A magistocracia de Moro e Dallagnol

764

Foi quebrada a divisão de funções entre
acusador e julgador, desrespeitaram-se
cláusulas  pétreas  da  Constituição.

A “limpeza política” que o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol sempre preconizaram  para  o país,  com a postura de “heróis”  da  ética  e do combate  à corrupção, na verdade escondeu o jogo que promoveram para beneficiar  o  capitalismo financeiro internacional e nacional  ávido  por “privatizar” a riqueza  social em seu bolso.

Destruir a Petrobrás, a mando da elite do atraso, significou  empobrecer  o país  inteiro de um recurso fundamental, levando  à  destruição  de qualquer estratégia  de reerguimento  internacional do país, em troca da recuperação  de recursos  ridículos de tão pequenos.

A tese do Estado e da política corrupta serve para que se repassem  empresas estatais  e nossas  riquezas  do subsolo  a baixo custo  para nacionais e estrangeiros,  que se apropriam  privadamente da riqueza que deveria  ser de todos.

Essa é a corrupção real, como alerta o sociólogo Jessé Souza.  Uma corrupção legitimada   e tornada invisível, por uma leitura distorcida  e superficial de como a sociedade e seus mecanismos  de poder funcionam.

O “modus operandi”, do ex-juiz e do  procurador,  agora  veio à tona, graças  ao site  The Intercept Brasil. Em um dos diálogos revelados, Dallagnol diz claramente: “ A Lava Jato é contra a corrupção, seja de quem ela for. Vamos organizar  congressos  e eventos e lucrar, ok? Bom jeito  de aproveitar nosso networking e visibilidade”. Claros planos de enriquecimento pessoal do procurador.  Uau!!

Para o doutor em direito e professor da  USP, Conrado H. Mendes, “a fronteira  entre a corrupção  criminosa e a corrupção  normalizada  depende de onde o corrupto  se encontra no edifício do poder. A sociologia nos explica que o lugar mais confortável para corromper sem medo  é o da autoridade que interpreta e aplica  a lei”.  



STF e democracia. Assista!



Até porque esta tem o poder  de legalizar a corrupção para benefício  próprio e blindar-se de seu controle. A corrupção do judiciário se  autolegalizou. Simples assim.

A magistocracia, segundo o professor da  USP,  “tem o dom do ‘fiat lex’ (faça-se  a lei): pode ter empresa de ensino, mesmo que a Constituição proíba; pode dar palestra  remunerada e manter  valor sob sigilo mesmo que a Carta exija publicidade; pode usar esposa e familiares como testas de ferro  de sua empresa de palestras; pode falar  fora dos autos  sobre  casos  quaisquer mesmo que a Lei Orgânica  e o Código de Ética  da Magistratura  não permitam”.

Ironicamente, em nome do combate à corrupção, mergulhou-se no populismo judicial, manipulando a opinião pública por  meio de vazamentos sintonizados  no calendário eleitoral. Mais. Foi quebrada a divisão de funções entre acusador e julgador, desrespeitou-se  cláusulas  pétreas  da  Constituição, etc.

Felizmente, a imprensa, através do jornalista Glenn Greenwald, revelou o verdadeiro caráter dos festejados “justiceiros do bem”, que gozavam  da presunção  absoluta da legalidade. Que eram vistos, e ainda são por parte da opinião pública, como símbolos incorruptíveis de moralidade e ética.



Conheça jornalista Glenn Greenwald de um jeito um pouco diferente, em entrevista anterior às repercussões das sobre as revelações do Intercept Brasil.



Na  verdade, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol promoveram um contrabando da legalidade  dentro da normalidade de condutas promíscuas. Graças a eles, a Lava Jato está desmoralizada.



Morte da política? Sem mediações para encaminhar as novas demandas (necessidades, demandas e novos direitos), ficaríamos reféns dos entendimentos dos juízes, os doutores das leis. Eles, somente eles, teriam o poder de decidir nossos destinos e direitos. Os direitos individuais correriam menos riscos, mas os direitos sociais seriam todos banidos porque ninguém mais seria autorizado a organizá-los e defendê-los. (Nei Alberto Pies, março 2016). Veja mais aqui.

DEIXE UMA RESPOSTA