Mansos demais com os fascistas

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Não podemos ficar omissos,
nos limitando a abaixo-assinados
e ações institucionais que são importantes
na luta democrática, mas não suficientes.


“A ideologia fascista rejeita o pluralismo e a tolerância. Na política fascista, todos, na nação escolhida, compartilham uma religião e um modo de vida, um conjunto de costumes.

A diversidade dos grandes centros urbanos, com sua concomitante tolerância em relação à diferença, é, portanto, uma ameaça à ideologia fascista”, é o que ensina o professor de filosofia da Universidade de Yale, Jason Stanley, no livro Como Funciona o Fascismo.




O Intercept Brasil conversou com o autor de ‘Como funciona o fascismo’, Jason Stanley. O filósofo explica como Bolsonaro e Trump se enquadram em sua definição de forças fascistas – e como a crise do coronavírus pode ser usada por eles.

No Brasil de Bolsonaro, é o que estamos assistindo ao um ritmo alucinante. Há uma clara relação entre a eleição de 2018 e o crescimento do discurso do ódio, que incluí uma gama de manifestações de racismo, xenofobia, crimes contra a vida e intolerância religiosa – além de apologia ao nazi-fascismo.

A atuação do grupo dos 300 do Brasil e de sua líder – atualmente presa – Sara Winter que, não por acaso, usa o nome de uma espiã nazista, é a face mais visível, mas não a única, do aumento preocupante de manifestações de cunho autoritário, paramilitar e claramente fascista. Um dos alvos deste grupelho xiita é o STF, contra o qual disparou fogos de artifício.

A aglutinação desta direita extremada, que flerta com o neonazismo foi atiçada pela eleição de Bolsonaro. O que antes era considerado imoral, hoje vai se tornando palatável para uma camada social que se sente reprimida em seus direitos. Tudo em nome da Pátria, da Família e de Deus, claro.

Estes grupelhos não podem ser vistos como inofensivos. Na verdade, são criminosos que desrespeitam as leis ao exaltar ideologias banidas legalmente e que pregam uma ruptura institucional.

Seus discursos mostram indícios contundentes de nenhuma afeição nutrida pelo saudável sistema de freios e contrapesos da democracia e onde o STF, alvo de seus ataques, exerce um papel preponderante.

A História tem esses momentos de encruzilhada, em que um fato pode mudar o destino da nação. Não podemos ficar omissos, nos limitando a abaixo-assinados e ações institucionais que são importantes na luta democrática, mas não suficientes.

A disputa nas ruas que já começou a acontecer não é secundária. Define o clima social e ajuda a alterar a correlação das forças políticas. É preciso dar um basta às agressões covardes e sinalizar que há resistência aos desmandos bolsonaristas.

“A democracia brasileira precisa impedir que os jagunços da Pátria, a família da Casa Grande e o deus Füher se encontrem; antes que seja tarde”, assevera o doutor em sociologia Marcos Rolim.

Hoje estamos divididos entre quem defende a democracia e é antirracista, de um lado, e os fascistas de outro. O protesto é fundamental. Nas janelas, nas redes ou nas ruas.

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