Jesus no caminho da cruz

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Muitas pessoas, fazendo a experiência do sofrimento, na proximidade da morte, tem descoberto o verdadeiro sentido para suas vidas. E foram confirmadas na sua esperança.

A nova conjuntura iluminada pela profecia de Isaías, sobre o Servo Sofredor, trouxe para Jesus a certeza que a manifestação do Reino seria diferente do que ele se imaginava inicialmente. A vitória do Servo Sofredor viria pela resistência, condenação e morte.

Em outras palavras, a cruz aparece no horizonte, não mais como uma possibilidade, mas como uma certeza. Contudo, Jesus não muda sua compreensão do Reino, que já está presente, atuando no mundo de forma dinâmica e progressiva. Nem muda sua relação com o Pai, cada vez mais íntima e profunda. E a compreensão que Jesus tem do Pai, é a do salmista (Sl. 144): Misericórdia e piedade é o Senhor, ele é amor, é paciência, é compaixão.

O Senhor é muito bom para com todos, sua ternura abraça toda criatura. De fato, ternura e misericórdia de Deus continuarão sem limites na compreensão de Jesus.

Mas, a nova conjuntura e a compreensão que Jesus passa a ter dela, muda a sua vida e a direção de sua missão, em diversos aspectos: Jesus começa a mudar o jeito de anunciar o Reino.

A partir desse momento, as parábolas se referem mais a essa nova realidade. Elas se direcionam mais para o futuro julgamento e para o fim dos tempos, por exemplo, os vinhateiros homicidas e o devedor implacável, etc. A partir desse momento Jesus já não realiza tantos milagres como vinha realizando. Começa a falar constantemente de sua paixão e morte. Deixa de falar mais para o povo e seu ensinamento se destina mais aos seus discípulos.

No caminho para Jerusalém faz um levantamento: “Quem dizem os homens que eu sou”? Depois de ouvir a resposta, Jesus começou a falar da sua paixão e morte na cruz.

Pela reação de Pedro percebe-se que os discípulos estão longe de compreender a proposta de Jesus e até tentam levá-lo por outro caminho, A partir desse momento uma grande crise começa a ser gerada nos discípulos.

No meio da crise, Jesus mostra com clareza o seu caminho e qual deve ser a disposição de quem quer segui-lo.

“Quem quer ser meu discípulo renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me, pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la, mas quem perder a sua vida, por causa de mim, vai encontrá-la”.

A partir desse momento, Jesus insiste muito na vigilância e nas exigências do seguimento, com uma nova compreensão da cruz. Tão bem expressa por São Paulo quando fala aos romanos, dizendo: os judeus pedem sinais, os gregos buscam sabedoria, mas nós anunciamos o poder do mistério da cruz, que para os judeus é escândalo e para os gregos é loucura.

O momento da prisão, da paixão e da morte de Jesus na cruz, é o auge da crise dos discípulos: dormem enquanto Jesus está no horto em profunda agonia e dor; Pedro o nega quando é perguntado pelos soldados se ele o conhecia; Judas negocia a vida de Jesus com as autoridades; quase todos eles estão ausentes na hora de sua morte.

Os discípulos revelam a nítida impressão que estavam decepcionados e pensavam ter perdido quase tudo o que tinham buscado até então. A superação da crise somente irá acontecendo com a ressurreição de Jesus.

A crise dos primeiros discípulos continua sendo vivida por muitos cristãos, hoje, por falta de uma compreensão mais profunda do verdadeiro sentido da vida, pela falta de uma compreensão mais evangélica do sofrimento, da cruz, que carregamos no seguimento de Jesus e da compreensão da própria morte, e porque não dizer, por falta de esperança na ressurreição sobre a qual, hoje, temos provas históricas muito convincentes.

Contudo, muitas pessoas, fazendo a experiência do sofrimento, na proximidade da morte, tem descoberto o verdadeiro sentido para suas vidas. E foram confirmadas na sua esperança.

Quem sofre, portanto, tem uma maravilhosa oportunidade de crescer moral e espiritualmente em sua vida, mesmo com essa experiência profundamente dolorida. É claro, que isso depende da capacidade mística de se abandonar, incondicionalmente, nas mãos de Deus.

Autor: Pe. Euclides Benedetti

Edição: Alex Rosset

2 COMENTÁRIOS

  1. Prezado amigo, Nei.Os textos que você está publicando, dão aos seus leitores uma maravilhosa oportunidade de formação e de alimentarem sua vida espiritual. Fico feliz em poder dar minha contribuição.

    • As suas contribuições ao site colaboram muito com a ideia de humanização: tornar-se melhor ser humano através do conhecimento crítico e reflexivo.

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