Celestino Meneghini: um eterno resistente

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Entrevistar um colega de profissão
não é uma tarefa fácil, pois podemos cair no óbvio,
ou,  estender a conversa por horas.
Nesse caso, a entrevista durou horas e,
ainda, emendamos um café.

Conheci Celestino Meneghini, quando fomos colegas na Rádio Uirapuru, sempre admirei seu jeito único de noticiar. Porém, conhecer um pouco mais de sua vida jornalística é desvendar um tanto da história da cidade e de momentos importantes que marcaram a vida dos passo-fundenses.

É descortinar um jornalismo que perpassa momentos distintos da história como a Ditadura Militar, Abertura Política, a chegada da tecnologia e a disseminação das redes sociais. Filho de imigrantes italianos, Celestino Meneghini, nasceu em Santa Cecília do Sul, na época vilarejo de Tapejara. Aos seis anos, veio para Passo Fundo, cursou o primário na escola Menino Jesus e foi num seminário em Erechim que concluiu o Ensino Clássico e iniciou o Científico, que correspondia ao atual Ensino Médio, o qual veio concluir na escola EENAV, em seguida, iniciou a faculdade de Direito na Universidade de Passo Fundo. Seduzido pelas ondas do rádio, foi um teste para locutor que deu início a essa história.

Márcia Machado: Como você iniciou na profissão de jornalista?

Celestino Meneghini: Era um desejo grande ser locutor de rádio, em casa ouvia a Voz do Brasil, ainda nos rádios a válvula, meu imaginário estava muito ligado ao rádio e quando comecei a falar no rádio foi a maior realização, algo muito emocionante, para mim foi uma oportunidade que ocorreu de repente. 

Com a instalação da Rádio Planalto na cidade, em 1969, surgiu a oportunidade de fazer um teste para locutor, e me habilitei a concorrer a vaga. O teste era feito por técnicos de uma faculdade de Pelotas que vieram à cidade para fazer a avaliação dos postulantes, e eu me apresentei. Vários locutores renomados da época, estavam concorrendo como Duarsan Bitencourt D`Ávila,Telmar Cotelinski, José Guedes, José Ernani (era apresentador da Rádio Passo Fundo na época), entre outros. Havia fila para fazer o teste e o programador informou que a lista para locutor já estava quase completa, havia apenas uma vaga, ainda assim, me deu um tema e pediu para que eu simulasse uma transmissão externa, estava concorrendo com mais ou menos uns 300 postulantes ao cargo de locutor.

Era uma loucura. Fui selecionado e fiquei fazendo locução comercial, após passei a apresentador de programas musicais e, em seguida, comecei a fazer reportagens e algumas transmissões externas que me levaram a preferir a reportagem e as notícias. Como repórter na rádio Planalto, eu procurava movimentava a cidade.

Às vezes, fazia denúncias envolvendo nomes importantes da sociedade, mesmo gerando certo desconforto aos diretores da emissora, me tornei uma referência às fontes.  Porém, também fiz alguns adversários, descontentes com o meu trabalho. Um dos fatos ocorreu quando um policial aposentado abordou um rapaz e bateu nele de forma violenta, contudo, era a pessoa errada e resolveram abafar o caso, porém, eu denunciei. O policial foi até a direção da emissora afirmando que ia me processar. Eu imaginando que seria demitido, busquei provas que confirmavam a ação, produzindo um dossiê sobre o caso, o qual levei ao conhecimento da direção da rádio e o fato foi esquecido. Eu também trabalhei na Rádio Passo Fundo e Rádio Uirapuru.

Márcia Machado: Além de emissoras de rádio, você também escreveu para os principais jornais da cidade?

Celestino Meneghini: Em 1974, trabalhei no jornal Diário da Manhã, onde permaneci por uns três anos, o Dr. Dyógenes Martins Pinto era o diretor, mas lembro do seu Tulio Fontoura, fundador do jornal, uma figura admirada e muito respeitada no jornalismo de Passo Fundo.

 Nos anos 80, fui editor do jornal O Nacional, anos da Abertura Política, momento de transição, tanto política como tecnológica, com a chegada de emissora de TV e também das emissoras FMs na cidade.

Foram anos de muito trabalho. De 1990 a 2000 mantivemos o jornal O Cidadão, em sociedade com o meu irmão, era um jornal semanal. Após ingressei na Rádio Uirapuru. Já entre os anos 2003 a 2005, retornei ao jornal O Nacional, na redação trabalhei com jornalistas como Fátima Trombini e Argeu Santarém, que já não estão mais conosco, havia uma sintonia muito boa.

Neste período estabeleci com a OAB, o jornal da Ordem dos Advogados do Brasil, abrangendo 27 municípios abordando assuntos da Ordem, foi um jornalismo diferenciado, focado em uma categoria, foi uma grande experiência. Fui duas vezes presidente do Sindicato dos Jornalistas em Passo Fundo (haviam apenas dois sindicatos, um em POA e outro no interior do estado, sediado em Passo Fundo), também fui dirigente da Federação Nacional  dos Jornalistas (Fenaj). Após me dediquei à advocacia, mas sempre mantive um pé na advocacia e outro no jornalismo, através da colunas que escrevo.

Márcia Machado: Como era fazer jornalismo no interior do estado em tempos de Ditadura?

Celestino Meneghini: A gente queria ver um sinal de liberdade. Todos nós, os quais exerciam um trabalho de resistência na imprensa, estávamos frequentando os bancos universitários, dois amigos meus, o Santarém (Argeu) e o Tasca (Ivaldino), foram presos durante o Regime Militar, época da ditadura mais forte 1964/1965.

A gente era visado, havia pressão dentro da faculdade, a gente questionava e tinha uma contingente de colegas reacionários (de Direita), fui processado na faculdade, fui expulso da faculdade (iniciou-se um processo de expulsão arbitrário), na época não tínhamos o direito de defesa, era processado e já deferido. Na época, era difícil você ter a lucidez e paciência  adequada, para não se exacerbar e não transformar a atitude, a tua inclinação política num diletantismo.

Confesso que briguei demais por determinadas bandeiras partidárias, pela liberdade.  Fui investigado várias vezes pelo Regime Militar na época e nunca encontraram nada que me desabonasse. Meu nome e de outros colegas jornalistas constaram, por anos, na lista do exército como subversivos. Foram anos difíceis.

“Meu nome e de outros colegas jornalistas constaram, por anos, na lista do exército como subversivos. Foram anos difíceis”.

Márcia Machado:  Além de jornalista, você também assumiu cargos políticos na cidade e no estado?

Celestino Meneghini: Depois da passagem pela Rádio Planalto nos anos 70, fui trabalhar na Rádio Passo Fundo, e então, enveredei para política, fui diretor municipal de Turismo, assumi a chefia de gabinete da primeira administração do prefeito Airton Dipp (PDT), após assumi um cargo na comunicação no Governo do Estado em Porto Alegre, fui diretor de comunicação de companhias como a CRT, CEEE, Sulgás, Companhia Riograndense de Mineração, fiquei no cargo por um ano, após retornei a Passo Fundo. Como estava formado em Direito e já estava exercendo a profissão, me estabeleci em Erechim onde advoguei para bancos.  Retornei  novamente a Passo Fundo, onde tive dificuldades em conseguir emprego nas redações por ser uma jornalista investigativo, de confronto, e me dediquei a advocacia.

O rádio passou a ser feito em horários alternativos. Em 2005, voltei a assumir cargo público junto a assessoria de comunicação da prefeitura  de Passo Fundo e, em 2009,  como coordenador  da Junta Administrativa de Recursos de Infrações de Trânsito, a Jari. Mesmo na política, sempre mantive contato com o jornalismo, com o advento da internet não ia mais à redação, escrevia minhas colunas em casa, esse ambiente da redação é que sinto falta, principalmente, das máquinas de datilografia, a gente olhava aquelas peças de metal ali, aquele barulho, parecia ora uma metralhadora, ora, um ruflar de asas, enfim, a gente sentia aquela emoção. Mesmo em meio aquela conversa toda conseguia me centrar no ritmo das teclas para produzir os textos.

Eu sempre tive empenhado na produção de texto, gosto muito de escrever. Hoje sou colunista jornal O Nacional, porém o ritmo é diferente.

“ […] esse ambiente da redação é que sinto falta, principalmente, das máquinas de datilografia, a gente olhava aquelas peças de metal ali, aquele barulho parecia, ora uma metralhadora, ora  um ruflar de asas, enfim, a gente sentia aquela emoção.”

 Márcia Machado:  A sua relação com a política chegou  em algum momento influenciar  o seu trabalho jornalístico?

Celestino Meneghini: Sempre tive uma relação com a política, eu tinha minha militância no partido PDT e depois no PSB, sou advogado do partido ainda hoje. Sempre consegui separar, o tanto quanto possível, me empenhava no aspecto jornalismo, para fazer as coberturas, nunca houve problema em fazer uma matéria que viesse a repercutir contra algum partido.

Sempre procurei como comentarista e cronista, numa abordagem política partidária, dar uma conotação de observador, até porque, eu não cobria as matérias referentes ao meu partido. Nas coberturas políticas sempre procurei respeitar as pessoas que pensavam politicamente igual, ou não a mim, até hoje mantenho isso. Minha coluna hoje é de um profissional mais maduro, observador, tenho minha intuição.

“Minha coluna hoje é de um profissional mais maduro, observador, tenho minha intuição”.

Márcia Machado: Enquanto jornalista, observador, como você avalia o atual momento político do país?

Celestino Meneghini: Hoje estamos vivendo um novo período, após uma turbulência toda no país, fomos roubados pelos mandantes do país, por um partido que o povo confiou, no qual inclusive eu votei. Não sou do PT, mas votei e pensei que o PT ia dar a solução e chegou a encaminhar a solução, quando ofereceu um espaço para o ser humano, uma base de sobrevivência para a nação brasileira, mais liberdade para as pessoas e as comunidades, mas de repente ocorreu a Lava Jato e o impeachment.

Também há razões para as pessoas se revoltaram com a propagação da corrupção que envolveram outros partidos, inclusive partidos tradicionais que estão envolvidos nas denúncias de corrupção. Sempre houve gente séria num e outro partido, como sempre houve falcatruas políticas em um e outro partido. Não restou ninguém inocente de modo geral.

Precisamos agora é momento de colocar os pés no chão, temos um presidente que se elegeu num fenômeno de comunicação diferenciado, que não compareceu nos debates públicos, mas que trabalhou rápido e lépido na utilização das redes sociais e continua fazendo. Já estava prenunciado, na eleição do presidente Trump nos Estados Unidos já havia ocorrido fenômeno semelhante.

Acredito que foi transportado o modelo em diferentes plataformas e aí surgiu o fenômeno cibernético que está aí, temos um presidente que me parece está empenhado em manter o foco no combate a corrupção, mas pegou uma país com sérios problemas e, até o momento, não conseguiu apresentar nenhuma novidade que respalde e ofereça uma esperança aos brasileiros, pois corremos o risco de termos nossa esperança tolhida.

Márcia Machado: Você falou sobre o fenômeno cibernético, para onde se encaminha o jornalismo em tempos midiáticos?

Celestino Meneghini: A sobrevivência dos jornais impressos está, logisticamente, comprometida. Há movimentos no mundo inteiro, onde grandes grupos jornalísticos tiveram que encerrar as atividades e aqui no Brasil também. Passo Fundo é um fenômeno no Rio Grande do Sul, ninguém teve por tanto tempo dois jornais diários e fortalecidos.

Mas a questão da agilidade da informação, através da sinergia das redes sociais vai ser infinitamente superior, em termos de acessibilidade, porém, vem o fator que sempre achei  importante na minha vida profissional,  é a função do jornalista,  o comentarista, os  coordenadores, o editor, eles só estarão prontos enquanto profissionais, quando passarem pela reportagem.

O repórter tem a convivência com o fato, não há maneira mais fidedigna, mesmo na subjetividade da interpretação da notícia, de você ver o fato, eu fiz muitas reportagens, quando havia dificuldade sobre informações, o segredo é ir no local do fato e conversar com as pessoas, já tive casos policiais que desvendei antes da polícia, com documentos e provas .É empenho, é trabalho. Ser repórter não é uma genialidade, é uma atitude de zelo com a notícia. Você tem que prezar a fonte.

O repórter Carlos Wagner (foi jornalista investigativo do Zero Hora) é um exemplo, ele convivia com as fontes, no caso dos Sem Terras ele passava dias nos acampamentos, convivendo com o movimento e o que ele revelava era o diferencial.  Frente a relação midiática das notícias, os desvios de caráter são individuais e coletivos, eles se disseminam  através da digitalização da maldade, da covardia, imune à responsabilização, as pessoas utilizam meio covarde de ofender os outros e vender ideias sem conteúdo, a verdade é dizimada e corre grandes riscos. Tem coisas boas e fiéis, o problema é a conotação que o ser humano dá. 

A notícia corre risco de ser vencida pela velocidade do ódio, pela discrepância e má interpretação dos fatos. Na política é modismo a criação de fatos ( fake news) e manuseio de marketing, mecanismos que  funcionaram na eleição de Bolsonaro.

“Ser repórter não é uma genialidade, é uma atitude de zelo com a notícia. A notícia corre risco de ser vencida pela velocidade do ódio, pela discrepância e má interpretação dos fatos.”

Márcia Machado: Como o jornalismo contribui para uma sociedade mais crítica e solidária?

Celestino Meneghini: O jornalista tem que se aliar ao contexto educacional, ele é um curador, um observador de ideias e pensamentos, ele tem que manter a fidelidade à verdade, ele tem que ser competente, nem sempre ele terá uma remuneração adequada para isso, situação histórica no jornalismo, aí entra a parte de sacerdócio do jornalista.  O jornalista é um eterno resistente. Ele tem que ter princípios, discordar e ser oposição a tudo, até a própria oposição, porque jornalismo é opor ideias.

“O jornalista é um eterno resistente.  Ele tem que ter princípios, discordar e ser oposição a tudo, até a própria oposição, porque jornalismo é opor ideias”.

Márcia Machado: Enquanto advogado como você percebe a promoção e aplicação da justiça em nosso país, em tempos de ataques aos direitos sociais?

Celestino Meneghini: Nós temos uma legislação, uma vertente constitucional, que é bastante humanizada e temos a lei comum que fica cingida aos segmentos de matéria jurídica que é a aplicação do direito e da justiça. A justiça estabelece parâmetros que atendem pouco a uma equidade, hoje a justiça está se tornando muito acadêmica e pouco se devota a equidade que emana do poder e da capacidade humana de julgar.

Historicamente o Direito está devendo muito para a justiça social, tem que participar mais ativamente.  A justiça que estamos vivenciando, também é uma expressão da falta de qualidade de base da nação brasileira, da sociedade, temos a herança da escravidão que até hoje não se apagou e vai ser difícil apagar. A missão do estado é fazer o possível e o previsível, mas o estado não quer ter previsibilidade ante as dificuldades do povo, frente as pessoas mais sofridas. A utopia deve ser o vértice da busca dos fatos, da solidariedade, do bem.

Fotos: Márcia Machado
Caricatura: Leandro Dóro
Legenda: A velha e boa máquina de escrever acompanha Meneghini de longa data, Um eterno resistente


Pequenas histórias

Tiroteio no Plantão

Eu vivenciei o uso de arma por jornalistas, em épocas passadas era normal, pois muitas vezes tínhamos que entrar a campo aberto para fazer a reportagem. Hoje não é recomendado. Eu estava de plantão na madrugada e fui informado da morte de um cidadão esfaqueado em frente a um restaurante no centro da cidade, momento em que ele deixava o estabelecimento com a namorada. Imediatamente, eu fui na delegacia de polícia para saber sobre o andamento do caso. Na delegacia encontrei o inspetor de polícia sozinho no plantão, ele me convidou para uma diligência, fomos de fusca, inclusive eu estava armado, o que era natural naquela eṕoca. O inspetor já sabia quem era o suspeito do crime e fomos até a casa, quando o policial chegou no local houve uma confusão e começou um tiroteio, eu com medo, também atirei, porém, o suspeito não foi alcançado. O local era próximo ao bairro que eu morava e os irmãos do suspeito me conheciam, então, dias depois do fato,  fui  comprar leite e vi um carro se aproximar com três pessoas dentro, ouvi uma voz que em tom de ameaça  falou “é  esse aí que deu os tiros na frente de casa”. Com medo, fui embora, vi que ia apanhar ali.

Manchete polêmica

 Eu era editor do O Nacional e fui fazer uma matéria que precisava ser complementada, fui até Vila Hípica buscar mais informações sobre um assassinato. O morto era um bandido conhecido e o assassinato ocorreu momento em que ele estava batendo numa grávida. As mulheres da vila se mostraram aliviadas com a morte do bandido, dizendo que havia sido uma limpa o assassinato. Eu então usei a fala de manchete “Morte de bandido foi uma limpa na Hípica”. No dia seguinte, estou na redação, fechando o jornal, por volta das 23h, entrou um homem, que se identificou ser da família do bandido assassinado, e se mostrou ofendido com a matéria divulgada, tentei argumentar, mas ele alterado, disse que veio para resolver a questão de “homem para a homem”. Ele abriu o casaco e me mostrou uma adaga, eu peguei o meu revólver e também mostrei de maneira discreta. Por fim, ouvi  a versão dele dos fatos, produzi a matéria e publiquei na primeira página, o que não era usual, mas fiz por medo.

O taxista era meu irmão

Noutro momento fiz a denúncia contra um famoso vigarista, isso nos anos de 1973/1974, ele me “marcou” e durante uma  conversa com uma taxista,  disse que ia acertar contas com o jornalista Celestino Meneghini, por tê-lo tratado como falsário. O taxista, era meu irmão, e mudou o trajeto da corrida, em certo momento, de posse de um facão, se identificou ao cliente e o intimidou exigindo que ficasse longe de mim. O falsário sumiu.

Locutor oficial das Diretas Já

Fui escolhido o locutor oficial do Movimento Diretas Já em Passo Fundo, momento da abertura política no país. No jornal eu era entusiasta pelas eleições diretas, então, fui convidado para presidir o comício pelas Diretas em Passo Fundo, que reuniu 5 mil pessoas no Clube Juvenil, foi um estrondo na cidade.  Eu era editor do jornal O Nacional e fiquei de produzir a matéria do comício, porém, os informantes do exército estavam em toda a parte e sequestraram as minhas fotografias e não pude mostrar o tamanho do ato. Eu escolhi três ou quatro fotógrafos e acabei sem nenhuma foto, pois o material deles também foi apreendido.  Já o Acácio Silva, editor do Diário da Manhã na época, conseguiu manter e publicar suas fotos, nos “furou”, eu tive que usar fotos de arquivo. Se quer deixar um jornalista magoado e só tirar o material. Estiveram no ato figuras como Pedro Simon, Olívio Dutra, Caruso da Rocha, Alceu Collares, entre outros.

 Infiltrado na comitiva  da presidência  da República

Em 1973/74, transformamos uma Variant, em unidade móvel da Rádio Planalto, em cima do veículo foram instalados os equipamentos, era uma novidade para a cidade e região na época, pois proporcionava falar de cidades da região, era algo fantástico falar ao vivo do local do fato. A chegada da unidade móvel, culminou com  a visita do presidente Médici a cidade.  Fui com a unidade móvel até o campo de aviação para acompanhar a chegado das autoridades.  A guarda de segurança era feita pela guarnição do exército da cidade, me acompanhou o diretor da emissora Padre Paulo Farina, mas ele foi em outro veículo. E eu fui adentrando ao local onde estava a guarnição do exército e, como conhecia alguns soldados, fiz um sinal de continência e segui com a unidade móvel, mas a medida em que eu ia passando, ia recebendo gestos de continência, eu não entendia  a atitude, e cheguei até o espaço reservado aos veículos da comitiva presidencial. Quando dei o primeiro boletim ao vivo, o Comandante do Exército mandou me retirar do local. Foi, então, que percebi que a viatura da emissora havia sido confundida pelos militares, por ser de cor Oliva, acharam que o veículo era do exército e fazia parte da comitiva do Presidente da República. Eu quase fui preso.

Revolta dos Motoqueiros

O momento mais apreensivo na minha vida foi a cobertura do episódio dos Motoqueiros (Revolta de Motoqueiros em 1979). Eu estava cobrindo o levante popular (única revolta contra a Ditadura Militar, no Brasil, liderada por motociclistas) com a unidade móvel. Enquanto um colega dirigia o veículo, eu ia transmitindo ao vivo.  O movimento saiu da Avenida Brasil rumo ao Quartel do Exército, momento em que eu ouvi os estampidos, e vi alguns manifestantes chorando, eu falei para meu colega é festim, não vai matar ninguém. E de repente começou um tiroteio, um tumulto envolvendo os manifestantes e a Brigada Militar, de um lado apedrejamentos de viaturas, brigas, de outro gritos de ordem, acenos dos prédios. No canteiro central eu ouvia os estampidos de balas e pessoas caindo. E quando o olho para o lado meu colega havia abandonado o local e eu fiquei sozinho no meio da confusão com o microfone, tomei a direção do veículo e continuei dirigindo e falando ao microfone.  Quando cheguei em frente ao Quartel, vi que a situação era crítica, mas em nenhum momento parei a transmissão. Foi então que o exército interferiu, acalmou a situação que resultou em duas mortes.

1 COMENTÁRIO

  1. FIQUEI MUITO CONTENTE E VÊ-LO AQUI, AMIGO MENEGHINI! TU ÉS PARTE DA HISTÓRIA DESTE MUNICÍPIO, PELO PROFISSIONALISMO E PELA PESSOA GUIADA PELA SINCERIDADE, AMIZADE, LEALDADE E COMPREENSÃO DAS COISAS DO MUNDO. NESTE ESPAÇO, TÃO BEM CONSTRUÍDO PELO NEI, SINTO QUE RECEBES UMA HOMENAGEM MUITO MERECIDA. ABRAÇOS

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