Ter a fraternidade como fundamento para a paz é,
também, um grande questionamento e uma denúncia
à visão e ao modelo de (in)segurança pública baseada
no controle das sociedades por meio de armas e repressão.

 

A fraternidade é uma dimensão essencial do ser humano. A consciência desta dimensão leva-nos a ver e tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão (as manas e os manos, como dizem os jovens da periferia). Sem essa consciência, torna-se impossível a construção de uma sociedade justa e de uma paz duradoura.

A Campanha da Fraternidade 2018 tem como lema “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8b). Esse é um chamado para a construção de “uma civilização fundada sobre a dignidade igual de todos os seres humanos, sem qualquer discriminação”, como afirma o Papa Francisco. Somente essa consciência de irmandade torna possível a superação da violência, o tema proposto pela CNBB para esta Campanha.

A proposta é a superação da violência. Tema: “Fraternidade e superação da violência”. Lema: Vós sois todos irmãos (Mateus 23,8).

A fraternidade deve marcar todos os aspectos da nossa vida: a economia, a sociedade, a política, a cultura, o desenvolvimento.

Ter a fraternidade como fundamento para a paz é, também, um grande questionamento e uma denúncia à visão e ao modelo de (in)segurança pública baseada no controle das sociedades por meio de armas e repressão (como as propostas de redução da maioridade penal, por exemplo). Justificam-se, assim, até mesmo a violência policial e a tortura, onde chama a atenção a realidade de muitos jovens, a maioria negros das periferias, assassinados todos os dias, naquilo que se chama de extermínio de jovens.

Em vez da garantia de direitos duramente conquistados, defendem-se apenas a segurança individual, a defesa da propriedadee asegurança nacional. Como consequência, viveria em paz apenas uma minoria, através da força da polícia e de segurança privada, justificando intervenções violentas nas periferias de nossas cidades.

O lema da CF 2018, “vós sois todos irmãos” foi extraído do evangelho de Mateus, no qual Jesus repreende os fariseus e mestres da lei por suas práticas incoerentes com seus discursos. Da mesma forma que no tempo de Jesus, hoje muitos cristãos valorizam uma sociedade hierarquizada, onde são privilegiados os ditos cidadãos de bem. Jesus, então, propõe um novo modelo, comunitário e fraterno. Somente assim se supera a violência e se constrói a paz.

 

Bispos falam sobre Campanha da Fraternidade 2018

Nesse sentido a CNBB, ao propor a cada ano a Campanha da Fraternidade, quer que olhemos os problemas não como um desvio de conduta ou da má índole de qualquer pessoa. É necessária uma visão mais abrangente, estrutural e sistêmica dos problemas.

O Brasil tem uma dívida social histórica com suas populações mais carentes e com grupos marginalizados dos processos de desenvolvimento econômico, que exigem um posicionamento e ação organizada para o resgate da cidadania.

Ver, julgar e agir sobre temas do contexto social em que vivemos é colocar-se diante das grandes interrogações sobre o sentido da nossa existência e sobre o nosso modo humano de viver neste mundo.

Nesse sentido que a CNBB propõe as Campanhas da Fraternidade, ou seja, diante de situações de desrespeito e agressão à vida, busca e aponta alternativas, através da ação social de todos os envolvidos. Isso implica entrar num autêntico diálogo que procure sanar efetivamente as raízes profundas, e não apenas a aparência dos males do nosso mundo.

A superação da violência é nosso sonho e nosso propósito. E esse sonho só está distante de nós se não dermos os primeiros passos, pois, como disse o poeta Jorge Rebelo, “não basta que seja pura e justa a nossa causa. É necessário que a pureza e a justiça existam dentro de nós”! O passo seguinte é deixá-la transbordar, ou mesmo semeá-la por todos os caminhos e jornadas do novo ano.

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