Mais apego, mais dor?

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Talvez o segredo esteja mesmo no despojamento. Desapegar-se não apenas das cargas e riquezas materiais, mas também dos afetos, dos ressentimentos, das mágoas e ódios… e dos amores.

Eu posso entender as pessoas, como meu pai, sofreu muito depois que mais de 60 anos de convívio com a minha mãe, interrompidos pela sua partida. Talvez essa perda fez desgastar muito da sua vontade de permanecer nesse plano.

Admiro esse amor que despreza o tempo e a senescência da carne. No caso dos meus pais, houve uma união que se manteve firme e forte, algo cada dia mais difícil de encontrar em um mundo de amores fugazes e inconstantes.

Apesar da imagem positiva que sempre guardei dessas uniões, não vejo nelas um valor absoluto. Não há porque acreditar que os casamentos – de qualquer tipo – deveriam continuar para além do tempo em que são úteis e construtivos a ambos. Parece que todos admiram e invejam relações duradouras, mas poucos são aqueles que sabem os martírios que por vezes estão escondidos por trás dessas uniões.

É comum a gente se apiedar do sobrevivente que fica entre nós quando a morte leva o parceiro. A gente diz “coitado” ou “tadinha” porque sabe que a morte de um será devastadora para o outro.

Já a morte de alguém que nos é indiferente não nos maltrata nem desanima. Parece que amar é investir na dor de perder. “Amam-se tanto que o amor deles é sua maior fragilidade”.

A nossa pressa nos trai, nos incomoda, nos atormenta, nos persegue, nos escraviza. A oportunidade de amar nos liberta do tempo e também do espaço. Viva o agora no amor e se eternize no agora permanente. (Autor Gerson Schmidt) Leia mais:!

Como um avarento que, de tão apegado às posses, sofre por antecipação pelo medo de perder sua riqueza. Talvez o segredo esteja mesmo no despojamento. Desapegar-se não apenas das cargas e riquezas materiais, mas também dos afetos, dos ressentimentos, das mágoas e ódios… e dos amores. Quanto mais apego, mais dor.

Em outra publicação no site, refletimos sobre a importância das religiões na vida das pessoas. Escrevemos: “não peço que acreditem em Deus ou nos espíritos, até porque não exijo isso sequer de mim. Entretanto peço um pouco de respeito com a forma com a qual as pessoas traduzem para si o enigma da existência”. Leia mais!

Autor: Ricardo Herbert Jones

Edição: Alex Rosset

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