Para quê estudar Teologia?

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O processo reflexivo da Teologia, considerando a sua estruturação a partir da fé, está marcado pela racionalidade. O compromisso de fé tem o mesmo peso do compromisso com a racionalidade. É uma ciência da fé e da razão e se utiliza delas em busca da verdade.

A região de Passo Fundo (RS) é servida por inúmeras Instituições de Ensino Superior – IES, voltadas à formação de pessoas em grau superior para atuação qualificada em diferentes áreas da sociedade. Esta realidade faz da região um polo de atração de pessoas de outros lugares do Brasil que vêm buscar a formação superior.

Desde 1982, existe na cidade de Passo Fundo uma Instituição voltada à formação teológica, a Itepa Faculdades. Tem como mantenedoras a Arquidiocese de Passo Fundo e outras Dioceses associadas. A principal oferta da Itepa Faculdades  é o Curso de Bacharelado em Teologia. Este curso está voltado à formação de presbíteros, religiosos e religiosas, também aos leigos e leigas, que atuam nas comunidades exercendo o compromisso de batizados.

Para conhecer mais sobre o ITEPA, acesse aqui: https://itepa.com.br/

Historicamente, a Igreja sustenta a tradição de formar seus agentes para uma atuação qualificada, eficaz e comprometida com os pilares da fé cristã. As disciplinas componentes do Curso de Bacharelado em Teologia estão voltadas a esta formação qualificada porque ela exibe um conjunto de conhecimentos ordenados, com objeto, método, unidade, sistematização próprios (cf. CNBB 2011, n. 23) que lhe legam o estatuto de ciência. É a ciência que tem Deus, o ser humano e o mundo como seus interlocutores.

A Teologia é uma área do conhecimento que tem como ponto de partida a revelação de Deus à humanidade. O termo se origina do grego Theo + logia que significa estudo de Deus, ou ciência de Deus.

Não é um estudo qualquer. A certeza da Teologia, e, nisto se difere das outras ciências especulativas, que partem da dúvida ou da necessidade de comprovarem hipóteses, é que Deus se revelou ao ser humano. É a auto manifestação de Deus ao longo da História que se plenifica na pessoa de Jesus Cristo. Sobre isto a Teologia não coloca dúvidas sobre o risco de fazer ruir a sua própria estrutura de saber. Isto não implica em perda da racionalidade.

O processo reflexivo da Teologia, considerando a sua estruturação a partir da fé, está marcado pela racionalidade. O compromisso de fé tem o mesmo peso do compromisso com a racionalidade. É uma ciência da fé e da razão e se utiliza delas em busca da verdade. Como ciência tem um estatuto próprio. Sua identidade que, por sua vez não é fechada, é aberta ao diálogo com as outras ciências.

A partir dessa certeza a Teologia avança na especulação, tendo como referência o próprio Deus que se dá a conhecer, o ser humano que acolhe revelação divina e o contexto de vida de cada homem e mulher, sua historicidade. Então, a Teologia tem responsabilidade ao pronunciar-se sobre Deus, o ser humano e o mundo. Este pronunciar-se se funda no compromisso com a verdade.

Também deve considerar a sua responsabilidade eclesial, porque a Teologia além de ser uma ciência que parte da fé e considera a fé no seu desenvolvimento, também é uma ciência eclesial, porque a tradição reflexiva, da qual é herdeira e dá prosseguimento, desenvolve-se no seio da Igreja (Cf. CNBB 2011, n. 19). Ela contribui para que a Igreja apresente ao mundo as razões da sua fidelidade ao Senhor, aquele que se revela à humanidade fundado no amor e na gratuidade. Assume também a “grave” responsabilidade de tornar crível para os interlocutores as razões do seu acreditar.

Ao mesmo tempo em que presta um serviço à humanidade a Teologia ajuda também a Igreja, porque esta tem a missão de apresentar Jesus Cristo e o seu projeto salvador ao mundo.

Tendo presente o aspecto pessoal, de cada crente, é salutar o interesse em aprofundar-se na sua vida de fé. Se costuma cantar “creio Senhor, mas aumentai minha fé” também é factível que se procure compreender melhor esta fé, as razões de crer. Esta inquietação salutar diz respeito ao crente que procura compreender o conteúdo da sua crença a partir do próprio conteúdo que ele confia (cf. Fisichella, 2000, p. 59). Nesta caminhada pessoal, dialogante com a Igreja, dá-se o encontro entre a fé e a razão, pois uma fortalece a outra.

Compreendamos também a referência pastoral do estudo teológico. Faz-se necessário uma boa formação dos agentes de pastoral. No diálogo eclesial, a teologia fundamenta os processos formativos. Como toda a instituição de referência social, a Igreja necessita formar seus quadros humanos. A Teologia é a espinha dorsal dessa formação, sem desconhecer outras dimensões.

Por fim, a Teologia é uma necessidade para o mundo. Neste caso ela assume uma perspectiva profética. Não pode abster-se de ocupar, em nome da fidelidade ao Deus revelado, o seu lugar dialogante com o mundo, sobretudo em tempos onde o próprio nome de Deus é usado em processos desconectados da sua proposta amorosa e libertadora.

Comprometida com a profecia, a Teologia assume o compromisso com a verdade que vem de Deus e não se limita a quaisquer denominações ideológicas.

Neste sentido justifica-se a necessidade humana e eclesial de se estudar Teologia. Tenhamos mais pessoas dispostas a estudar Teologia. É uma necessidade pessoal, eclesial e de toda a humanidade.

Autor: Pe. Ari Antonio dos Reis

Edição: Alex Rosset

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