Covid-19: crise econômica e resiliência

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No momento, a racionalidade lógica e ciência são
realmente a direção que a humanidade deve seguir e respeitar.
Pesquisas científicas nos ajudam a entender o que está
acontecendo com o mundo, bem como orienta o
povo a trabalhar na prevenção e solução para o problema.


Em meio a mais nova pandemia, causada pelo vírus corona Covid-19, um colapso econômico global está se instaurando. Muitos perguntam o que está acontecendo com o mundo e como sobreviver a essa crise de saúde, financeira e individual. Sabe-se que a origem do Covid-19 foi na China, onde o vírus mutou de seu hospedeiro original – o morcego para seu novo hospedeiro – o ser humano.

Muitas são as hipóteses das causas dessa busca de um novo hospedeiro, desde um ato evolucionário espontâneo até mesmo suspeitas de conspiração com interesses políticos utilizando engenharia genética. Vale lembrar que a degradação dos ambientes naturais e da caça de animais silvestres para consumo humano facilita o contato entre vírus e seu novo hospedeiro – ser humano.

Independente da origem, o Covid-19 fugiu do controle das autoridades globais e representa um risco de colapso ao sistema de saúde, como observado na China, na Itália e atualmente nos EUA. Com rápida tiragem de cópias e resistência a vários substratos, o vírus infecta de maneira exponencial com consequências mais graves não só a população idosa e imunocomprometida, mas agentes de saúde e população em geral também.

Contudo, o mais grave em tempos de pandemia é o comportamento individual do ser humano independente de raça, etnia e localização geográfica. Há uma escassez global de papel higiênico e álcool gel. Imagens de pessoas adultas com maior poder aquisitivo enchendo seus carrinhos e deixando a população vulnerável à deriva, tornaram-se comuns.

Muitos questionam se o poder do covid-19 é real ou se o pânico fortalece a pandemia. O medo é um dos maiores problemas da humanidade. Palavras impensadas de cunho racista, políticas de emergência provisórias e quarentena são comuns nesse momento.

O bem-estar e a saúde da população devem ser prioridades, mas com empresas fechadas muitas pessoas perderam seu emprego e estão sujeitas a passar fome, além de tudo isso. Muitos americanos perderam suas aposentadorias porque o mercado das ações está em baixa.

Porém, essa é a chance da humanidade, como um todo, se redimir.

Nos tempos de quarentena forçada, como no exemplo da China, com fábricas e fronteiras fechadas, menor utilização de transporte contribuíram para que houvesse uma queda significativa nas emissões globais e o ar está mais leve. Em termos de poluição desenfreada que contribui para o aquecimento global, o mundo está sendo forçado a desacelerar. 

O mais interessante é que a solidariedade, devagarinho, mostra a sua cara novamente. Vizinhos com material extra, precisamente, papel higiênico, deixam pacotes na entrada de outros vizinhos (aconteceu comigo aqui nos EUA). Costureiras estão doando o seu tempo para confeccionar máscaras hospitalares para profissionais na linha de frente. Além do mais, quem tem reservas financeiras está doando seu salário a quem não tem.

Algumas estimativas apontam que dentro de um ano e meio, o Covid-19 esteja sobre controle, mas o mundo jamais será como antes.

Esse período de quarentena nos faz repensar nossas atitudes e uma reflexão interior é sempre benéfica. Porém, infelizmente muitas vidas estão sendo levadas pelo Covid-19. Que essas vidas já levadas não sejam em vão. Que sirvam para que entendamos que não podemos controlar tudo, ambiente e demais seres humanos, sem consequências.

A humanidade pode se beneficiar do entendimento que há forças que não podemos controlar, que há um plano maior em questão. Independente de partido político e religião ou da ausência da mesma, creio que temos que acreditar em algo maior do que nós mesmos. Se acreditarmos em um plano maior ou força maior, tiraremos um peso dos ombros porque há circunstâncias que não podemos controlar. Alguns chamam essa força superior de Gaia – a mãe natureza, outros do poder do Universo, mas eu a chamo de Deus.

No momento, a racionalidade lógica e ciência são realmente a direção que a humanidade deve seguir e respeitar. Pesquisas científicas nos ajudam a entender o que está acontecendo com o mundo, bem como orienta o povo a trabalhar na prevenção e solução para o problema.

A ciência se preocupa com os fenômenos naturais, o que não consegue ser explicado pela ciência pode ser dito como sobrenatural e deve ser deixada para o campo espiritual. A lei moral, intrínseca e inerente em situações de certo e errado ou como realmente foi a origem do universo via Big Bang, (já que a autogênese divide a opinião de muitos) são exemplos de questões onde alguns cientistas encontram o elo com a religiosidade.

O valor da ciência não deve ser questionado, mas para fortalecer nosso cotidiano, nos ajudar a levantar da cama com esperança de algo melhor, para sermos melhores com o próximo, para levantar a cada queda e para superar crises de depressão precisamos de algo além da razão… precisamos de fé. A fé não pode ser racionalizada, tem de ser experenciada. Temos que acreditar que vai dar certo mesmo que não entendamos o processo ou direção.

De uma experiência pessoal de fé

Vou agora ilustrar uma situação real. Muitos já leram parte da minha história no artigo anterior – “O que se pode esperar de uma criança da vila”, onde relatei como passei a ser pesquisadora nos EUA, apesar de ter nascido em família humilde no interior do Brasil. Agora relato minha segunda experiência drástica aonde a fé tornou-se a mola propulsora de minha vida.



“Fui uma criança da vila, estudei a maior parte da minha vida em escolas públicas e, com muito esforço, tornei-me professora da rede municipal de Passo Fundo -RS. Uma vida muito corrida, lecionando em várias escolas. Em 2004, consegui uma bolsa para fazer Mestrado em Educação na UPF  sob orientação do Pe. Eli Benincá”.




Meu marido tinha um bom emprego no estado de Washington, assim como eu. Tínhamos duas meninas para cuidar então e uma terceira na minha barriga. Felicidade era a palavra do momento até que meu marido se envolveu em política na região e sofreu retaliação tremenda.

Ele se identifica com as massas e pensou que poder de livre expressão nos EUA impera. Pura ilusão. Imediatamente ele foi forçado a abandonar o emprego e comprometeu o meu também. Além disso, não conseguia outro emprego porque recebeu essa marca política partidária. Uma família prestes a ter cinco pessoas e as economias esgotando… Com oito meses de gravidez, ajoelhei-me no chão de madrugada e clamei para que uma porta se abrisse.

No outro dia, a resposta, recebi uma ligação para realizar trabalho de campo na agronomia. Sou bióloga geneticista e professora universitária, mas não tinha escolha, tinha que aceitar a pesquisa. A porta aberta foi essa. Com uma barriga enorme e dores que uma mulher prestes a ganhar nenê sente, fui contratada entre 150 candidatos, a maioria homens brancos e jovens. Mas mesmo assim, a preferência foi dada a uma mulher latina e grávida. Logo, iniciei visitas de campo por todo os EUA, Canadá e Nova Zelândia, selecionando variedades, abaixando e levantando, até que o nenê nasceu prematuro.

Tive duas semanas de licença não-remunerada e apesar de ter cesariana, voltei a campo, afinal nos EUA tempo é dinheiro… tive que deixar em casa minha bebezinha recém nascida e suas irmãs com o pai delas, que estava passando por depressão. Não havia alternativa. Meu marido, ora agnóstico ora ateísta, entrou em depressão por empilhar o peso do mundo em seus ombros. Afinal, na opinião dele, somente fatos observáveis são acreditados e assim sendo, não há um plano maior.

Quem é mãe sabe da dor de estar separada de seu bebê recém nascido ou suas crianças, mas entende que deve lutar para dar o melhor a sua família. Mágoa, dor, arrependimento, medo, raiva, vontade de largar tudo foram experiências muito comuns durante o momento. O que me deu força para levantar todo dia e encarar a situação foi minha fé, a crença no superior e no plano maior.

Como cientista, procuro diariamente ler e entender outros cientistas na sua jornada com a fé. Como cristã, procuro ser uma pessoa melhor a cada dia e isso me traz paz e um estado de felicidade interior imensa. Sei que Deus está comigo. Essa situação que relatei anteriormente ocorreu há quase dois anos atrás e aprendemos a nos ajustar como família, estamos felizes e saudáveis.

Meus caros leitores, que me acompanharam até aqui, eu imploro que vocês ouçam a ciência, mantenham-se saudáveis e utilizem medidas preventivas contra a pandemia do Covid-19. Mas, por favor, acima de tudo, desenvolvam sua espiritualidade e acreditem em algo maior do que vocês mesmos e que há um plano superior. Tudo vai dar certo e vamos sair dessa crise mais fortalecidos do que antes, como humanidade e como planeta.



Na Itália, vizinhos chegam à janela no fim da tarde e cantam em coro. Igrejas, mesquitas, sinagogas, abrem suas portas a quem vive na rua e necessita de cuidados higiênicos. Enfim, são inúmeros os exemplos de generosidade e solidariedade nesse período em que estamos todos potencialmente ameaçados. Esses gestos têm sua fonte na espiritualidade, ainda que sem caráter religioso. Espiritualidade é a capacidade de se abrir amorosamente ao outro, à natureza e a Deus. E o que ela melhor nos ensina é o desapego, o segredo da felicidade. Rico não é quem tem tudo, dizia Buda, e sim quem precisa de pouco. 
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