Assim como a agricultura ligada aos interesses
do grande capital ocupou espaços robustos dentro dos legislativos,
os empresários e/ou artistas ligados a música comercial também estão de olho.

 

O espaço dedicado a “que culpa tem eu” de Deivinho Novaes e a “largado às traças” da dupla  Zé Neto e Cristiano Acústico diminuiu, quem está pagando para subir no gosto da preferência popular é “Novinha Pode Pá” do Igor Kannário, também vereador em Salvador (BA).

Como também sou pop, embora não seja agro, particularmente gostei da batida e da melodia da música, porém a letra tem um refrão que “pelo amor”. “Eu te agarrei novinha pode pá, e te beijei novinha pode pá. Te conquistei novinha, novinha, novinha.

No mais, fica a dica para a leitura do texto que publiquei sobre essa história de uma música pagar para conseguir subir, algumas não apenas nas paradas de sucesso, mas associadas também ao interesse mercadológico de fazer subir o consumo de álcool e drogas, além da frequência aos motéis, em detrimento da subida da leitura de livros, frequência a teatro, da subida no voto em candidatos comprometidos com um Brasil que pode pá, deixar de descer ladeira abaixo.

O fato de ouvir as duas músicas sempre neste horário, é parte daquilo que conhecemos como “jabá”, que é justamente a cobrança de dinheiro para tocar as músicas citadas, entre outras, o que coloca a música tocada no rádio, em uma situação semelhante a propaganda do sabonete, do refrigerante ou do biscoito.

Como a culpa é de quem ouve rádio?

Lembrando, quase tudo feito com moderação não agride e nem ofende. Embora certos tipos de drogas nem seja bom experimentar. Fico mesmo, com o veneno na mesa da maioria dos alimentos fornecidos pelo agronegócio, com os hamburgueres do McDonald’s, com a Coca-Cola e com as cervejas feitas com milho transgênico produzidas pela AMBEV, também financiadora do golpe de 2016.

Assim como a agricultura ligada aos interesses do grande capital ocupou espaços robustos dentro dos legislativos, os empresários e/ou artistas ligados a música comercial também estão de olho.

Lembrando, não trato aqui de ser contra as músicas mais “comerciais” pura e simplesmente, até porque gosto da sonoridade de “novinha pode pá”, o que discuto aqui são as relações do poder político com o poder econômico.

No campo da produção cultural e da comunicação,  além da pobreza das letras e melodias,  de dois ou três acordes fáceis comuns e repetitivos, feito à medida para uma população que em sua maioria, não dispõe de uma educação de qualidade, a despeito do esforço dos bons professores, técnicos e gestores, e nem do acesso ao biscoito fino da cultura produzido no Brasil e no mundo, incluindo o que vem debaixo, do barro  do chão, como bem definido por Gilberto Gil.

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