Desmandos de Moro e da Lava-jato

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O argumento de que fins  justificam os meios
não pode prosperar  numa sociedade desenvolvida.
Quando o juiz perde a imparcialidade, deixa de ser juiz.

Uma verdadeira legislação beligerante foi  introduzida no sistema  de justiça criminal brasileiro pela  Operação Lava-Jato, promovida por  uma força  tarefa  de  treze  Procuradores  da República e processada pelo então Juiz Federal Sérgio Moro.

Juristas nacionais e estrangeiros denunciaram, desde o início da operação, a  existência de uma vertiginosa policialização da  justiça  penal, mediante aplicação  sistemática  de uma lei de combate  aos “novos inimigos internos”.

Assim, a  Lava-Jato, cancelou  garantias jurídicas e políticas  constitucionais, destruiu  a economia nacional, quebrou centenas de empresas, lançou milhões  de  trabalhadores  no desemprego, no desespero e na fome, não só no Brasil, mas em vários países da  América Latina.

Depois de  sucessivas  derrotas  eleitorais, nossas  elites  conservadoras lançaram mão de uma estratégia, fundada numa legislação de guerra  garantida  pelo  crime de obstrução da justiça, para reconquistar a  Presidência da República.

O   cenário  de lutas  políticas  deslocou-se  das praças  públicas  para  o espaço judicial  monocrático  da Vara Federal Criminal do juiz Sérgio Moro.Com ele, verificou-se a potencialização da partidarização ostensiva  da  Operação Lava-Jato.

Sob verdadeira  compulsão psíquica de uma obsessão  punitiva marcada pelo abuso do poder de processar e prender ( para confessar e delatar ), a Lava-Jato  desencadeou uma radical perseguição penal contra  Lula, a maior liderança política  da história  da República.

Nesse processo inquisitorial a hipótese prevaleceu sobre os fatos no processo penal. Os dados da realidade foram subordinados às  crenças pessoais  de acusadores e julgadores, movidos por um verdadeiro messianismo, onde não faltaram arroubos de  fé.

O MPF não teve pruridos em alardear  que não tinha prova dos fatos imputados, mas  tinha convicção dos mesmos.Uau!!   Sérgio Moro e os Procuradores foram vistos como “justiceiros  sagrados” e ganharam o  status  de  heróis.

Agora, com a gradual revelação dos diálogos dos “justiceiros”, pelo jornalista Glenn Greenwald, fica  patente  como Sérgio Moro  exorbitou em suas  funções  de juiz, comandando as  ações  na  Lava-Jato.

 O  Ministério Público cumpria  à  risca  as ordens de Moro. Ele era a figura  chave  nas investigações, deixando de lado a imparcialidade que  se exige de um magistrado.

A pedra angular do estado de direito  foi  desrespeitada.  Moro, declaradamente, ajudou um dos lados do processo a  fortalecer-se. Ele e  os Procuradores  deram um mau exemplo, rompendo  as  fronteiras  da legalidade. Ninguém, ninguém está acima do que reza  o regime  constitucional.      

O argumento de que os fins  justificam os meios  não pode prosperar  numa sociedade desenvolvida. Quando o juiz perde a imparcialidade, deixa de ser juiz.  Positivamente, não é assim que   se  combate  a  corrupção.

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