Liberdade de ensinar e de aprender

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Amordaçar docentes e discentes com restrições é impedir a aprendizagem e negar aos educandos e às educandas o acesso ilimitado e irrestrito a tudo o que de mais significativo a humanidade acumulou sob o nome de conhecimento, expresso nas suas mais diversas formas e nos mais diversos assuntos.

A aprendizagem é prática da liberdade. Não se aprende (e nem se ensina) em ambientes nos quais cada sujeito não dispõe de condições para que leia criticamente o que já sabe, perceba o quanto ainda precisa aprender e se coloque em posição de buscar o novo, sem medo. O medo e imobilizador e, sem movimento, não há aprendizagem. Basta recuperar a história para ver que assim é que o conhecimento produziu inovações, assim é que se enfrentou os “idola” e se criou… assim segue sendo nas melhores escolas e nas mais recomendadas práticas pedagógicas.

Amordaçar docentes e discentes com restrições injustificadas como as que vêm sendo proposta por parlamentares de extrema direita – o que, aliás, é típico e próprio de quem se posiciona neste espectro político – é impedir a aprendizagem e negar aos educandos e às educandas o acesso ilimitado e irrestrito a tudo o que de mais significativo a humanidade acumulou sob o nome de conhecimento, expresso nas suas mais diversas formas e nos mais diversos assuntos.

E a educação é um direito de todas e todos, particularmente das crianças e dos adolescentes, cabendo o seu exercício no mais amplo das possibilidades, contanto que não afronte a Constituição e os Tratados de Direitos Humanos aos quais o Brasil e signatário. Como tudo, tem limites, mas eles são estabelecidos em normativas própria e previstas na legislação educacional e suas normativas.

A educação é responsabilidade compartilhada entre a família, a sociedade e a escola.

Instalar a supremacia dos pais sobre os demais agentes é dar-lhes um poder desproporcional. A responsabilidade que têm com o que seus filhos e suas filhas aprendem sempre poderá e deverá ser exercida, fazendo acompanhamento, em diálogo com docentes e Escola. Mas exigir que docentes submetam aos pais temas previstos para serem desenvolvidos pelas normativas educacionais, pelos parâmetros curriculares e outras orientações públicas é suspeitar que docentes cumpram suas obrigações e sejam responsáveis no tratamento dos temas para os quais foram formados e estão habilitados.

Reascender fogueiras e reinstalar tribunais de exceção é inaceitável, na escola, então, mais ainda! Pela liberdade de ensinar e de aprender!

Autor: Paulo César Carbonari, doutor em filosofia, professor e militante de direitos humanos. Também publicou no site a reflexão “O pensamento tornou-se cego”: https://www.neipies.com/o-pensamento-tornou-se-cego/

Edição: A. R.

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