Greta e a agressão ambiental

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Para surpresa de todos, pelo menos das pessoas civilizadas, as jovens passaram a ser  atacadas  em nossas redes sociais pelas  já  conhecidas hordas  de  bárbaros.


A sociedade mundial  vem  se mostrando imprevidente  e cega  diante dos  alertas  de  cientistas  (97% deles) sobre  o claro e evidente  processo  de aquecimento do planeta, fruto  da  ação humana.

Nenhuma pessoa responsável pode concordar que  podemos  simplesmente  continuar destruindo florestas  e  a  lançar  carbono no  ar.  Prevenir   a   mudança  climática  é  uma  ideia  cuja hora chegou . A  negação do problema  por companhias  energéticas, governantes irresponsáveis e  pela direita  política beira  a insanidade.

Igualmente, precisamos   fugir  do discurso catastrófico  adotado pela  esquerda  justiceira climática. O planeta  é de  todos  e isto exige  responsabilidade compartilhada  e  a busca por soluções  a curto prazo.

Cientistas alertam que mesmo  se  as emissões  de gases  de  efeito  estufa  caírem  pela metade  até  2050  e forem zeradas  até  2075,  o mundo ainda estará  a  caminho de um aquecimento  arriscado, pois  o  CO2 já emitido  permanecerá na  atmosfera por muito tempo.  Não basta, portanto, parar de  espessar a estufa;  em algum momento, precisaremos  desmontá-la.

Diante deste  preocupante  quadro, de  forma  alentadora,  jovens  adolescentes  surgem  para  dar  lições  aos  adultos. Lilly Platt, uma holandesa de apenas  11 anos, ganhou destaque mundial ao alertar  para  a devastação  em curso  na  Amazônia.

Greta Thunberg, uma sueca  de  16  anos, discursou na  abertura    da  Cúpula  do Clima  na  ONU, transformando-se  em  símbolo e  imagem do  protesto mundial contra o tratamento que  a natureza  vem recebendo.



“Vocês roubaram meus sonhos e infância”,
diz Greta Thunberg na ONU


Para surpresa  de  todos, pelo menos  das pessoas civilizadas, as  jovens passaram a ser  atacadas  em nossas redes sociais pelas  já  conhecidas hordas  de  bárbaros. Imagens   pornográficas  e  até  ameaças  foram  postadas.

O candidato  a  embaixador  em  Washington, Eduardo  Bolsonaro, compartilhou  com sua  malta  uma foto  em que  Greta  aparece  almoçando  em um trem enquanto  é observada  por crianças  africanas  famintas  do lado de fora.



O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) compartilhou no Twitter, na noite desta quarta-feira (25), uma foto montagem da ativista ambiental Greta Thunberg, de 16 anos. Na imagem, a jovem aparece tomando café em uma cabine de trem, enquanto crianças supostamente pobres a observam da janela.
Veja mais aqui.



Uma  imagem mal intencionada, covarde, além, de ser  falsa. O indivíduo não perde o hábito de viver de fakes.   Diante  de uma questão tão delicada  e importante,  esta  foi  a reação  do candidato  a  embaixador nos  EUA. Uau!!

Deixando  de  lado  a típica  parvoíce   dos Bolsonaros, gostaria  de dividir com meus leitores  o que  afirma  o cientista  cognitivo Steven Pinker,  em seu livro O Novo  Iluminismo.  Ele mostra-se  preocupado  com a situação do clima mundial mas, igualmente,  revela-se  um “otimista condicional”.

Segundo ele “problemas  são  solucionáveis. Isso não significa que  se  resolverão por si mesmos, mas  significa  que podemos resolvê-los  se sustentarmos  as  forças  benéficas  da modernidade  que nos permitiram resolver  problemas  até  agora,  entre elas a  governança  internacional e investimentos  em  ciência e tecnologia”.

 Concordo. Também acredito que a   humanidade não está caminhando  de forma irrevogável para o suicídio ecológico. Mas não  podemos  abusar  e ignorar os alertas dos cientistas.

A verdade,  é que os  últimos  quatro anos (2015 a 2018) foram  os  mais quentes  da história, conforme  a  Organização  Metereológica  Mundial.  Já a  Amazônia corre o risco de  “savanização”, ou seja, de substituição da  selva  por  vegetação  rasteira, alerta Carlos Nobre, da USP, um dos maiores climatologistas do planeta.   

Se depender  de  indivíduos  como  os integrantes  do clã Bolsonaro   e  de seus  seguidores fundamentalistas, este   é  um processo que não terá mais volta.  Afinal, não podem  ouvir falar em livros, cultura, ciência  e meio ambiente  que já  empunham seus  fuzis.

Fico pasmo  ao constatar  como  o  homem responde  com vingança  atroz  a insignificância  que a natureza o  reduz.



O que muda é se assumimos compromissos a partir das nossas ações humanas no planeta ou se estamos preocupados somente com o status social que recomenda “dosar” e qualificar nosso consumo como mais sustentável. (Nei Alberto Pies)

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