As crianças só realizarão seus sonhos na idade adulta
se desde cedo começarem a receber conhecimentos e incentivos
que sirvam para alicerçar as estradas das suas vidas num futuro próximo.

 

A bailarina
Cecília Meireles

Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
[…]
Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.

Se perguntarmos a uma criança o que ela quer ser logo receberemos uma resposta. As crianças assim como os adultos têm sonhos, desejos, vontades. Ainda estão na fase do ser, ser isso ou aquilo, ser algo bonito, algo que impressione os adultos.

Apesar de tão pequeninas sabem bem falar dos seus desejos, sem levar em conta as dificuldades e obstáculos que sofrerão ao longo da vida para alcançarem essas vontades. Mas é desde a tenra idade que se constrói na criança uma vontade enorme de querer conquistar o mundo, salvar o planeta, proclamar a paz.

A bailarina de Cecília Meireles queria ser bailarina. E as nossas crianças o que querem ser? Será que sabemos? Algumas crianças mudam de ideia o tempo inteiro. Hoje querem ser bombeiros, médicos, enfermeiros, juízes, professores amanhã querem ser músicos, escritores, pintores.

É para que tenham sonhos que colocamos as nossas crianças nas escolas, que vigiamos os seus sonos nas madrugadas friorentas, que nos preocupamos com os seus desempenhos nas escolas. Só poderão realizar os seus sonhos na idade adulta se desde cedo começarem a receber conhecimentos e incentivos que sirvam para alicerçar as estradas das suas vidas num futuro próximo.

Quando uma criança diz querer ser alguma coisa, ficamos preocupados se é algo simples demais, pois como vivemos num mundo de ambições, concorrências e disputas achamos que as nossas crianças não estão num bom caminho querendo ser uma coisa tão simples. Trocamos a criança de escola, mudamos seus brinquedos, vigiamos seus amiguinhos, procuramos onde está o erro. Por essa razão vemos tantos adultos depressivos exercendo profissões que não foram escolhidas por eles, mas pelos pais.

Deixemos que as nossas crianças escolham o que querem ser, não nos preocupemos com o que dizem hoje, elas terão as suas próprias opiniões quando crescerem.

A preocupação que devemos ter com as crianças é a de uma formação virtuosa e zelosa para com o nosso próximo. Que as nossas crianças nunca se tornem egoístas, pior vício de uma pessoa.

Contudo, como toda criança que brinca de ser bombeiro o dia todo, que corre, pula, cai aqui e acolá, sobe em árvores, imagina voar em cavalos de cabos de vassoura… essa criança também quer dormir igual as outras na sua cama abraçada ao seu travesseiro ou ursinho de pelúcia. Ao final do dia brincou tanto de ser gente grande que à noite só quer descansar e esquece quem será amanhã para viver um novo sonho na madrugada.

Assim são as crianças ao nosso redor: elas querem apenas viver num mundo da imaginação, espelham-se em nós, geralmente desejam ser iguais aos pais, professores ou familiares, costumam imitar um desses.

Toda criança quer ser um herói da televisão, dos quadrinhos ou dos cinemas. Elas sentem que precisam ser boazinhas e ajudar as pessoas como fazem os seus heróis. Querem ter poderes sobrenaturais, poderes que não veem nos adultos e que não têm, mas gostariam de ter.

Assim como a menina que quer ser bailarina de Cecília Meireles, conheço muitas que gostariam de ser princesas, conheço meninos que gostariam de ser jogadores de futebol e tantos outros desejos de querer ser alguém nessa vida cheia de contradições e competições.

O melhor que fazemos é ensinar as nossas crianças o valor de uma competição, que elas sejam ensinadas a saber perder, a lutar pelos seus sonhos, mas nunca desanimarem diante das perdas.

Deixemos que as nossas crianças sejam tudo o que quiserem e que possam bailar no ar, feito a menina de Cecília Meireles, ou que elas queiram ser simplesmente grandes, como respondem muitas.

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