Imposições da pandemia em 2020: vida material e reconexão intencional e consciente

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O funcionamento das mentes consciente e subconsciente, os hábitos, construídos pela repetição de comportamentos e as crenças representam a base, o fundamento ou essência de cada ser humano, está sendo desafiado para se repensar e se adaptar, diante das imposições de uma nova época.

Um vírus disseminado em 2020 está sendo responsabilizado pela abreviação da trajetória material de milhares de pessoas. Entre as características das vítimas, pode estar incluídos um histórico de auto cuidado precário com o corpo e com a mente. Estes cuidados são de auto responsabilidade, contudo o modelo de produção material e de satisfação psicológica é um aspecto central para uma descrição apropriada do que estamos vivendo.

A relação entre modelo educacional, o produtivismo e consumismo ilimitados, para atender necessidades secundárias ou artificiais precisa ser detectado e ressignificado para que a vida seja priorizada.

A relação entre mente e comportamento é complexa e sua conexão é, em grande medida, desconsiderada pelos modelos educacionais. Trata-se de uma relação tematizada insuficientemente, pela ciência hegemônica de base cartesiana materialista, que considera a mente algo imaterial e separado do corpo material.

No entanto, o funcionamento das mentes consciente e subconsciente, os hábitos, construídos pela repetição de comportamentos e as crenças representam a base, o fundamento ou essência de cada ser humano, que está sendo desafiado para se repensar e se adaptar, diante das imposições de uma nova época.

A crise dos modelos educacionais lineares, sejam eles escolares ou familiares, focados da transmissão padronizada de conhecimentos pré-estabelecidos, já estava sendo substituída por modelos que consolidam comportamentos ativos de todos os sujeitos envolvidos.

Com a ampliação no uso da tecnologia para acessar informações, os educadores, sejam eles pais ou professores, definitivamente, devem assumir a função de mediadores e não detentores da informação ou do conhecimento.

Mais do que um mero desafio se trata de uma revolução, pois atinge e um aspecto central, constituidor da própria identidade, impondo uma mudança no comportamento, no sistema de crenças, no funcionamento do aparelho psíquico e no modo de pensar.

O desenvolvimento da capacidade de se adaptar e sobreviver, diante das novas imposições, será uma referência relevante para o sucesso individual e coletivo. A construção de novos hábitos é o fator decisivo e possibilitará que algumas pessoas alcancem seus objetivos, enquanto outras permanecem presos ao comportamento distópico, diante da nova época que está em curso.

Esta mudança de hábitos exige que as decisões feitas “no piloto automático”, baseadas em ideias já estabelecidas em nosso inconsciente, sejam substituídas por decisões refletidas, criativas, inovadoras e intencionais.

As mudanças impostas em 2020, sugerem um espaço maior para reflexões, a respeito das conexões entre necessidades básicas e secundárias ou artificiais, entre o ser humano e a natureza, bem como dos seres humanos entre si. Nisto deve estar incluído uma atenção privilegiada para obsolescência do acúmulo material e para as conexões entre as dimensões físicas e imateriais ou mentais da existência.

Para quem deseja êxito diante das imposições, uma das alternativas é aumentar a atenção e os cuidados com as conexões entre a mente consciente, que constrói as intenções, os hábitos e comportamento.

Professor universitário e da rede pública estadual.

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