Os ataques à dignidade da educação estadual têm que cessar

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Esse momento de suspensão das aulas vai ampliar o abismo da educação pública em relação às condições privadas por si só, imaginem numa situação de degradação e desinvestimento em curso que atinge as condições, os insumos e a vida dos e das trabalhadoras da educação estadual.


Nunca ficou tão evidente a importância da escola, dos e das educadoras, do cotidiano escolar, de suas aulas, da socialização que proporcionam e da alimentação que alivia a demanda nas famílias, como no isolamento determinado pela pandemia do coronavírus. São milhões de crianças, adolescentes e jovens sem rotina escolar e muitas vezes sem condições materiais de estudos em casa, desafiando todos nós a repensar a educação, seu papel e sua implantação.

A pandemia também desnuda a precariedade das estruturas escolares, pois que, para responder ao desafio de um apoio de educação complementar domiciliar, descobre-se desconectada virtualmente, sem profissionais de biblioteca para fomentar leituras,  sem livros didáticos suficientes para cada aluno, sem professores que pessoalmente estejam dotados de bons computadores e boa conexão, e sofrem muito para fazer chegar às famílias das suas e seus estudantes, muitas com menos condições ainda, programas de aula, apoios didático-pedagógicos.

O governo do Rio Grande do Sul tateia no planejamento desse momento, na proposição de suportes, no rápido suprimento dessas lacunas, nas alternativas que possam mobilizar os meios para isso acontecer. Mas, de outro lado, dedica-se às duras medidas para a implantação do novo plano de carreira, das novas alíquotas de previdência e novo estatuto do funcionalismo público estadual. Não tinha ainda terminado de descontar todos os dias de greve dos profissionais da educação, mesmo eles tendo recuperado cada dia em janeiro desse ano – e como foram preciosos!- e já emendou novos descontos provenientes daquelas novas leis.

Esse momento de suspensão das aulas vai ampliar o abismo da educação pública em relação às condições privadas por si só, imaginem numa situação de degradação e desinvestimento em curso que atinge as condições, os insumos e a vida dos e das trabalhadoras da educação estadual!

“Incrivelmente cruel” é a exclamação de uma diretora de escola, ao verificar seu contracheque desse abril. Dessa professora absolutamente dedicada, que testemunho a luta e trabalho qualificado, faço minhas as palavras, acrescentando a dimensão política dessa expressão: o modelo de gestão do governo Leite que propugna e realiza a redução do estado, a diminuição do investimento em educação, é cruel com o direito a ela. Nega esse direito.

Não podemos ser coniventes com isso. É ilegal, é imoral, é desumano.

Professora municipal de Porto Alegre e Deputada Estadual

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