Da miséria ao dano ambiental

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A miséria é fruto da incapacidade do Estado em oferecer as mínimas condições dignas de vida para a sua população. A cidade está sob uma constante cortina de fumaça e de falta de interesse das autoridades.

É evidente que a quantidade de pessoas em situação de vulnerabilidade social em Passo Fundo e em médias e grandes cidades aumentou e a situação foi agravada por conta da pandemia e pelo desgoverno Bolsonaro.

A fome está por todos lados, em muitos lares e destrói famílias afundadas na miséria e na fome. O desemprego e a falta de perspectiva levam milhares de pessoas à depressão, ao submundo das drogas, ao vício em álcool e nas mais variadas formas de violência, o que é especialmente grave quando trata-se de danos contra mulheres e crianças.

Trago este relato para discutir a problemática ambiental causada por estas condicionantes citadas e, infelizmente, invisíveis aos olhares das autoridades. A fome aguda leva ao subemprego, ao furto, ao roubo, a dor, ao sofrimento, a miséria e ao dano ambiental.

Empresas especializadas no ramo da reciclagem e de sucatas compram vários tipos de resíduos: plástico, papelão, vidro, latas de alumínio e o vilão da poluição ambiental: o COBRE. Este item possui valor agregado e isso gera muitos furtos ao patrimônio público e privado para que seja revertido em fonte de renda para pessoas que em último recurso contra a fome e a miséria, usam deste artifício para conseguir uma mínima renda capaz de financiar um prato de comida ou algumas pedras de crack.

O cobre está presente em fios de luz, nos hidrantes e na fiação de telecomunicações. Depois de receptado em ferros-velhos, o cobre acaba indo para fundições, onde é transformado em pequenos fragmentos – grãos -, para facilitar o transporte. Em alguns casos, vira matéria-prima para peças feitas em metalúrgicas locais e até fora do país.

A grande questão ambiental é que os compradores não aceitam o fio encapado, com aquela camada plástica comum nestes produtos cuja finalidade é oferecer segurança contra os choques elétricos. Diante desta condição os vendedores de cobre queimam o plástico para poder vender e acabam cometendo mais um crime, o crime ambiental.

Diariamente em todas as comunidades da cidade é possível identificar a presença de queimadas de fio de cobre, principalmente à noite e nos finais de semana, quando não há fiscalização. A fumaça deste plástico é tóxica e pode causar graves problemas à saúde e ao meio ambiente.

A miséria é fruto da incapacidade do Estado em oferecer as mínimas condições dignas de vida para a sua população. A cidade está sob uma constante cortina de fumaça e de falta de interesse das autoridades.

Autor: Wagner Pacheco – publicitário e membro do Instituto Democracia e Cidadania

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