Alegria e tristeza: dimensões da existência humana

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A frustração e a tristeza são elementos constitutivos inevitáveis da existência
e condições de possibilidade para a percepção da felicidade.
A existência humana sempre está acompanhada de tristeza e de alegria,
sendo que é possível perceber com maior ênfase uma das dimensões.

 

 

O aumento no consumo de substâncias que atuam no sistema nervoso central, caso dos psicofármacos, atende a razões cuja investigação é de grande relevância. As influências da ingestão química no funcionamento da percepção são complexas e devem ser cuidadosamente avaliadas, visto que as percepções das situações de vida contemporânea, independentemente de intervenções químicas na mente, podem ser entendidas como sofrimento ou como oportunidade.

A existência humana sempre está acompanhada de tristeza e de alegria, sendo que é possível perceber com maior ênfase uma das dimensões. No entanto, não é possível perceber adequadamente uma sem ter consciência da existência da outra.

Os cuidados na promoção da saúde mental podem ser entendidos como um exercício relevante na ampliação dos espaços de intervenção da psicologia. Os méritos desta intervenção podem ser visualizados nos conceitos de cuidado e de promoção da saúde.

O significativo aumento da patologização e dos tratamentos químicos de sintomas podem ser um indicativo não explícito do confronto entre os interesses dos indivíduos na própria saúde e os interesses do conjunto de empresas envolvidas com a fabricação e comercialização de psicofármacos.

A explicitação e a mediação dos interesses diversos, que envolvem as partes desta relação, é um campo fértil para a atuação da ciência que trata da mente.

De acordo com a análise de Zygmunt Bauman, o modo de vida no atual modelo de sociedade é precário, vivido em condições de incerteza e falta de segurança. Com um alto índice de violência e a aceleração das atividades cotidianas, seja na profissão ou nos estudos, somos influenciados a viver supostamente protegidos da insegurança material e do sofrimento existencial.

 

“O mundo debocha de nossas fórmulas de felicidade. A vida é feita de forma robusta pela tristeza”.
Interessante vídeo de Clóvis de Barros Filho: Sobre Caminhos e escolhas.

 

 

Na intensidade da vida cotidiana, com avanços do conhecimento, o uso da tecnologia representa facilidades sedutoras, com a promessa de atingir um nível melhor de bem estar físico e mental. Atendendo a expectativa de um melhor funcionamento mental, inclui-se o aumento do consumo de substâncias químicas.

Buscamos, por diferentes meios, alternativas para escaparmos das experiências dolorosas, vislumbrando um utópico estado de satisfação.

O acesso aos avanços tecnológicos nos proporcionam satisfações e, em muitas circunstâncias, um aprimoramento da qualidade de vida, favorecendo a dinamização e o uso do tempo para atividades mais aprazíveis.

Simultaneamente ao fato de termos obtido um considerável desenvolvimento material, nos diluímos enquanto pessoas, pois orientamos, consciente ou inconscientemente, nosso comportamento por um ideal equivocado de felicidade exclusiva. A frustração e a tristeza são constitutivos inevitáveis da existência e condições de possibilidade para a percepção da felicidade.

 

 

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