Taxação dos livros?

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O acesso pleno à leitura é condição fundamental
para a capacitação cultural  e acadêmica  das presentes 
e futuras  gerações, sem o que este desafio torna-se
inviável  em um país  como  o nosso  com
terríveis problemas  na área  educacional.


Desde a posse de Bolsonaro, o retrocesso civilizatório é assustador notadamente no campo da  cultura. O ataque se dá em várias frentes. Agora, por exemplo, o governo acena em taxar a venda  de  livros  com uma tributação  de  12%  e  com  um programa  de doação de  obras.

Segundo o ministro Guedes “livros são artigos para a  elite”  e que o governos  os  dará  de  graça  aos pobres.

A União Brasileira de Escritores deixou claro que  este  pensamento  retrógrado nos faz lembrar  a prática  de regimes nocivos  que  a humanidade  conheceu, que não hesitaram  em queimar milhares  de  volumes  e  impor os que interessavam  à  sua ideologia.

Meus assustados  botões  indagaram:  ler o que se quer  não é uma prerrogativa  de  cada  cidadão?  Com a doação, os  cidadãos de  baixa  renda   ficarão sem a opção de escolher  o que querem ler? Obviamente, a doação pelo poder público  significará  instrumentalizar  os  conteúdos  conforme  a orientação  político-ideológica  do  governo de plantão. Corremos o risco de  ter, em  pleno século XXI,  o Index de  volta, o que  seria  um despautério.

Ora, são apenas livros  com  “um amontoado de montão de palavras,” na lúcida  definição  do ocupante  do Palácio do Planalto,  que  vê livros como  inimigos.

Ao contrário do que pensa o Presidente, livros são parte fundamental na formação de qualquer indivíduo. Eles ajudam as pessoas a entender  seu tempo  e tenham  seu espaço na sociedade, questionando-se e observando a  si mesmos  de  forma  crítica.

O acesso pleno à leitura é condição fundamental  para  a capacitação cultural  e  acadêmica  das presentes  e futuras  gerações, sem o que este  desafio  torna-se inviável  em um país  como  o nosso  com terríveis problemas  na área  educacional.

O Estado como afirma  a  UBE “tem  o dever  de prover  obras didáticas  para os  alunos  de escolas  públicas, desde que selecionadas,  de  modo democrático  e autônomo, por  colegiados  de professores, como vem sendo feito  com sucesso  no Brasil  há muitos  anos,  graças  ao Programa  Nacional  do Livro Didático”.

Aliás, a cultura via livros didáticos, também não escapou do obscurantismo  bolsonarista, que determinou  a redução do tamanho dos mesmos. Livros para os alunos e o material de apoio aos professores  afinaram. Perde-se, obviamente, muito da base científica e pedagógica  para preparar  as aulas.

Vale  a pena  lembrar  que  a Constituição  estabelece  ser  vetada  à  União, Distrito Federal, estado  e municípios, a instituição de qualquer  imposto sobre  livro, jornais, periódicos  e o papel  destinado à sua  impressão.

A Carta reconhece que  a leitura  é  instrumento  fundamental  de  educação,  liberdade, igualdade  de oportunidades, democracia e justiça social.   O mesmo, ao que parece, não   tem ressonância no atual governo.

O curioso é que enquanto  livros  são taxados, iates, jet  skys  e helicópteros  continuam isentos  de  taxação. E  daí?

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