O folclore uniu-se à história de nossa cidade,
tratando o futebol como mais uma das
mais eficazes formas de unir povos e culturas.

 

O Festival Internacional de Folclore de Passo Fundo, XIV edição, 2018, ocorreu entre os dias 17 a 25 de agosto de 2018, numa promoção da Prefeitura Municipal de Passo Fundo, tendo também a aprovação do Ministério da Cultura, através da Lei Rouanet. Esta edição do Festival destacou como temas e novidades a inclusão e o esporte como uma construção cultural, capaz de promover a paz e a integração entre os povos e culturas.

Nesta edição, houve a participação e apresentação de 12 grupos internacionais e 62 grupos nacionais brasileiros e 160 pessoas voluntárias.

Quanto ao tema da inclusão, foi montada uma logística especial para que pessoas com deficiência pudessem participar ativamente do Festival como participantes (grupo da Colômbia) ou como público que assistiu às apresentações.

Paulo Dutra destaca o reconhecimento que o Festival recebeu da FIDRF (Federação Internacional de Festivais de Folclore), indicando o mesmo para concorrer a Melhor Festival do Mundo. A premiação ocorrerá no mês de setembro, na Coréia do Sul.

Passo Fundo e influências na formação de seu povo e sua cultura

O professor de Literatura da UPF (Universidade de Passo Fundo), Eládio Vilmar Weschenfelder é um grande colaborador das diferentes iniciativas literárias, de cultura, de folclore e de teatro em Passo Fundo. O professor faz uma leitura da história da nossa cidade.

Destaca que, desde o início da história de nossa cidade, “o vilarejo de Passo Fundo, hoje polo regional do Norte rio-grandense, viveu, ao logo de sua história, eventos antagônicos, com períodos de paz e guerra, dividindo opiniões e pessoas a ponto de, seus desdobramentos políticos provocarem batalhas campais, resultando na morte de centenas de seus cidadãos nas batalhas, inicialmente com arcos e flechas, adagas e facões, espingardas e canhões, resultando no caos humanitário, posto que não havia médicos e hospitais para salvas vidas e curar os feridos, nem palavras e canções para consolar seus familiares. Isso, na acepção de Heráclito de Éfeso, significa que “…a guerra é mãe e rainha de todas as coisas; alguns transforma em deuses, outros, em homens; de alguns faz escravos, de outros, homens livres”.   

Continuando sua reflexão, baseada em pesquisas e estudos sobre a história de nossa cidade, Eládio acrescenta: “dando tempo ao tempo, foi preciso transformar os efeitos do arco em lira, como entendia Octavio Paz. Ou como Fênix, pássaro simbólico da mitologia grega, que renasceu das suas próprias cinzas, o povo de Passo Fundo refez-se dos destroços, reerguendo-se com a instalação de dois grandes hospitais (Hospital São Vicente de Paulo e Hospital da Cidade) e fundando dois grandes clubes de futebol (Esporte Clube Passo Fundo e Esporte Clube Gaúcho)”.

Conforme acredita o professor, “as quatro instituições sublimaram as diferenças políticas e religiosas. Todavia, mantêm, simbolicamente e folcloricamente, seus matizes ideológicos, figurativamente manifestos em cores e bandeiras e formas de serviço.

Do homem guerreiro, bárbaro, surge o Homo Ludens, moderno, o homem que joga uma tipologia esportiva visando o lúdico. O genuíno tipo passo-fundense, que aliado aos que aqui chegaram para construir a cidade e fazer história, construiu um caldo cultural, histórico e folclórico, facilmente identificado nas personagens artísticas, nos esportistas, nos vanguardistas nas legendas que revelam as múltiplas faces dos passo-fundendenses, dentre os quais, o Gaúcho de Passo Fundo (Teixeirinha), a Salomé (Chico Anísio), o Bebeto (Canhão da Serra), o Felipão, os irmãos Gustavo e Murilo Endress, o Yamandu Costa, a dupla Oswaldir e Carlos Magrão, a professora Tânia Rösing, dentre tantos outros e outras.

Desdobramento de suas ações estão os monumentos, eventos e lendas que dão estamento ao rico e variado folclore regional passo-fundense, dentre eles, a lenda e a Praça da Mãe Preta, a Cuia e o Chafariz da Praça Floriano Peixoto, o monumento a Teixeirinha, o Largo da Literatura, os pórticos da Cuia, da Chaleira e das Botas (Roselândia), os Túneis das Letras, a Academia Passo-fundense de Letras, os prédios da antiga prefeitura, do Itaú e do Hotel Glória e da antiga Gare (Estação Ferroviária). Soma-se a tudo isso, as instituições que dão suporte cultural a Passo Fundo: a Universidade de Passo Fundo (50 anos), a Academia Passo-fundense de Letras (80 anos), os CTGs e as Companhias de Teatro, dentre outras”.

O Festival Internacional do Folclore de Passo Fundo de 2018 promoveu e enalteceu o esporte de nossa cidade: o Esporte Clube Gaúcho e o Clube Passo Fundo. O folclore uniu-se à história de nossa cidade, tratando o futebol como mais uma das mais eficazes formas de unir povos e culturas.

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