Brasil. Não estamos no mesmo ponto de partida. Enquanto alguns navegam em barcos confortáveis, a maioria segue a nado, lutando contra a corrente.

Nesse cenário, a prova não é um instrumento de justiça, mas um mecanismo de exclusão. Reforça desigualdades, perpetua privilégios e transforma a educação num castelo de cartas marcadas — cujo desfecho, qualquer um com um mínimo de lucidez é capaz de antecipar.

Autor: Aleixo da Rosa. Também escreveu e publicou no site “Um professor fracassado”: www.neipies.com/um-professor-fracassado/

Edição: A. R.

A lógica excesso-pobreza e a formação docente

O excesso de controle, de burocratização, de autoritarismo, de instrumentalização, de acusações, de soluções midiáticas, de produtividade, assim como a pobreza das práticas, das políticas educativas, dos programas de formação de professores, das práticas pedagógicas, das práticas associativas docentes, das práticas solidárias e colaborativas produzem formas de barbárie e processos de barbarização que contaminam os tempos e espaços escolares e os próprios sujeitos envolvidos.

Reli recentemente um artigo publicado há mais de um quarto de século do professor e pesquisador português António Nóvoa (1999), intitulado “Os professores na virada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas”.

Suas reflexões são assertivas na denúncia da “lógica excesso-pobreza”: de um lado o excesso dos discursos, da retórica política, das linguagens dos especialistas, do discurso científico-educacional, das “vozes” dos professores; do outro lado, está a pobreza das práticas, das políticas educativas, dos programas de formação de professores, das práticas pedagógicas, das práticas associativas docentes.

Interessante notar que o excesso se dá no âmbito das palavras, na multiplicação de discursos, no exagero da retórica, na infinidade dos que falam em nome dos professores; a pobreza, por sua vez, apresenta-se no âmbito da prática, na efetivação das políticas educativas, na execução de programas de formação de professores bem planejados e condizentes com a realidade, no fazer das práticas pedagógicas e na capacidade de mobilizar práticas associativas entre os docentes.

O dito popular “falar é fácil, fazer é mais difícil e complicado” traduz, de certa forma, essa lógica excesso-pobreza”.

Não se trata aqui de dizer que há uma oposição entre “discursos” e práticas”, ou de que um nega completamente o outro, ou ainda, que só deveria ter “práticas” e que estas seriam melhores sem os “discursos”.

Conforme argumenta Nóvoa (1999, p.13), os “discursos induzem comportamento e prescrevem atitudes razoáveis e correctas” bem como “constroem uma ideia da profissão docente que, muitas vezes, não corresponde à intencionalidade declarada”. Assim, presencia-se o excesso de retórica política em prol da importância dos professores para promover o civismo e a formação dos profissionais para mercado de trabalho, ao mesmo tempo que as condições de trabalho de remuneração desses mesmos professores são cada vez mais precarizadas.

A pobreza das políticas educativas se faz sentir todos os dias, não só nas condições de trabalho e na péssima remuneração, mas também na forma como são frequentemente atacados os professores como sendo mal formados, medíocres ou ideologicamente doutrinadores.

Instaura-se um círculo vicioso de forma que os cursos de formação inicial de professores (licenciaturas) não se tornam mais atrativos para jovens que tem um bom desempenho escolar. Estes escolhem outras profissões mais rentáveis e com maior status social. Por consequência, os poucos alunos que ainda optam pelos cursos de licenciatura, além de possuírem profundas e visíveis lacunas em sua formação de educação básica, estão sobrecarregados por uma longa e mal remunerada jornada de trabalho fazendo com que muitos deles desistam de seus cursos ou, quando conseguem chegar até a formatura, carregam consigo a marca de uma precária formação.

A fragilidade decorrente do círculo vicioso da formação produzida nas instituições universitárias, contraposta às exigências de que a educação tem de preparar profissionais de alto performance para o mercado de trabalho abre espaço para o excesso dos discursos dos especialistas ligados aos organismos internacionais que passam a semear soluções prospectivas mágicas com linguagens sedutoras.

“Sociedade educativa”, “sociedade aprendente”, “sociedade do conhecimento”, “sociedade da inovação”, “sociedade criativa”, “educação tecnológica”, “aprendizagem baseada em problemas” são algumas das promessas que se fazem presentes nos documentos destes organismos e que inflacionam seu papel de protagonistas para induzir ou ditar as agendas das políticas educacionais.

Embora tais documentos explicitem a “centralidade dos professores” dizendo que é necessário “trazer outra vez os professores no centro dos processos sociais ou econômicos”; “os professores têm de voltar para o centro das estratégias culturais”, “os professores são os profissionais mais relevantes na construção da sociedade do futuro”, “os professores estão no coração das mudanças” (OCDE,1998), são especialistas, a maioria dos quais não possui formação em educação, que ditam como devem ser esses professores, como deve ser sua formação e quais deverão ser suas características.

Na prescrição de tais especialistas, a educação tem de estar centrada em “sistemas rigorosos de avaliação” (“acreditação” é o nome utilizado nos documentos) a fim de garantir a qualidade educativa. Assim, denuncia Nóvoa (1999, p.14), “consolida-se um ‘mercado da formação’, ao mesmo tempo que se vai perdendo o sentido da reflexão experiencial e da partilha de saberes profissionais”. A formação tornou-se negócio para enriquecer grupos econômicos que usam a formação (treinamento) de professores uma forma de ganhar muito dinheiro, inclusive com recursos públicos.

A lógica excesso-pobreza também tem sua materialidade na tensão entre pesquisadores e professores na educação básica.

O crescimento da pós-graduação no Brasil nas últimas duas décadas, impulsionadas pelas políticas governamentais implantadas, de modo especial pela Capes, fez com que milhares de investigadores na área da educação passassem a produzir uma quantidade expressiva de dissertações, teses, artigos, coletâneas e trabalhos científicos apresentados em dezenas de eventos altamente reconhecidos pela comunidade científica. São pesquisas que problematizam temáticas recorrentes no campo da formação de professores e que certamente poderiam trazer diversas contribuições para o campo das práticas. No entanto, aqui também se faz presente os “excessos” e as “pobrezas”.

Excesso de produtividade dos pesquisadores destinada a dar conta das exigências de avaliação da Capes; pobreza na apropriação desta produção por parte dos professores que estão no cotidiano das escolas públicas da educação básica que se veem cada vez mais atarefados, sem tempo para estudar e refletir sobre suas práticas; excessos de “responsabilização” dos professores pelo péssimo desempenho dos alunos; pobreza nos investimentos públicos para a formação de professores das escolas públicas; excessos de “mal-estar” docente que se sente “refém da má qualidade de ensino que ele próprio recebeu” (Zagury, 2006); pobreza na forma simplificada como os mercenários da educação apresentam as soluções para enfrentar a formação de professores; excessos de individualismo e competição; pobreza de práticas solidárias e cooperativas de estudo e de planejamento; excessos de plataformas digitais e soluções midiáticas; pobreza de estudos coletivos e interações coma comunidade escolar.

No fio argumentativo deste texto, acompanhando os passos de Nóvoa (1999), é possível dizer que tanto o excesso de controle, de burocratização, de autoritarismo, de instrumentalização, de acusações, de soluções midiáticas, de produtividade, assim como a pobreza das práticas, das políticas educativas, dos programas de formação de professores, das práticas pedagógicas, das práticas associativas docentes, das práticas solidárias e colaborativas produzem certas formas de barbárie e processos de barbarização que contaminam os tempos e espaços escolares e os próprios sujeitos envolvidos.

Para além de encontrar culpados ou de naturalizar as problemáticas complexas do Ensino Superior e da Educação Básica, torna-se importante compreender os processos de contradições que vive o docente universitário e o professor da educação básica na lógica excesso-pobreza dos tempos atuais.

Como o professor percebe estas contradições? De que forma ele pode enfrentá-las? Que estratégias se mostrariam promissoras para contornar ou ultrapassar tais contradições? Existem possibilidades? Tratarei destas questões num próximo escrito.

 
Referências:

NÓVOA, António. O professor na vidada do milênio: do excesso dos discursos à pobreza das práticas. Educação e Pesquisa. São Paulo, v.25, n.1, p.11-20, jan./jun, 1999.

ZAGURY, Tania. O professor refém. 4 ed. Rio de Janeiro: Record, 2006.

Autor: Altair Alberto Fáveroaltairfavero@gmail.com.br Professor e Pesquisador do Mestrado e Doutorado em Educação da UPF. Também escreveu e publicou no site “A formação da autonomia discente e o papel da autoridade docente”: www.neipies.com/a-formacao-da-autonomia-discente-e-o-papel-da-autoridade-docente/

Edição: A. R.

Ignorância e envelhecimento

Geralmente, por perdermos nossa agilidade, entregamos nosso poder. Assim, cada vez mais nossa presença é menos solicitada.

A gente paga o preço da ignorância. Se de repente, ao mexer com o controle do ar, a gente tocar num dos possíveis SINAIS pode aparecer uma indicação dos graus de outros países. A dificuldade está feita. Como fazer? Chamei o técnico e paguei o serviço.  Era somente desligar o aparelho e fazer retornar ao nosso sistema de graduação da temperatura. Paguei o preço de minha ignorância. Assim é na vida: paga-se muito por não saber.

Muito mais se perde por não saber ler, por não saber dirigir, por não saber cozinhar, por não saber lidar com novas tecnologias, como não estar atualizado na recepção de sinais da internet, por não saber lidar com a palavra, por perder a agilidade mental, por ignorar o valor dos outros. Enfim, muito perdemos por desconhecimento ou até por limites de caráter.

Diversos são os caminhos para sanar nossa deficiência. O mais comum na terceira idade é participar de grupos e aí buscar nossas deficiências ou buscar junto aos familiares o auxílio no domínio dos meios para melhorar nosso poder de comunicação. É muito comum perder o poder de comunicação em razão de limites naturais causados pelo avanço da idade e nos acomodamos sem ao menos dar alguns passos ainda que claudicantes. Por outro lado, perdemos até recursos por começarmos a ficar de lado de tudo.

Leia também: www.neipies.com/sobre-o-envelhecer/

Perdemos nosso poder mental ainda mais ao ficarmos de lado do mundo que nos abana e nós aí ficamos perdidos na estrada da vida. Geralmente, por perdermos nossa agilidade, entregamos nosso poder. Assim, cada vez mais nossa presença é menos solicitada. É verdade, muitos idosos têm a sorte de ter filhos pacientes e amigos a ajudar na superação de nossos naturais limites.

O mundo gira cada vez mais com auxílio de novos meios de comunicação e nós, por nossa fragilidade, podemos perder o compasso da vida. Assim, paguei cinquenta pilas por não saber reverter o modo de funcionar o ar condicionado. O técnico veio e, num só movimento, levou meus pilas. Meu ar tem um botão estrangeiro e eu ainda falo português.

Autor: Agostinho Both. Também escreveu e publicou no site crônica “Conflitos e mudanças”: www.neipies.com/conflitos-e-mudancas/

Edição: A. R.

Campinenses na Feira do Livro em Santa Rosa

Devido a singularidade do povo russo, ao chegarem ao Brasil trouxeram consigo não só o trabalho para desbravar estas novas terras, mas sobretudo uma série de novos costumes e tradições que não eram praticados pelos imigrantes da Europa Ocidental ou nesta região até aquele momento. Neste sentido, os imigrantes russos ajudaram a formar e enriquecer o mosaico cultural de nosso Estado.

Do dia 09 de abril até o dia 15 foi realizada em Santa Rosa a 20ª Feira do Livro, que teve como lema: “Ler é uma aventura fantástica”. Neste ano está sendo homenageada a etnia italiana pelos seus 150 anos. O patrono da feira do livro de 2025 é o escritor campinense Jacob Petry, radicado nos Estados Unidos, que esteve presente na abertura do evento literário…

No dia 11 de abril a partir das 19h30, no palco externo foi apresentado um painel a cargo da Academia de Letras do Noroeste do RS – Alenrio, sobre a literatura regional.

Os escritores Jorge da Luz (Três de Maio), Nair Carpenedo (Tucunduva) Roque Weschenfelder (Santa Rosa) e de Campina das Missões, Jacinto Anatólio Zabolotsky, que discorreu sobre o tema: A diversidade das escritas na nossa região Noroeste.

Após apresentar os seus livros, dentre os quais A Imigração Russa no RS e no Brasil (já na 7ª edição, revista e ampliada, com duas edições traduzidas para o idioma russo), abordou sobre a diversidade das etnias que formam(vam) a nossa região, em especial a italiana (a etnia homenageada), alemã (e alemães-russos), afro, russa, polonesa, portuguesa, dentre outras.

Por fim, focou na etnia russa que também alavancou o progresso de Santa Rosa, considerando de que muitos imigrantes russos e descendentes que se mudaram de Campina das Missões se estabeleceram em Santa Rosa, relatando o seu legado de labor e histórico-cultural-religioso.

Tem marcas profundas na comunidade de Santa Rosa, por exemplo o primeiro prédio construído em 1930, que foi do médico Dr. Etiene Miroslav, chamado de Dr. Russo, onde está localizado o prédio de quatro andares, raro na época, que abriga a Câmara de Vereadores de Santa Rosa, até foi descerrada uma placa no hall de entrada em sua homenagem. A Igreja Ortodoxa, situada próximo a estação Rodoviária.

Também citou a presença e a marca forte das tradicionais casas comerciais que fizeram história em Santa Rosa, por exemplo, a renomada Casa Constante, do imigrante Constante Weremchuk, situada na Praça da Independência e após na Praça da Bandeira. A Casa Gaúcha, de Nicolau Budzinky, Gregório Melnik (residia no centro, ao lado do Centro Cívico, onde estava situada a confeitaria da Dona Ella), Móveis Belaus, o saudoso, Dr. Pedro Fiedoruk, o primeiro ecologista de Santa Rosa e região. O alfaiate André Lachnoff, da tesoura de ouro, confeccionou mais de 50 mil ternos. Citou também as famílias tradicionais, tais como: Bondarenco, Droval, Fiedoruk, Kirichenco, Lachno, Leutchuk, Lukianetz, Kalinin, Nikanovitch, Novosad, Naumchyk, Nicolow, Marianoff, Mazurek, Moscalcoff, Martinenco, Maximenco, Mysko, Pereverzieff, Podgaietsky, Tojevitch, Tritiak, Stepanenco, Tchebotaio, dentre outros, que deixam(ram) marcas profundas no seu legado histórico de labor, que ajudaram a mudar, com a força de seu labor, o rosto de Santa Rosa, do RS e do Brasil.  

Leia também: Uma Rússia num quintal do Brasil: www.neipies.com/uma-russia-num-quintal-do-brasil/

Autor: Jacinto Zabolotski. Passará a integrar seleto grupo de “Convidados” do site www.neipies.com

Edição: A. R.

Em tempos brutais, de egoísmos exacerbados, vale considerar a empatia de Jesus?

“Ao saírem, encontraram um cireneu, (1) chamado Simão, a quem obrigaram a carregar-lhe a cruz.

É Páscoa!

Passou rápido, não?

Os shoppings estarão lotados novamente; gente ansiosa por suas compras, correria para todos os tipos de pernas, gastos, consumo…

Provavelmente, muitos dos presentes que damos ou recebemos no ano passado, ainda estão guardados em um canto de nossos armários; não usados. Mas, agora, temos de dar e receber mais.

Os ovos de Páscoa ficaram menores, mais caros, menos saborosos. Seguimos a tradição, ano após ano e sabe-se lá quem inventou tudo isso. Com certeza, a maioria não tem a menor ideia.

A cada ano que nos foge, percebemos que as igrejas estão mais vazias, com exceção de um pedaço de interior que as mantém abertas.  Por outro lado, imaginamos que a fé que se sobressai nesses dias, poderá ser lembrada na casa de cada um: sem igrejas, templos, sem ninguém por perto. Engano!

Percebe-se que quanto maior são os aparatos da Páscoa e quanto mais portentoso é o seu apelo, menos essência encontra-se na comemoração.

Há muito se perdeu o seu sentido real e hoje passamos pela sexta-feira e pelo domingo da ressurreição, com pouca celebração e muito açúcar.  O que seria uma grande oportunidade para chamar à reflexão nesse período, investiu-se em festas aparatosas, ornamentadas, desprovidas de quaisquer sentidos do que ela realmente significa. Trocou-se a dor pungente de um sacrifício verdadeiro, talvez o único que possa ser incontestável, por um festival de guloseimas; são dias de falsos banquetes, exagerados, para tudo ser esquecido; já na segunda.

Uma lástima!

Após a ressureição de Cristo, para os que assim o creem, Jesus apareceu à casa de seus seguidores, e, para provar que realmente era ele, pediu algo para comer.  Deram-lhe peixe assado e um favo de mel. (2)

Há muito se sabe que o mel é um dos alimentos mais alinhados com os tempos bíblicos.  Você pode até permanecer indiferente; mas foi o que Jesus provou. Possivelmente, com suas próprias mãos. Inspirado em suas doces palavras?

Então temos o primeiro constrangimento. Em sua homenagem, neste domingo, poderíamos trocar o almoço fausto por uns pedaços de peixes, uma vez que foi o seu pedido, logo após o retorno do seu sacrifício. Sobremesa: mel.  E pronto!

Mas quem se importa?

Em quase dois mil anos, a humanidade ainda permanece muito parecida com o seu tempo, quando Ele chamou os males do mundo e disse que tomaria para si todas as dores. A indiferença é contagiosa e Jesus a provou várias vezes.

Quanta teimosia por amor ao próximo!

No período em que se passou entre a sua morte e ressurreição, e o tempo que se chama hoje, foram-se quase 20 séculos, para vermos com nossos próprios olhos, como seu discípulo Tomé; a mesma incredulidade, a mesma dureza de coração, quase o mesmo desinteresse. Não gostamos de dividir o que temos, não gostamos dos que não tem, pouco compartilhamos.  Se não mudamos nossa forma egocêntrica de conviver com o próximo, quanto mais morrermos por ele?  Jamais!

Morrer pelos conhecidos é uma tarefa até compreensível.  Mas pelo que não se conhece, impensável.

Foi o que Jesus fez!

Tanto que na promessa de sua execução, deu-se por todos: pelos pescadores que mal compreendiam a sua mensagem, pelos hipócritas de seu tempo e pelos de hoje, por incautos e sonegadores, por pobres e ricos.  Por você e por mim. Quem acredita de verdade?

Ele mesmo falava:  somos uma geração de incrédulos, homens de pequena fé. (3)   Se podemos resumir a mensagem de sua vida e história, e sobre os seus ensinamentos, concluímos que a razão de toda a sua existência se resume numa só palavra:  o outro.

Incomoda muito o seu discurso e o seu exemplo, sobretudo, perturbam algumas Igrejas que dizem segui-lo. Até é insuportável vermos as diferenças em seus seguidores, inseguros, de sua época, mas que mesmo assim o seguiam, com os messias que hoje vemos por toda a parte, gritando e pedindo graças, clamando por presença, por submissão aos seus cultos, e, claro, implorando dinheiro.

Fica constrangedor imaginar a presença de Jesus, em uma provável volta, novamente evidenciando a sua teimosia em querer salvar uma geração, que não se acha perdida.  Se voltar, encontrará pouca fé por aqui. (4)

Pelo menos, que nessas Páscoas confusas, de tantos sabores e de tão pouco sentido, fique claro que ele já se ofereceu por todos: pelos que exploram, ofendem, discriminam, perseguem, e ainda pelos que percebendo a tudo, frente a crueldade de um mundo insensato… Silenciam.

Não se preocupe e não se cobre pelo tamanho de sua fé. Há um sacrifício já foi consumado pelo seu nome.

Jesus, desde sempre, conviveu com a apatia do mundo. Não será a sua ausência que o fará desistir. Até porque, na humilhação e na matança a que foi submetido, sequer os seus discípulos ficaram com ele.

Portanto, ao ouvir falar em empatia, não perca seu tempo procurando exemplos de obras e homens que a ensinam. Pois o maior gesto de empatia que alguém poderia deixar como modelo, Ele nos deixou.

Ahh!

Em se tratando de empatia, lembre-se que na madrugada deste domingo, há dois mil anos, ou aproximados, ao ressurgir dentre os mortos na porta do seu túmulo, poucos o procuraram.  Talvez até estivesse um pouquinho frio ou nublado, mas ali estavam:  Maria Madalena e a outra Maria. (5) Somente para lembrar, que é com empatia que se planta mais empatia.

Não precisamos de mais nada!

Neste e em todos os domingos, coloque-se no seu lugar e considere o seu gesto. Nem precisa acreditar, mas dê uma chance ao seu ego, por um domingo apenas, siga-o, pondo-se no lugar que quem você julga e precisa do seu perdão. A Páscoa tem muito a nos dizer sobre o outro, em aceitá-lo, e, como Simão o fez, carregar um pouco a sua cruz.

Se possível, feliz Páscoa!

Referências:

  • Habitante de Cirene (África).
  • Lucas 24:42
  • Mateus, 8:26
  • Lucas 18:8
  • Mateus 28:1

Autor: Nelceu A. Zanatta. Também escreveu e publicou no site “O dia em que Deus se arrependeu de nós”: www.neipies.com/o-dia-em-que-deus-se-arrependeu-de-nos-sera-que-somos-o-erro-de-deus/

Edição: A. R.

Humanistas, tremei! O caso Ric Jones

O Poder Judiciário tem a obrigação de rever os atos emanados de seu poder e por isso estamos levando ao conhecimento público o apelo que é feito em nome de Ricardo e Neusa Jones.

Conheço Ricardo e Neusa Jones desde quando eles eram jovenzinhos, cheios de ideais e de planos para o futuro. Viveram sua juventude em busca do conhecimento, estudaram, casaram-se, constituíram família. Ele médico obstetra; ela enfermeira obstetra.

Poderiam ter escolhido uma vida de fausto, riqueza e conforto; optaram por uma vida simples, naturalistas na essência, transmitindo a ideia a seus descendentes, embora causassem espanto geral pela opção feita a favor do humanismo ao invés da associação ao vil metal, escravizando-se na busca pelo dinheiro e amarrando-se às convenções rígidas que não abrem espaço para quem pensa e age diferentemente…

Pessoas honestas, éticas, humanitárias, solidárias com as dores alheias, educadores…

Conheça também bela crônica de Ricardo Herbert Jones: www.neipies.com/genios-e-medicos/

Trilharam seu próprio caminho, abriram portas, transmitiram conhecimentos e “nadaram contra a maré” …

Ao tomar conhecimento do epílogo de suas vidas não pude deixar de relacioná-las com o que aconteceu com o Dr. Luiz Francisco Corrêa Barbosa, afastado da magistratura por ter “transgredido convenções” e enfrentado o Sistema…

(https://blogdopolibiobraga.blogspot.com/2019/09/o-juiz-que-deu-voz-de-prisao-ao-chefe.html)

Ricardo e Neusa foram condenados por praticarem uma obstetrícia ética, baseada em ciência e respeito às mulheres. Foram punidos “não por erro ou negligência, mas por representarem um modelo de cuidado que valoriza a autonomia feminina”.

Nos meus já extensos anos de vida tenho visto notícias, em órgãos de comunicação social, sobre procedimentos médicos, em ambientes hospitalares ou em suas clínicas particulares, onde a ética nem sempre é respeitada e nunca vi punições com a extrema severidade com que vejo a condenação de Ricardo e Neusa, aqui no Rio Grande do Sul.

Convivi, inclusive, com um caso de pessoa íntima de nossa família que fez uma cirurgia nasal, num hospital; entrou sorrindo e saiu morta: acidentes acontecem… Ninguém foi sequer investigado!

Ao Judiciário chegam as demandas para serem julgadas pela letra fria da lei; passam antes, nos casos penais, pelas mãos da Polícia e do Ministério Público, local onde deveriam ser observadas com critérios todas as evidências. Nem sempre isso acontece. Processos mal instruídos, muitas vezes baseados em convicções pessoais ou de órgãos de classe, acabam jogando a responsabilidade pelo julgamento ao Poder Judiciário.

O Poder Judiciário tem a obrigação de rever os atos emanados de seu poder e por isso estamos levando ao conhecimento público o apelo que é feito em nome de Ricardo e Neusa Jones.

Anexo os links seguintes para um conhecimento do que se está tratando.

PETIÇÃO ON LINE https://chng.it/HXX9GrRLjk

http://instagram.com/freericjones

Na foto, Ricardo e Neusa Jones.

Autor: Silvio Luiz de Oliveira – OAB RS 36217

Edição: A. R.

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