Sobre meninos e sobre Lobas

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Atrás das telas de celulares é fácil de
nos julgarmos sem o olho no olho,
mas quando a quarentena da loba
acabar e o corpo a corpo voltar,
como serão as atitudes dos guris?


Nesta última segunda, decidimos que seria a última vez que seríamos as segundas. A partir de agora, seremos primeiras, pioneiras, o que quisermos e pudermos ser.

Na semana em que comemoramos o dia da Educação no Brasil e o dia Nacional da Mulher, lembramos, refletimos e discutimos sobre o ser humano Mulher. Que pode ser visto e descrito sobre vários aspectos: físico, psíquico, social, emocional, religioso…

Pelo viés religioso (cristão), feita da costela, do lado para ser igual, nem inferior nem superior, depois dando seu SIM, mais tarde como bruxas, nas fogueiras, até chegar as sufragistas, relatos das tão temidas aulas de história na atualidade.

Como podem perceber, a sociedade muda de acordo com as voltas que a terra, que não é plana, dá, e com o acesso à educação e a informação. Que muitas vezes não chega, não basta, pois nós mulheres temos maior escolaridade e menor reconhecimento.

Vivemos em um mundo heterogêneo em sua composição, mas que deve ser homogêneo na representatividade de ideias, divergindo no mesmo campo e proporcionando mais que igualdade: a justiça social.

Somos Anas, Bárbaras, Marias, Rosas, muitas vezes vistas apenas como números nas estatísticas, cálculos, dados, medidas. Somos 51% da população.

Esta nova geração de mulheres precisa ser levada a sério, porque vamos nos multiplicar, apoiar, fortalecer, não vamos nos calar.

Podemos continuar criando nossos filhos, cozinhando, trabalhando fora e até passando pano, mas não para o machismo ou a desigualdade de gêneros ou desigualdades sociais. Mulheres dedicam mais tempo aos afazeres domésticos e tem apenas cerca de 10% de representatividade política e 37% de cargos gerenciais e ainda assim, com todo o possível fardo, vivem mais do que os homens.



Música que fala de meninos, com respeito às mulheres.



Meninos podem vestir azul, rosa, verde, a cor que quiser, mas podem e devem também vestir a camisa da defesa e proteção das mulheres, conforme a ONU recomenda através de campanhas como “Eles por elas”, para diminuir as desigualdades. Dados apontam que no Brasil, uma em cada quatro mulheres sofre algum tipo de violência e que aqui em nosso país não há lugar totalmente seguro, às mulheres negras e pobres então…

As primeiras a serem julgadas e condenadas à fogueira ou ao fogo: as mulheres, mas como quem tem poder (a caneta na mão) não é mulher, não se importam. Depois vem os negros, os indígenas, jovens e idosos e todas as outras pautas e causas, mas como ninguém se importa, como ninguém toma parte…

E ainda assim, mais de 5 milhões e meio de filhos não tem o registro paterno.

Podemos nós mesmas nos descrever ou escrever sobre nós, como quisermos, mas enquanto a mentalidade não mudar, talvez isso pouco importe, pois cada um poderá nos enxergar como quiser: a defensora, a novata, a estressada, a sabida, uma deusa, uma louca, uma feiticeira…

Atrás das telas de celulares é fácil de nos julgarmos sem o olho no olho, mas quando a quarentena da loba acabar e o corpo a corpo voltar, como serão as atitudes dos guris? Seremos mais positivas e menos apontadas como setas. Porque garotos perto de uma Mulher, são só garotos!



“Brincar é coisa séria! As brincadeiras consistem numa representação e experimentação da vida adulta e no momento que limitamos a criança a determinados brinquedos fazendo diferenciação de acordo com seu gênero, nas entrelinhas estamos limitando suas perspectivas de futuro em carreiras pré-estabelecidas e minando talentos que fogem do padrão “de menino” e “de menina”. (Ingra Costa e Silva)

Autora: Ana Paula de Oliveira Spannenberg





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Sugestões para uma prática pedagógica

Esta atividade pode ser aplicada a estudantes do oitavo ano, disciplina Filosofia, Unidade temática Ética, Objeto de Conhecimento Refletindo sobre “Temas éticos e morais”, Habilidade: Refletir filosoficamente algumas situações morais e éticas presentes nas relações do homem em sociedade, para melhor pensar e criar saídas para os problemas cotidianos”.

Esta atividade também pode ser aplicada a estudantes do Ensino Médio.

Questões que fazem pensar: (elaboradas pelo professor Nei Alberto Pies)

  • O que a autora deste texto quer destacar sobre a mulher na sociedade?
  • O que é mesmo a Campanha da ONU “Eles por elas”? (pesquisar vídeos e matérias e trazer resumo para próxima aula)
  • Violência contra a mulher: a) Por que as mulheres ainda sofrem tanto com a violência doméstica? b) Você conhece os dados da violência contra a mulher no Brasil, no RS e na sua cidade? (pesquisar na internet)

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