Senhores pais ou responsáveis…

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Se cada um de nós assumir nossa parcela de responsabilidade na educação das futuras gerações, realmente construiremos uma sociedade mais justa e solidária, bem como contribuiremos para fazer de nosso planeta um lugar equilibrado e sustentável.

Senhores pais ou responsáveis … é título de tradicional bilhete que nós professores mandamos para os pais (ou responsáveis) na tentativa de unir forças na resolução de problemas cotidianos de ensino-aprendizagem ou para a correção de comportamento e indisciplina.

Entretanto, a participação dos pais na escola vem decrescendo com o passar dos anos, fato esse, que preocupa-nos enquanto educadores. Muitos falam em desestrutura familiar e social outros ainda dizem que passamos por um período de instabilidade pós-moderna.

Enquanto educadores, quem algum dia não foi (ou ainda será) surpreendido com as seguintes reconceituações do conceito de família: “a namorada do meu pai é dois anos mais velha que eu e tá esperando nenê” ou “moro com meu avô porque o namorado da minha mãe bebe e pode me bater”. Pode se listar ainda afirmações como “meu pai não paga pensão porque ele tem mais filhos e tá desempregado” ou “prô acho que a minha menstruação tá atrasada, é verdade que existe um chazinho pra fazer descer?”

Nesse novo contexto, precisamos re-avaliar nossas atitudes e estratégias enquanto educadores para trazer a família de volta na escola. A família de hoje, de qualquer maneira que se entenda: a mãe ou o pai solteiro, pais casados, biológicos, de coração, avós, irmãos, tios… enfim os responsáveis!



Sueli Ghelen Frosi, da Escola de Pais do Brasil afirma que pais e mães sempre são educadores e que devem ser parceiros da escola, para a humanização dos filhos. Os filhos são educados pela linguagem, pelas emoções, pelo respeito e pelos exemplos.



Projetos comunitários parecem ser mais atrativos que as tradicionais reuniões de pais e devemos usar a oportunidade para enfatizar o quanto a família é importante no desenvolvimento das crianças e adolescentes, principalmente porque os mesmos tendem a refletir a realidade na qual estão inseridos.

Através de uma atividade com a família, deve-se aproveitar a oportunidade para frisar que a educação pode se dar de três maneiras: formal (nas instituições oficiais, como por exemplo, na escola), não-formal (através da socialização com a família, comunidade e sociedade) e informal (informação recebida através dos meios de comunicação, como por exemplo, programas de rádio e TV).

Nesse sentido, mesmo que a escola através de seus professores e gestores façam tudo que está ao seu alcance, isso representará apenas um terço da educação do aluno. O apoio da família no processo de ensino-aprendizagem é fundamental. Por exemplo, toda vez que eu pronunciava uma palavra errada em quanto criança, o responsável ao meu redor a corrigia.

Sabemos que é uma tendência dos pais se equiparar ao nível de desenvolvimento dos filhos. Assim, quando a criança diz “cuco” ao invés de suco, os pais numa tentativa de atingir a linguagem da criança acabam por oferecer “cuco” a criança, sem pensar nas consequências que isso poderia acarretar no desenvolvimento cognitivo. Quando a criança deixa a família para entrar na escola e diz “cuco” para seus colegas, pode ser que seja exposta à uma situação negativa de aprendizado.

Ao longo da vida escolar do aluno, o ideal é que os pais continuem acompanhando seus filhos, olhando os cadernos e temas de casa. Alguns pais se intimidam nessa trajetória, dizendo que não podem fazer nada pois não aprenderem esse conteúdo. Um outro extremo nessa questão, refere-se geralmente a mãe que acaba por “fazer”as tarefas da criança numa tentativa de ajudá-la.

Nenhum desses extremos acaba por realmente ajudar a criança em seu desenvolvimento. Os pais ou responsáveis não necessitam saber o conteúdo para fazer com que a criança aprenda. O que realmente importa é que a criança sinta a presença e acompanhamento dos pais, ou seja, sinta-se valorizada.

Essa conexão se transfere ao longo da vida, fortalecendo os laços afetivos. Disciplina é fundamental nesse processo e mesmo que escola e família desempenhem suas funções de uma maneira eficaz, ainda devemos levar em consideração o papel da mídia no desenvolvimento das nossas crianças.

Se cada um de nós assumir nossa parcela de responsabilidade na educação das futuras gerações, realmente construiremos uma sociedade mais justa e solidária, bem como contribuiremos para fazer de nosso planeta um lugar equilibrado e sustentável.



Este artigo foi publicado no Livro “Conversas entre educadoras: do dia a dia à utopia”, da autora Eliane Thaines Bodah e Jaira Thaines, Editora IFIBE, 2010.


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