Matam os professores, aos poucos! Mas, re(existimos), por réstias de dignidade, pelo voto!

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O luto pela educação no Brasil se manifesta em forma de luta, também pelo voto, nestas eleições gerais. Professores e professoras alimentam-se de esperanças, para resguardar réstias de dignidade.

Matam os professores e professoras aos poucos, é verdade, e já faz bom tempo.

Matam-nos tirando a dignidade da profissão, o reconhecimento social do nosso ofício e o pagamento justo por nosso trabalho (salários). Matam-nos tirando os direitos duramente conquistados e que davam a esta profissão uma perspectiva de carreira, de estabilidade e de serenidade, garantindo transformação humana, transformação do conhecimento e transformação social. Sim, pois cada momento histórico faz as suas transformações.

Fazem alguns anos que a educação deixou de ser pauta, com perspectivas mais concretas de contribuir, efetivamente, com o desenvolvimento humano, social, cultural e econômico do Brasil.

Será por que a educação perdeu importância ou por que é estrategicamente esquecida para dar lugar a outras pautas já tão debatidas, vencidas e que não resolvem problemas, mas criam mais embaraços para os desafios imensos do Brasil?

Diferente de outras eleições gerais, nesta eleição de 2022, o tema educação e seus desafios, sobretudo de valorização dos docentes, de reestruturação dos espaços educativos, de avanços na aprendizagem dos estudantes, ficou à margem dos debates e das discussões. Nem parece que saímos há pouco de uma pandemia que impactou incrivelmente todas as áreas da sociedade, e também a educação.

Aliás, o que mais vimos nestas eleições de 2022 foi a falta de educação, a falta de argumentos, os mais escabrosos ataques pessoais, a falta de ética, a divulgação de mentiras, a disseminação de ódio e de desprezo à maioria de nossa população. Este não é um problema dos professores e professoras e nem dos sistemas educacionais, sejam eles municipais, estaduais ou da rede privada, mas, mesmo assim, envergonha esta classe que tanto trabalha pela melhoria das condições humanas, culturais e sociais das nossas comunidades.

A deseducação é de uma parcela da sociedade que, de forma doentia e perversa, autoproclama os ideais da ignorância, do ódio e da imbecilidade.

“A ignorância não é uma virtude”, escreveu o professor e advogado Alcindo Batista da Silva Roque, em artigo publicado no site: https://www.neipies.com/a-ignorancia-nao-e-uma-virtude/. Assim se manifestou Roque:

“…se não sabemos quem somos, o que e como pensamos sobre as coisas do mundo; o que foi vivido, o que vivemos e como iremos viver, repudiando a importância da filosofia e do estudo histórico, não estamos empobrecendo a consciência individual e coletiva para manter e propagar modelos de dominação, que tem no obscurantismo e na desinformação as formas mais eficientes para não se submeter a análises críticas?

Na mesma linha de pensamento, jornalista Luiz Carlos Schneider escreve:

“Quando a ignorância bate à porta

Quando batem a porta para a racionalidade, então a ignorância bate à porta. Quando fecham a porta para o conhecimento, a pesquisa e o ensino, escancaram a porta para a ignorância. Quando as portas estão fechadas para o diálogo, a ignorância fardada pela truculência já se instalou. Quando não há mais portas para o contraditório, a razão evaporou pela janela. Quando não encontramos portas para a igualdade, a ignorância oprime vidas pelo ralo”. Leia mais: https://www.neipies.com/desinfeccao-da-ignorancia/

Por réstias de dignidade, resistimos, votando nestas eleições gerais de 2022.

Seja pelo necessário combate a esta verdadeira onda de ignorância que tomou conta de nossas comunidades, cidades, estados e país, os professores e professoras resistem por acreditarem na escola e no conhecimento como elementos propulsores da humanização. Humanização aqui entendida como tornar-se melhor ser humano, através de conhecimentos críticos e reflexivos.

Seja pela valorização docente, das diferentes práticas pedagógicas, da liberdade de cátedra, da autonomia das escolas, professores e professoras resistem por acreditar, como ensinou Paulo Freire que “a educação não muda o mundo, a educação muda das pessoas. E as pessoas, mudam o mundo”.

Seja pelo amor à humanidade, pela valorização da ciência, pelo respeito aos cientistas, pela esperança de dias melhores, por uma verdadeira valorização dos profissionais da educação, professores e professoras votam nestas eleições em candidatos que demonstram, por suas trajetórias e propostas, que podemos avançar no Brasil e no RS, a partir da educação, do conhecimento e da ciência.

Transformemos luto em luta! Nas nossas casas, nas escolas, nas ruas e nos círculos de convivência dos professores e das professoras das redes públicas do Brasil, militar é um verbo. Pela dignidade docente! Pela educação pública, de qualidade social.

Réstias de dignidade nos impulsionam a ainda esperançar nestas eleições! Para além da desvalorização de nossa dignidade docente (infelizmente em curso na sociedade brasileira), não suportaríamos mais a estupidez, o desdém, o deboche e o desprezo de quem se apresenta para dirigir o nosso Estado na mesma linha do que vem sendo governado o nosso amado Brasil.

Autor: Nei Alberto Pies

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