Candidatos e candidatas que mereçam seus votos: como reconhecê-los?

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Muitas questões ajudam a definir nossos votos em eleições gerais ou em eleições municipais. O importante é basearmos a decisão pelos votos em critérios que nos ajudem em decisões mais assertivas, mais conscientes e mais cidadãs.

Começamos esta reflexão perguntando: como surgem os candidatos e candidatas que se apresentam, a cada dois ou a cada quatro anos, seja para as eleições gerais ou eleições municipais? Ou ainda: em que mundo vivem eles/elas? Quais são seus verdadeiros propósitos? Qual é o seu papel e a sua finalidade na representação política que exercem a partir de seus mandatos?

É importante destacar que os candidatos/as não “são anjos que caem do céu”.

Geralmente, eles ou elas são convocados a assumir uma missão de representação política de um determinado grupo ou de grupos de determinadas categorias ou classes sociais ou, ainda, eles mesmos se autoconvocam para esta representação.

Os candidatos ou candidatas surgem das lutas e das disputas sociais que envolvem os diferentes interesses coletivos. Podem representar uma categoria de trabalhadores/as, uma causa social, uma ideia de organização de sociedade, uma pauta com grandes e importantes impactos na sociedade.

Quanto maior for a diversidade das pautas sociais, políticas, culturais, econômicas e ambientais que os candidatos representam, maior será o exercício da democracia a partir das eleições.

Sempre é louvável termos pessoas dispostas, preparadas e disponíveis para o trabalho de representação política nas cidades, nos estados e na nação.

Um dos aspectos que devem nortear nossas escolhas é termos conhecimento das trajetórias de vida e de atuação social daqueles que se escalam para nos representar na vida pública. Cada um e cada uma de nós vai construindo a sua vida pessoal e social, alicerçada em valores, em propósitos, em engajamentos e envolvimentos que interessam à coletividade.  Quando candidatos, esta trajetória é o grande aval para o trabalho coletivo. Afinal, a política é o exercício do bem-comum, voltada aos anseios e necessidades da coletividade.

Quem se apresenta para o exercício de um trabalho de representação na esfera pública deve comprovar uma trajetória onde já tenha vivenciado e/ou protagonizado ações políticas com benefícios para a coletividade.

É fato também que algumas pessoas que buscam votos numa eleição não tem comprovada inserção em atividades, eventos ou causas que realmente impactam coletivamente os interesses de uma coletividade. Estes, deveríamos evitar, pois na medida em que escondem seus interesses, estão ludibriando as nossas mentes e nos enganando como eleitores. Os interesses individuais nunca podem se sobrepor aos interesses da coletividade.

Outro aspecto que pode e deve orientar nossas escolhas é saber dos candidatos quais são seus méritos e seus métodos para alcançar o objetivo da representação. Por exemplo, pode ser que determinado candidato ou candidata tenha ótimas ideias, boa inserção social e representatividade, mas está usando meios ilícitos como compra de votos, como acordos com setores econômicos ou com segmentos políticos para perpetuar práticas políticas que ele mesmo condena.

Há que se considerar, ainda, se o pedido de votos para a representação política condiz com o cargo que irá exercer. Se o cargo é para o executivo, terá de apresentar propostas concretas para resolver questões de cidadania, políticas públicas, economia, mundo do trabalho. Se seu cargo for para o legislativo (vereador, deputado estadual, deputado federal ou senador), deverá dizer como levará as demandas e necessidades da comunidade para o executivo, como legislará para a comunidade e como fará a fiscalização do poder executivo.

Os candidatos não se fazem sozinhos. Para além dos grupos com os quais estão vinculados, fazem parte de organizações e partidos políticos que defendem diferentes ideologias. Neste sentido, cabe ao eleitor conhecer os partidos, saber o que eles defendem e votar em candidatos vinculados às ideologias que ele acredita sejam capazes de promover mudanças reais para a sua vida e para a vida em sociedade.

Por fim, cabe abordar a ideia da “falsa idealização dos agentes políticos”. Muitos, dentre nós, gostaria que os políticos fossem anjos. Se assim fosse, estariam imunizados contra todas as situações e oportunidades que não promovem o bem comum e as boas práticas da democracia. Mas os políticos, assim como cada um de nós, não são anjos e sim, seres humanos, ou seja, também não são perfeitos.

A política não é um espaço para a ação de anjos, mas é o espaço de disputa dos mais diferentes interesses que estão em jogo na sociedade. A disputa destes interesses é legítima, desde que os mesmos estejam sempre bem explicitados, para que todos saibam o que move os candidatos que se propõem a representar os interesses da população.

Autor: Nei Alberto Pies

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