As nossas crianças não se alimentam bem no Brasil

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Eu sofro escrevendo este texto porque sei o que é sentir fome. E quem sente fome não consegue pensar direito, não consegue aprender a ler e a escrever, o seu pensamento cognitivo fica prejudicado e não consegue desenvolver o raciocínio lógico.

Hoje, começo com uma frase da nossa querida escritora Lya Luft que nos diz “As muitas fomes é o que impulsiona o sonho. Fome de nos sentirmos bem na nossa pele de espécie pensante.” Pois bem, penso que quem sente fome como eu senti tornar-se um sonhador ou sonhadora. Concordo com a Luft, as minhas fomes impulsionaram os meus sonhos.

Na infância, senti muitas fomes: a física e a emocional. Eu senti fome de alimento, fome de livros, fome de vestidos, fome de brinquedos e fome de amar. Eu senti tanta fome que cheguei a chorar no meio da sala de aula sem ninguém saber o motivo.

Todas às vezes que sentia fome a minha mamãe mandava eu dormir que passava. Se passava ou não eu não me lembro, mas lembro que sonhava o tempo todo. Eram sonhos lindos para uma menina com a barriga cheia de vermes, apenas. Comida não tinha na barriga.

Até os primeiros meses de vida a criança deve se alimentar apenas do leite materno. É ele que fortalece os laços afetivos da mãe para o bebê assim como lhe traz segurança e conforto. O leite materno é importante não somente para aliviar a fome da criança, mas como fonte de nutrientes e proteção contra doenças que porventura venham a aparecer.

A criança que mama cresce com muito mais saúde. O problema é quando essa mãe não tem leite materno para oferecer ao seu filhinho porque o seu corpo é subnutrido e ela por diversos motivos que incluem a fome e a subnutrição não conseguiu produzir este alimento.

Passada essa fase da amamentação, que vai até mais ou menos os seis a oito meses, tem criança que passa mais tempo, vem uma nova fase que é o alimento do nosso dia a dia que a mamãe ou quem é responsável pela criança vai preparar carinhosamente para que comece a experimentar e sentir o gosto das frutas, papinhas, tubérculos, leguminosas etc.

É importante nessa fase da introdução da nova alimentação que a criança seja respeitada quando não quiser comer o que está sendo oferecido. Há crianças que podem escolher o que comer no Brasil, são poucas, muito poucas, mas há aquelas que vivem em berço de ouro e são criadas com todo o cuidado merecido, aliás cuidado este que deveria ser estendido a todas as crianças do nosso país.

Fica a minha grande questão: e quando não se tem o que oferecer à criança? Nem frutas, nem leguminosas e nem nada. O que ela comerá? Precisará dormir para sonhar com comida na barriga igual eu fazia? Isso não é amor, isso é uma fuga da realidade, um fingimento do ser enquanto essência num mundo cruel onde criancinhas simplesmente morrem de fome porque não têm quem as alimente de verdade. Apenas lhes dão migalhas, como se fossem animais, quer dizer nem animais porque até esses muitas vezes comem bem.

As mamães precisam ter paciência para que a criança vá aos poucos se acostumando com aquele novo alimento e esquecendo o leite materno. Muitas vezes algumas pedem para mamar mesmo estando se alimentando com comidas do dia a dia, principalmente quando estão sentindo algum desconforto como dores de cabeça, cólicas, febre ou até mesmo quando se sentem inseguras por algum problema que desconhecemos. Elas vão chorar e só o peito da mamãe vai trazer conforto e segurança. Isso é normal nos primeiros meses em que a criança está em fase de adaptação.

É preciso saber que, depois dos seis meses de idade, o bebê necessita de outros alimentos para se desenvolver além do leite materno. E por isso a necessidade de introduzir outros alimentos. A introdução gradativa dos alimentos deve ser feita com cuidado e de preferência por um médico pediatra ou por uma nutricionista.

É fato que a criança que tem uma boa alimentação cresce mais forte, inteligente e com desenvoltura para brincar, correr e pular, por isso que desde cedo ela deve entrar em contato com as frutinhas que são excelentes fontes de vitaminas e proteínas sejam elas amassadas ou passadas no liquidificador. Acostumar a criança a comer frutas é muito importante, porque ao passar dos anos ela vai ter o seu apetite preparado para esse alimento tão saudável à vida infantil e adulta.

Educar e acostumar a criança para uma alimentação saudável desde os primeiros anos de idade é de fundamental importância para os pais.

Começando pelo que esses pais comem as crianças tenderão a imitá-los, por isso são eles os maiores exemplos. Não somente as frutas, mas as verduras e legumes também. Pais que só comem comidas industrializadas são péssimos exemplos para os seus filhos. E pais que comem comida do lixo? São o que para os seus filhos?

Infelizmente, enquanto falamos de alimentação saudável, há milhões de crianças neste momento sentindo fome no Brasil e isso é muito triste porque elas não têm nada para comer. Essas crianças não têm escolhas. Comem tudo o que encontram pela frente e algumas vezes passam horas sem comer.

Para mim, é difícil até mesmo escrever este texto quando acabei de dar um pão dormido com uma banana para uma criancinha que passou há poucos minutos pela minha casa pedindo comida. Na verdade, eu gostaria que toda criança tivesse uma alimentação saudável.

A gente vê um baixo nível de aprendizagem das crianças nas escolas do Brasil inteiro pelos índices do IDEB, principalmente nas regiões mais pobres e a mídia televisiva e impressa divulgam essa notícia procurando um culpado sem se dar conta de que o problema é muito maior do que escolas mal equipadas e governos corruptos. O problema está também na alimentação da criança. Sem uma boa alimentação a aprendizagem fica comprometida.

Eu me saía muito mal na matemática na escola. Não que fosse uma má aluna. Era que eu sentia tanta fome que não conseguia compreender direito as continhas que a professora fazia. Quando a professora ensinava algo que exigisse mais raciocínio lógico eu acabava me enrolando e não conseguia aprender porque estava com fome e a fome mexia com a minha mente e o meu corpo.

Uma criança bem alimentada mostra uma melhor disposição para aprender e desenvolver as suas habilidades, ajudando com isso a ter uma melhor concentração. O alimento contribui para um melhor aproveitamento na escola.

A criança precisa ser acostumada a comer feijão com arroz que é o prato preferido do brasileiro, porque segundo crenças populares e isso afirmado pela minha mamãe que tem setenta e sete anos e já criou quatro filhos amamentando e os alimentando logo depois com feijão e arroz fazendo com que todos os quatro crescessem fortes e saudáveis. O problema é que a mãe solo ou os pais assalariados não podem mais comprar feijão com arroz para os seus filhos.

Eu sofro quando falo de alimentação saudável. Eu sofro escrevendo este texto porque sei o que é sentir fome. E quem sente fome não consegue pensar direito, não consegue aprender a ler e a escrever, o seu pensamento cognitivo fica prejudicado e não consegue desenvolver o raciocínio lógico. Gostaria de que toda criança pudesse ser bem alimentada assim que largasse o leite materno. Mas não é isso que vemos no nosso país. E eu sofro com as diversas crianças mexendo em latas de lixo da minha cidade à procura de comida.

Alimentação saudável, querida mamãe ou querido papai, tornou-se na verdade aquilo que você tiver em casa e puder oferecer à sua criança. Não sejamos hipócritas. Não falemos de nutricionistas ou pediatras num país em que há filas enormes para se conseguir uma consulta de urgência num posto de saúde público onde uma criança agoniza nos braços de uma mãe.

A criancinha morre na fila do hospital e logo alguém diz que a causa foi a fome, isso é normal para a maioria das pessoas, é mais uma criança na estatística da fome no país, mas não para mim. Nunca será normal para mim saber que uma criança morreu nos braços de uma mãe na fila de um hospital, de fome.

Como procurar uma nutricionistas porque elas quase não existem em cidades pequenas do nordeste brasileiro? Sequer existe um médico em algumas cidades para atender toda a população de cinco a dez mil habitantes que sofrem com todas as mazelas, quem vai se preocupar com criança com fome? Nutricionista é coisa de rico e ter uma dieta saudável muito mais longe da vida do pobre trabalhador.

Para muitas crianças, o leite materno será o único alimento rico em nutrientes que ela vai receber em toda a sua vida. Quando estiver maiorzinha e puder andar pelas ruas terá que se virá com comida jogada no lixo.

Essas crianças parecem que têm anjos a sua disposição porque nunca adoecem e se ficam doentes a luta pela sobrevivência é tão cruel que não as deixam sequer sentirem que estão doentes, parece que elas não sentem dores físicas, mas apenas emocionais e choram pelas ruas escondidas dos semáforos abertos para os veículos porque não querem mostrar as suas fraquezas. Criança de rua é preciso ser forte e corajosa ou será engolida pela noite que também é faminta.

Num país onde crianças estão morrendo de fome não pode existir diferença de comida saudável para não saudável. Tudo é comida. Acho que deveria ter começado este texto assim. A gente come o que tem para comer, como diz a minha mamãe até hoje para mim.

Escutei muito isso na infância e ainda escuto até hoje com os meus cinquenta e um anos de existência. Dói lá no fundo da alma. Dói querer escrever um texto dizendo que biscoitos recheados, doces e pipocas são prejudiciais à saúde da criança.

O que é mais prejudicial é sentir a barriga com fome. É olhar para um lado e para o outro e não saber a quem pedir comida, porque o papai e a mamãe já disseram que não conseguiram nada naquele dia para trazer pra casa. E por incrível que pareça a comida que é mais prejudicial à saúde da criança é a mais barata e a de mais fácil acesso para ela que são os doces e as demais guloseimas encontradas em qualquer mercadinho perto de casa.

Costumo dizer para a minha mãe que se pudesse voltar para dentro da barriga dela nunca mais sairia de lá. Aqui fora o mundo está difícil para se viver com felicidade e barriga cheia. Quem é feliz com fome, minha gente? Vocês sabem o que significa ter uma panela vazia em cima de um fogão?

A alimentação saudável deve trazer o leite, o pão, o arroz, o feijão, as hortaliças, o peixe, os ovos e tantos outros alimentos diversos para a criança poder se alimentar e se sentir forte o suficiente para sair por aí brincando feliz com os seus amiguinhos, tomando banho de rios, subindo em árvores ou empinando papagaios. A criança que se alimenta bem tem coragem para correr e vive a dar recados para os vizinhos mais velhos.

Vejo muitas crianças pelas ruas comendo pastéis oleosos com refrigerantes porque são mais baratos do que uma vitamina de banana, abacate ou mamão acompanhados por biscoitos integrais. Esta alimentação muitas vezes é o seu jantar. Perto de mim tem muita criança que come essas coisas à noite e depois vai dormir. Seus desempenhos escolares são baixos e as escolas culpam os pais por não as incentivarem nos estudos.

Eu me lembro que na minha infância para matar a nossa fome, à noite, a gente ia para as casas que havia terços religiosos e que depois da celebração as donas das casas serviam lanches. A gente só ia para comer e nem ligava de rezar por uma vida melhor. Enchíamos o bucho de suco com bolo e corríamos para casa felizes.

Não era só eu. Além de mim tinham muitas outras crianças com fome nos terços de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, padroeira da nossa Igreja do bairro. Acho que a padroeira sabia da nossa fome porque nunca fomos castigados por participarmos somente dos terços nas casas que serviam lanches. Parece que o povo lá do céu não costuma castigar criança com fome.

Para criancinhas pobres, o bom é que elas possam comer feijão com arroz desde cedo junto com farinha e ovos que ainda são baratos. Se puderem oferecer frutas ou saladas de verduras, para as crianças será muito bom.

Peço para alguns pais que não podem comprar verduras semanalmente que façam uma horta em casa plantando tomates, cenouras, alfaces, cebolas. Aqueles pais que tiverem casas próprias. Sei que muitos não podem plantar porque moram em casas alugadas e vivem se mudando. Nossa! É tão difícil dá uma sugestão porque aí já vem outra que impede o que a gente estava querendo dizer sobre alimentação saudável às crianças.

Para escrever este texto eu fiz algumas leituras e pesquisas na internet sobre alimentação saudável para crianças e vi num desses sites que visitei que na escola os professores deveriam contar histórias sobre crianças que comem bem e não reclamam da comida, mostrar fotos e ilustrações de frutas e pratos às crianças, passar vídeos de comidas saudáveis ou até mesmo cantar músicas com temas sobre alimentos saudáveis. Sim, tudo isso é muito didático e cai bem nas escolas onde as crianças podem ser alimentadas em casa com boas comidas.

O problema é que a maioria das crianças só faz uma refeição bem-feita durante todo o dia que é a da merenda escolar. É essa merenda que ajuda a criança muitas vezes a continuar na escola. A merenda escolar na educação básica não devia ser apenas uma e eu já falei nisso em outros textos meus. A criança deveria comer ao chegar na escola, na metade do horário das aulas e no final das aulas. Assim, ela teria garantido um pouco de energia nutricional capaz de aprender a interpretar um texto ou fazer um continha.

Os nossos alunos da educação básica estão tirando notas ruins no IDEB não é porque não sejam bons ou não tenham bons professores. O problema está na alimentação.

Quem não se alimenta bem não consegue fixar conhecimento, memorizar, raciocinar logicamente. Não é o ensino que é ruim, o professor que é fraco ou a escola que não tem boa estrutura predial para oferecer um bom ensino. Nada disso. O problema começa muito antes da criança chegar à escola. O problema ela traz de casa e vem buscar esperança na escola. Tudo se resume na palavra que mais dói para eu escrever, a FOME.

E no dia que nossos governantes perceberem que com fome nenhuma criança vai conseguir aprender nada de verdade eles passarão a dar mais atenção para a merenda e para a comida saudável da criança que esteja sempre presente na mesa da sua casa. Qual criança vai deixar de comprar um sanduíche gostoso para comprar um livro com uma história linda mesmo que seja o livro que ela sempre sonhou ler se sente a sua barriga roncando de fome e o sanduíche está ali prontinho para ser comido? Não temos a cultura da leitura, mas sentimos fome, e muita.

Alimentação saudável para minha mamãe é tudo aquilo que podemos comprar com o dinheiro que temos depois de pagarmos as nossas dívidas porque pobre não pode além de sentir fome ter o nome sujo no comércio. Neste caso, para a minha mamãe vale mais a dignidade de ter o nome limpo do que está com a barriga cheia.

Charles Darwin dizia que “a luta pelo alimento para a manutenção da vida é um dos principais mecanismos da seleção natural na evolução das espécies. A incapacidade de o homem se alimentar plenamente estaria, então, relacionada aos limites impostos pelo ambiente natural.” É esta seleção não mais natural, mas fonte de desigualdades sociais que dita quem pode comer bem e sobreviver e quem não pode comer nada e consequentemente morrer de fome.

O malthusianismo, fundado na relação homem-natureza, considerava (e ainda considera) a fome e a miséria como resultantes da violência contra a lei natural da vida, motivada pelos próprios pobres. Segundo esse pensamento os pobres são culpados pelas suas fomes por não saber onde buscar os seus alimentos ou por não saber que eles são o necessário para as suas sobrevivências. É como se as pessoas fossem ignorantes ao ponto de não saberem que se não comerem morrerão de fome.

Já para Paul Singer ele nos diz que “A fome endêmica é antes de tudo um problema de falta de dinheiro. As pessoas que sofrem desse mal não se alimentam adequadamente porque não têm dinheiro suficiente pra comprar comida. Há dados abundantes para o Brasil de pesquisas de orçamento familiar.  Todas demonstram nitidamente que existe uma correlação perfeita entre níveis de renda e níveis de alimentação. De tão óbvio, seria até ridículo afirmar aqui, se não fossem as dúvidas muitas vezes levantadas até por especialistas, de que as pessoas não sabem se alimentar bem, e com os parcos recursos compram pinga, televisão, cigarros etc. e assim continuam subnutridos. Tal raciocínio leva à conclusão de que nosso problema não seria a renda das famílias e sim suas falhas na educação, repetindo-se aquela famosa estória de que é pela educação que tudo se resolve.”

Discordo de Singer. Conheço famílias que são tão pobres que não têm dinheiro sequer para comprar uma garrafa de pinga ou uma carteira de cigarros. As suas crianças vivem com a ajuda de pessoas caridosas sejam vizinhos, estudantes universitários, organizações sem fins lucrativos, pessoas voluntárias, que passam todos os dias nessas casas e deixam alguma coisa para que possam comer.

Ao invés de Singer dizer de que é pela educação que tudo se resolve eu diria que não só pela educação, mas pelo sistema que tudo se resolve, sistema esse que envolve a sociedade, os governantes e a cultura dos povos.

A educação é o primeiro passo a ser dado, mas como já falei aqui não é possível aprender o básico que é português e matemática estando com fome. Antes da educação vem a alimentação, ou seja, o prato de comida.

Desculpem-me, meus leitores queridos! Eu queria ter falado sobre alimentação saudável na infância, mas fui tomada por uma onda de indignação, revolta e raiva ao lembrar da menina faminta que passou pela minha casa ainda há pouco pedindo comida. Atrás dela não vinha ninguém, mas lá na frente tem um monte delas que nunca vai fazer distinção entre alimentação saudável ou não, elas só vão querer encher a barriga e parar de sentir fome.

Se um dia a gente conseguir acabar com a fome no Brasil, outra vez quem sabe eu consiga escrever um texto sobre alimentação saudável.

Quero abrir um parêntesis para dizer que não é só a criança largada nas ruas que sente fome. As crianças que têm um lar onde morar e pais carinhosos e amáveis também sentem, sendo que esses ainda têm um pouco de dignidade e forças para trabalharem e buscarem juntar dinheiro para trazer comida para casa. Muitas vezes não conseguem o dinheiro suficiente para o arroz e o feijão, mas se contentam com um pedaço de pão e um copo de refresco industrializado.

Outro dia, eu estava em um mercadinho do meu bairro e vi uma senhora comprar umas coisinhas e ir para o caixa. Eu fiquei na fila logo atrás dela. Enquanto passava as coisinhas ela torcia para que o dinheiro desse para pagar tudo o que estava no carrinho porque faltou colocar muita coisa que estava precisando em casa. Teve que deixar no carrinho dois pacotes de café e duas barras de sabão. Deu prioridade aos itens de comida mais necessários. Havia uma criança com ela que pedia a todo instante para que comprasse um pacote de biscoitos. A mãe parecia não lhe dar ouvidos. A menina começou a chorar.

A mulher cochichou algo no ouvido da criança que a calou rapidamente. Fiquei curiosa para saber o que a mãe tinha dito para a sua filha que a silenciou tão rápido. As duas foram embora cada uma levando uma sacola de compras nas mãos. A moça ao me atender foi logo dizendo “a mãe sempre engana ela dizendo que a fada vai trazer os biscoitos à noite.” Eu achei bonita e triste a mentira da mãe.

Para finalizar este texto trago uns versos da nossa linda e encantadora cantora e compositora Adriana Calcanhoto que nos diz “Eu gosto dos que têm fome / Dos que morrem de vontade / Dos que secam de desejo / Dos que ardem…”

E que nós possamos gostar dos que têm fome do saber, da felicidade, do amor e não a fome que dói na barriga e nos faz chorar. Que toda fome seja bem-vinda ao mundo da criança, menos a fome da alimentação porque sem comida a gente não é ser, a gente nem chega a ser.

*Este texto faz parte da obra “As fomes das crianças” de Rosângela Trajano, a ser lançado em março de 2023.

Autora: Rosângela Trajano

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