Reflexões sobre a Topologia da Violência

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A obra Topologia da Violência do filósofo Byung-Chul Han (2016) constitui um preciso escrito para analisar o tema da violência em suas múltiplas faces.  A leitura dessa obra constitui uma aprendizagem e uma reflexão ímpar. Não havia ainda lido algo com essa compreensão da violência.

Apesar de ser uma prática tão antiga quanto a espécie humana, a violência com certeza continuará sendo um tema instigante sobre o qual precisamos pensar, estudar, investigar, refletir e escrever. Dentre as coisas que nunca desaparecem, a violência certamente pode ser incluída e por isso constitui assunto/tema/problema da antropologia, filosofia, política, psicologia, história, sociologia, economia, literatura, educação. Sua forma de aparição varia segundo a constelação social.

Na atualidade, ela tem se modificado de visível para invisível, de frontal para viral, de direta para mediata, de real para virtual, de física para psíquica, de negativa para positiva e, sutilmente, se retira para os espaços subcomunicativos e neuronais, de tal maneira que pode dar a impressão de que desapareceu. Porém, um olhar mais apurado possibilita perceber que ela se mantem constante, presente, invisível.

A obra Topologia da Violência do filósofo Byung-Chul Han (2016) constitui um preciso escrito para analisar o tema da violência em suas múltiplas faces.  A leitura dessa obra constitui uma aprendizagem e uma reflexão ímpar. Não havia ainda lido algo com essa compreensão da violência.

Han consegue nos fazer participar de sua reflexão devido a clareza com que aborda o tema. Se compreendermos o modo como a experimentamos e as múltiplas faces pela qual ela se constitui ao nosso redor talvez possamos não somente fazer dela nosso objeto de estudos, mas mudar os contornos da vida e de nosso modo de viver.

Byung-Chul Han, nascido na Correia do Sul em 1959, estudou Literatura alemã e teologia na Universidade de Munique (Alemanha) e Filosofia na Universidade de Friburgo/Alemanha, onde também se doutorou em 1994 com uma tese sobre Martin Heidegger. Na atualidade é professor de Filosofia e Estudos Culturais da Universidade de Artes de Berlim. É autor de mais de uma dezena de qualificados Ensaios dentro os quais está Topología de la Violência, objeto da presente reflexão. O Ensaio é composto de 13 capítulos, divididos em duas partes: a primeira, intitulada Macrofísica da Vilência, é composta de 5 capítulos; a segunda, intitulada Microfísica da Violência, é composta de 8 capítulos.

Para Han é possível adquirir o poder por meio da violência, mas é um poder frágil. “É um erro pensar que o poder remete à violência. A violência tem uma intencionalidade completamente distinta do poder”. Tanto a macrofísica da violência quanto o poder “do soberano” são fenômenos da negatividade.

Na atualidade o “poder e a violência” não representam um meio fundamental para a política. “Com a positivização da sociedade, também o poder, como meio socioimunológico, perde cada vez mais significação”. Não significa o fim da “violência”, mas um novo tipo de violência, porque esta não se manifesta somente na negatividade do outro, mas também na positividade.

Da macrofísica para a microfísica. “A violência macrofísica destrói toda a possibilidade de ação e atividade. Suas vítimas são jogadas em uma passividade radical. A destrutividade da violência microfísica, ao contrário, tem sua origem no excesso de atividade que se manifesta como hiperatividade”. O outro não é mais o inimigo, mas o competidor. Este não gera nenhuma reação imune. A micrológica da violência que será explorada na segunda parte deste livro, é uma lógica do igual. “E o terror do igual”

As reflexões de Han em Topologia da violência certamente constitui um rico arsenal para pensar os dilemas e conflitos vivenciados na sociedade contemporânea. Além de dialogar com diversos autores de distintas áreas, Han apresenta uma amplo e complexo panorama do lugar da violência no cenário da sociedade atual.

Uma boa leitura para educadores, pesquisadores, profissionais de distintas áreas e principalmente para todos aqueles que buscam compreender as novas e distintas patologias provocadas pela violência que se faz sentir nos micro e nos macros espaços da globalização.

Para os que se interessarem no assunto, sugiro também um artigo de minha autoria intitulado “Violência da positividade e educação: da cultura do tédio à promoção da cultura do sentido”, publicado em 2018 na reconhecida Revista Roteiro da Unoec/Joaçaba/SC. O artigo na íntegra pode ser acessado pelo seguinte link: https://www.researchgate.net/publication/327334303_Violencia_da_positividade_e_educacao_da_cultura_do_tedio_a_promocao_da_cultura_do_sentido

A cidade, outrora local de convivência, de contatos freqüentes, de vida social intensa, está se tornando espaço de segregação onde os muros estão cada vez mais altos ao redor das casas, dos condomínios, dos parques, das praças, das escolas, dos escritórios. Leia mais: https://www.neipies.com/a-mixofobia-da-cidade/

Autor: Altair Alberto Fávero

Edição: Alex Rosset

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