Uma cidade sob um olhar fotográfico

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Diogo Zanatta define-se repórter fotográfico. Zanatta é graduado em Publicidade e Propaganda pela UPF (Universidade de Passo Fundo), 2006. Cursou também uma pós-graduação – Fotografia Imagem em movimento – Universidade Positivo – PR.

Diogo atua, apaixonadamente, para revelar a realidade, eventos sociais, culturais e políticos, como também as mudanças visuais que ocorrem no Passinho, como é carinhosamente chamada a cidade Passo Fundo.

Este jovem fotógrafo funde, de certa forma, o ser cidadão com o ser fotógrafo. Em breves diálogos, pudemos constatar que as lentes e as suas máquinas fotográficas tornaram-se também ferramentas que revelam a cidadania dele mesmo e a cidadania da nossa gente passo-fundense.

Conheçamos Diogo Zanatta por ele mesmo.

Como, quando e porquê esta tua paixão pela fotografia? Conte-nos.

Sempre fui um menino inquieto, mas sem muita definição do que queria ser. Tentei ser até veterinário. Ao crescer, percebi uma tendência com as artes. O contato com as câmeras se deu a partir da minha mãe, que fotografava a partir de uma janela (a mesma pela qual ainda faço registros fotográficos). Minha mãe sempre nutriu amor por fotografias.

Ganhei do meu tio Nelceu Aberto Zanatta uma câmera um pouco mais moderna, pois o tio sempre gostou de fotografias também, e daí em diante nunca mais parei de clicar, mas já a partir do mundo digital.

Minha paixão é registrar o cotidiano a partir do lugar onde vivo, do que enxergo e do que posso revelar. A fotografia pode se tornar um instrumento de historicidade, quando revela o cotidiano dos acontecimentos de um lugar.

Com que olhar, com que sentidos e com que sentimentos desvendas Passo Fundo através das lentes?

Gosto de pensar que na nossa querida Passo Fundo temos muitas coisas para mostrar, que não estamos desconectados do resto do Brasil e do mundo. Como repórter fotográfico, posso registrar acontecimentos sociais, políticos e também fenômenos naturais como chuva, raios, eclipses, meteoros (que também gosto muito). Gosto de valorizar o que acontece na nossa cidade, uma cidade do interior.

O que mais chama atenção no cotidiano das pessoas que habitam nossa cidade Passo Fundo?

Ao observar o cotidiano de nossa cidade, percebo que somos um povo acolhedor, mas poderíamos ter um olhar mais aberto para diferentes realidades como a vida dos imigrantes que moram por aqui, dos indígenas, das pessoas que moram em nossas periferias e ocupações. Tento dar um pouco mais de visibilidade a estes tantos que não são tão bem valorizados, como deve ser a missão de um documentarista.

Um registro seu, feito em nossa cidade, que julgas especial. Tens?

Sim, tenho uma foto da Praça Tamandaré que gosto muito. Gosto deste lugar da cidade, tanto que já participei anos atrás de uma associação que cuidava desta praça.

Um registro seu, feito em nossa cidade, que julgas relevante. Tens?

Fiz uma foto que projetou Passo Fundo para fora, numa época em que aconteciam em todo o país um movimento de grandes manifestações (ano de 2013). Neste período exerci o papel de repórter fotográfico regional, o que me permitiu uma experiência de trabalho com fotos por certo período, em 2014, na nossa capital, Porto Alegre.

Um registro seu, feito em nossa cidade, que julgas tenha grande impacto social. Tens?

Faço registros fotográficos para um projeto chamado “Arquitetura para quem mais precisa”. Este projeto mostra necessidades que vão para além de casas, provocando olhares sobre a dignidade humana de quem as habita.

Consideras a fotografia uma forma de arte? Qual é a importância social da fotografia?

Não considero a minha fotografia uma arte; eu procuro mostrar os fatos, a informação que está presentes em fenômenos sociais, políticos e sociais. Se outros consideram minhas fotografias uma arte, tudo bem. O Brasil tem muita desigualdade social. Fazer da fotografia uma ferramenta para desvelar as realidades como elas são é parte de sua importância social. O fotógrafo tem de se despir de preconceitos, discriminação, mostrando as realidades como elas se apresentam, para serem vistas, apreciadas e enfrentadas por todos nós.

Como vês e como olhas Passo Fundo por teu olhar cidadão?

Nasci passo-fundense. Vi Passo Fundo em mudanças. Gosto de fotografar como uma questão de cidadania; me sinto cidadão por poder fotografar e registrar coisas boas de nossa cidade e coisas que precisam ser melhoradas. Não consigo mais separar o aspecto cidadão do aspecto fotógrafo. Faço da fotografia uma forma de cidadania!

Um pensamento, uma ideia ou uma filosofia que defina você.

“O sentimento de insignificância frente ao universo faz de você um ser humano melhor”. (Revista Galileu, matéria:https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/Comportamento/noticia/2015/08/o-sentimento-de-insignificancia-frente-ao-universo-faz-de-voce-um-ser-humano-melhor.html)

Uma mensagem para quem te lê agora.

Sou movido pela coletividade. Acho que o senso de coletividade traz em si uma grande potência capaz de promover maiores mudanças. Na arte, na fotografia, na vida, a coletividade nos salva, constituindo mudanças reais e significativas para a maioria, para a humanidade como um todo. Acredite nisso você também e engaje-se!

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