Racismo

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A sociedade racista desenvolve
mecanismos diversos –
uns mais sutis, outros nem tanto –
de restrição, limitação e exclusão social.


Em 1863, entrava em vigor nos Estados Unidos o Ato de Emancipação, assinado pelo presidente A. Lincoln, libertando cerca de 4 milhões de escravos negros.

Entretanto, as desigualdades econômicas, sociais e de saúde continuaram a marcar a vida dos negros norte-americanos. O racismo continuou latente. Assim, após anos de ressentimento, a morte de G.Floyd foi a gota d’água para a explosão do movimento civil – muitos outros já se registraram na história americana –, que hoje se espalha por vários estados.

A frustração é potencializada pelo contexto criado pela pandemia – no qual 40 milhões de americanos se registraram como desempregados para obter benefícios – e que afeta de forma desproporcional as minorias negras e latinas.

Aqui, 132 após a abolição da escravidão o quadro não é muito diferente. Na última semana um garoto de 14 anos, João Pedro, foi vítima de uma “bala perdida”, em função de uma desastrada operação da Polícia Federal.

Você já percebeu que as “balas perdidas” sempre encontram de preferência negros!! Isto é o resultado de uma sociedade que convive histórica e estruturalmente com o racismo, que perpassa as relações sociais e inscreve no país uma forma particular de convivência entre desiguais.

O racismo molda uma sociedade que se assenta na existência e naturalização da desigualdade e dela faz uma base específica de apoio e funcionamento.

Sob a ideologia racista, o fenômeno da pobreza, miséria e violência e, mais grave, sua persistência, não se impõem como um problema social. Pelo contrário, apresenta-se normalizado, parte da paisagem social.

Durante sua campanha à presidência, Bolsonaro em um discurso, comparou um negro a um bovino, afirmando que o mesmo deveria pesar mais de 80 arroubas e sequer como reprodutor teria utilidade.

“A desigualdade que se naturaliza no seio da nossa sociedade forja uma estrutura racialmente hierarquizada sob a égide do racismo. O racismo transforma diversidade em desigualdade”, segundo o Doutor em Economia pela Universidade Paris I – Sorbonne, Mário Theodoro.

A sociedade racista desenvolve mecanismos diversos – uns mais sutis, outros nem tanto – de restrição, limitação e exclusão social. Sujeita o indivíduo negro a barreiras que limitam ou bloqueiam suas condições de mobilidade social.

Associa-o à pobreza e à miséria, banaliza situações graves de constrangimento e violação de direitos que levam à alienação e no limite, à morte.

É o que demonstram os indicadores sobre os assassinatos de jovens negros e sobre as mortes acidentais por “balas perdidas”.

Em trajetória crescente, essas mortes explicitam não apenas a banalidade da desigualdade, mas a ação não constrangida da violência contra população negra.




Em entrevista a emissora alemã, Angela Merkel lamenta a morte de George Floyd e reprova o racismo nos EUA, mas alerta para sua existência também na Alemanha. A chanceler federal cita ainda a polarização na sociedade americana e classifica como “muito controverso” o estilo político de Donald Trump.

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