O professor de História tem a mesma
bagagem universitária de um advogado, um médico,
um engenheiro e um jornalista e, como estes,
também tem opinião e convicções.

 

Nos dias atuais, uma das funções que se tornou alvo de intensa vigilância e verdadeira perseguição por segmentos da extrema-direita é a de professor de História. Alguns andam com medo.

Sua formação lhe possibilita tomar o passado e o presente como objetos de seu estudo e da sua análise crítica. Daí passou a ser visto como perigoso, já que o conhecimento usado como ferramenta de reflexão, gera transformação.

Isto acontece desde os tempos da Grécia antiga. Por isso, os pensadores, os filósofos e educadores eram recebidos com rancor e inconformidade. A fúria dos intolerantes matou Sócrates.

Numa aula de História os estudantes aprendem a analisar o passado e a pensar sobre o futuro; a ter e a dar opinião; a dialogar com seus pares, sem levar em conta gêneros, etnias, cores, classes etc.

“A aula de História compartilha o mistério da generosidade, porque ela inclui ao invés de excluir” (Nilton Mullet Pereira – Historiador-UFRGS)

Foto: Divulgação

O professor de História tem a nobre missão de levar às novas gerações o estudo do passado de forma contextualizada. Não de forma ingênua, fria e neutra. Cabe a ele o estudo crítico da herança deixada pelas gerações anteriores.

Ser imparcial não significa não ter opinião. O professor de História tem a mesma bagagem universitária de um advogado, um médico, um engenheiro e um jornalista e, como estes, também tem opinião e convicções.

A análise crítica ele faz em um ambiente aberto, de respeito pelas opiniões e, é óbvio, com a garantia do contraditório.

O patrulhamento vem dos defensores da estapafúrdia tese da “escola sem partido”, donos de uma compreensão das mais estreitas do que é educação e do que é ensinar.

 O que é a Lei Escola sem Partido? 

 

Tais pessoas, de um reacionarismo espantoso, acreditam piamente no mito da neutralidade da ação docente, segundo o qual, o professor não tem cara, não tem lado, não toma partido, não pensa, nem intervém de modo transformador na realidade social.

Dizem que querem acabar com a doutrinação, mas é justamente a sua doutrinação que eles querem impor às escolas.

Como asseverou o historiador e doutor em educação pela UFRGS, Nilton M. Pereira “perseguir, vigiar, desconfiar de professores em função de sua aula é um ato de barbárie”.

O passado nos legou lições de sociedades doentes que permitiram colocar barreiras para o pensamento e para a educação da juventude, com resultados desastrosos.

Gravar aulas de professores foi incentivada por uma deputada eleita em Sta. Catarina, mas ela ia para a sala de aula com camiseta do Bolsonaro. O presidente eleito também se mostrou favorável a este tipo de censura e patrulhamento. Uau!

O ensino de história é a base da formação do cidadão político. Obviamente ela trata de política, como também de economia, da sociedade e da cultura. Sua missão não é elencar meros detalhes.

É evidente que a história que faz apologia não tem nenhum valor para a educação, como também a história que não desenvolva a capacidade crítica. Para tratar história com fundamentação científica, o professor precisa desenvolver capacidades intelectuais nos alunos, caso contrário não é ensinar história.

Educar é um ato político em seu sentido histórico: a discussão da pólis em que vivemos e na qual queremos viver.

Na verdade, os defensores da “escola sem partido” querem que ela tome o seu partido. São inimigos da liberdade, da livre expressão e da educação.

Se pudessem, condenariam Sócrates a novamente tomar cicuta!

A história da educação no Brasil, assim como na maioria dos países ao redor do mundo, coincide com a história da discriminação de gênero. A formação da sociedade brasileira, marcada pelo patriarcalismo, pelo autoritarismo e pela influência da Igreja Católica, reflete diretamente na constituição da educação formal no país, com total exclusão das mulheres e afirmação do machismo”. (José Ernani de Almeida) 

Identidade de gênero

 

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