Divagações

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A poesia contém uma indispensável inutilidade.
Sem ela, o bicho-homem é sensivelmente menor”.
(Joaquim Moncks)

O tempo mistura as emoções,
numa espécie de verdade da alma.
Vagueia o pensamento na calma da noite,
na busca incessante de sentido,
tal como o faminto busca a comida.

Faz parte da vida a comida,
pela certeza, pela claridade, pela necessidade.

O tempo mistura as emoções.
Aquieta os sentimentos.
Adormece a experiência.

O pensamento traz tudo a tona.
Mostra o que está aquietado,
num embalo entre a razão e a saudade.
Envolve a ferida na capa do tempo.
Momento de outra verdade.

***

Pensando…

Vazios de lugares, vazios de pessoas, vazios de sonhos, vazios de projetos, vazios de presente, vazios de futuro…vazios na Vida.
As experiências não são rascunhos, que se apagam com borracha. Deixam marcas, indeléveis.

***

Agora

Agora tudo é silêncio,
Momento de mansidão
E mais nada.

Tenho saudades da menina perdida,
Das tardes da minha aldeia,
Das sombras do meu plátano,
Do balanço da rede,
Dos livros, que deleitavam
Meu tempo de lazer.

Meu agora é outra construção
De afetos e rebeliões,
De lugares e emoções.
A mulher encontra a menina
E, pequeninas, ambas se abraçam
E se amparam
Em suas mútuas solidariedades.

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