Vivemos tempos em que se tornam cada vez mais complexos os processos de ensino-aprendizagem. O mundo atual move-se com velocidade, dando clara sensação de que nada é duradouro; de que tudo está em permanente transformação.

A escola, espaço instituído socialmente como referência para construção do conhecimento, integração e convivência social, está desafiada a acompanhar todos os movimentos deste momento histórico, mas sem abrir mão de sua principal função contemporânea: ser lugar da sistematização, de informações e de conhecimento.

A educação escolar é uma forma específica de estabelecer a relação de ensino-aprendizagem. É instituída pela sociedade como mediação para a vida social. Nela, a relação entre o sujeito professor/a e o sujeito estudante/educando/a forma o núcleo central. Os conhecimentos, as linguagens, as técnicas, os conteúdos, muitas vezes assumem o lugar central na educação escolar. Mas, é na relação entre os sujeitos que está o núcleo forte da educação. Daí que, imaginar que um dos sujeitos seja transformado em “lugar comum”, ou transformar a própria educação num “lugar comum”, é inviabilizar qualquer mediação, é não fazer educação.

O centro da vida escolar deveria estar na relação. Não nas tarefas, nos livros, nas técnicas, nos conteúdos, nos horários, nas normas, nas estruturas, enfim, nas coisas. Não aprendemos nunca das coisas, aprendemos dos outros, da relação que estabelecemos com os outros, com as outras pessoas. As coisas todas são necessárias e importantes, mas elas só subsidiam, nunca substituem as relações.

Talvez o maior desafio que temos nos dias de hoje nos quais estamos imersos em muitas “quinquilharias pedagógicas” seja o de reencontrar o caminho da relação. Não se trata de não tomar em conta as boas coisas que auxiliam esta relação, mas se trata de escolher somente aquelas coisas que se prestam a oportunizar boas relações de aprendizagem.

Os seres humanos nascem relação e se fazem na relação. Fora dela não existe vida humana. Relação existe quando o outro aparece na relação como outro, não como o mesmo, como qualquer um, como um comum, um “lugar comum”. É da diferença que brota a possibilidade de relação. É do reconhecimento que brota a qualidade da relação.

O professor e a professora são seres em relação. Mediador/a da construção de aprendizagens. É ele/a um colaborador/a para construir condições para a sistematização das informações, hoje amplamente disponíveis, para a orientação do estudo, para a promoção do diálogo e da convivência que transformam informações em conhecimento e conhecimento em práticas vitais.

Nada vale o conhecimento que se fecha em si mesmo; nada vale a vida que não é partilhada; nada vale aprender se não for para compartilhar com os outros. Professor/a é com os outros, no educar educando-se e no educar-se educando.

Ora, aprender e ensinar só podem ser entendidos em relação; constituem-se na relação e constituem relações. Por isso é que a educação é essencial à vida humana e acontece o tempo todo, em todo lugar e ao longo de toda a vida.

A educação é, acima de tudo, uma mediação para a humanização das pessoas através das relações educativas. Afinal, a educação é, acima de tudo, a construção da diferença, é fazer a diferença. Nela não há lugar para a mesmice, a repetição, o “lugar comum”.

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