Os homens inventam coisas
que matam e que curam,
sem nenhum constrangimento,
porque agem em nome do progresso,
da ciência e dos lucros.

 

Certo dia, um senhor de 60 anos preparava-se para aplicar “secante” para controlar as ervas daninhas no quintal de sua propriedade. Estava sem equipamentos de proteção, dissolvendo o poderoso líquido com uma taquara, num latão de tinta, que havia sobrado na sua modesta e minifúndia propriedade.

Presenciando os riscos de tal situação, demonstrei a ele minha preocupação, interrogando-o sobre o que vira. Eis o que me disse, com a maior convicção: “professor, não tem problema, é puro remédio para matar as plantas. Daria até para beber, que nenhum mal me faria”.

Fiquei então a pensar na sua tão convicta afirmação. Meu pensamento e minhas percepções de mundo me indicaram que este senhor, e outros tantos, são iludidos a partir da semântica das palavras (imaginem quando um herbicida pode ser considerado um remédio!)

Tem gente preparada para inventar nomes, sobrenomes e propagandas sofisticadas, capazes de iludir gente humilde de nossa terra que planta. E tem gente que usa sofisticados meios para convencer quem compra os produtos que resultam desta engenhosa produção (de alimentos e de valores agregados).

Agrotóxicos e Saúde: esta edição do Sala de Convidados fala sobre agrotóxicos e os males que eles fazem à saúde. embora uma vasta gama de pesquisas científicas demonstrem o mal que os agrotóxicos fazem à saúde das pessoas que consomem os alimentos pulverizados com eles e à saúde dos trabalhadores do campo que aplicam os pesticidas, o Brasil ainda é um dos maiores consumidores mundiais desses produtos. E ainda há setores na sociedade que querem diminuir o controle sobre eles.

“Venenos ilegais contaminam o que você come”, estampa um jornal de grande circulação. Dos venenos legalizados o jornal não falou. Pagamos pela ilusão de produtos bonitos e saudáveis ao comprarmos verduras e frutas lindas e brilhantes, mas que escondem malefícios na sua cor, na sua textura e na sua aparência justamente pelo efeito de produtos tóxicos e, na maioria, nocivos à nossa saúde.

Os homens inventam coisas que matam e que curam, sem nenhum constrangimento, porque agem em nome do progresso e da ciência. Resta saber como cada um decide o que consumir saudavelmente. Quem morre ou quem se cura é sempre a gente. O problema é que não temos poder nenhum sobre a produção. Resta saber o que nos resta!

Pacote do veneno é aprovado em Comissão na Câmara dos Deputados. Projeto representa graves retrocessos à saúde e ao meio ambiente, ao afrouxar a atual Lei de Agrotóxicos; Idec e outras organizações são contrários a sua aprovação. Veja mais.

 

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