O objetivo do bestialógico?

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Enquanto se travam inúteis  discussões 
sobre  as necessidades  fisiológicas,
as decisões políticas  e burocráticas 
selam o destino dos recursos oficiais.

Em governos autoritários, os encarregados da propaganda sempre procuram  aperfeiçoar-se  na arte  da empolgação e envolvimento  das “multidões”  através  das mensagens políticas.

Nesse tipo de discurso, o significado das palavras  importa pouco, pois, como afirmou  Goebbels, ministro da propaganda nazista, “não falamos  para dizer  alguma coisa,  mas para obter  determinado efeito”.

Diante do bestialógico de Bolsonaro, no qual fica  evidente que lhe  falta não apenas  tirocínio, mas  também  senso moral; de suas  respostas  desmedidas, grotescas e agressivas  que revelam traços  psicopáticos  e um completo despreparo  para ocupar o cargo  de mandatário maior do País, perguntei  a meus  botões:

Tal postura faz parte de uma  tática  ou Bolsonaro  está mostrando o que  sempre foi, isto é, um  completo ignorante?

Como deputado, fez parte do chamado “baixo clero”,  formado por políticos medíocres  e irrelevantes. Como militar, deixou a tropa  depois de dois episódios  de ativismo  e indisciplina.  Referindo-se ao ex-capitão, o ex-presidente  Ernesto Geisel classificou-o  como “um mau militar”.

Intelectualmente, é sofrível. Submete a língua portuguesa a uma interminável sessão de tortura. Faz apologia de crimes contra  a humanidade  como se recitasse  um poema. Também não se espere que aprecie um bom livro.

Para alguns, entretanto, a pauta escatológica esconde, na verdade, outras  sujeiras, como  Itaipu.  Isto é, enquanto o Presidente chama atenção para assuntos banais – o cocô dia sim, dia não – por exemplo,  o governo toma decisões  que envolvem negócios  milionários, às vezes,  suspeitos.

Os feitos do governo  se materializam, efetivamente, em despachos  que formalizam  a aplicação de verbas públicas  e os negócios no setor privado.

Nesse ponto, enquanto se travam inúteis  discussões  sobre  as necessidades  fisiológicas, as decisões políticas  e burocráticas  selam o destino dos recursos oficiais.

Um tema obscuro, por exemplo, é o acordo firmado em maio entre os governos  do  Brasil e do Paraguai  sobre  a energia  elétrica de Itaipu. A revelação de  bastidores  das negociações  derrubou  autoridades do país  vizinho  e abalou o mandato  do presidente, Mario A. Benítez. Qual teria sido a razão?

No caso, a mídia paraguaia envolve  a empresa  brasileira  Leros,  ligada  à  família  Bolsonaro, segundo o noticiário.  O MP está investigando a negociação.

Tem mais.  Bolsonaro quer legalizar os  garimpos e a exploração de terras indígenas. É um mundo  de dinheiro fácil e volátil. Abrem-se oportunidades  para privilégios e negócios  escusos.

Nota-se risco de privilégio, igualmente, na  atuação  da representante  de mais de  200  faculdades  particulares, Elizabeth Guedes, irmã  do ministro Paulo Guedes. Ela é membro da ANUP  ( Associação  Nacional das Universidades  Particulares) e tem acesso facilitado  ao gabinete  da Esplanada.


Estaria Bolsonaro usando suas  manifestações  bizarras, insanas como  uma espécie de nuvem de  fumaça  para esconder  da opinião pública “tenebrosas transações”, como cantou Chico Buarque no antológico  samba Vai Passar?   Veja mais aqui.

Vamos   dar tempo  ao tempo  e fiquemos alertas. Como ensinou José Saramago, “a pior cegueira é a mental,  que faz  com que não reconheçamos o que temos pela  frente”.



Artigo baseado em matéria da plataforma Metrópoles. Conheça mais clicando aqui

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