Viajar ao Egito é como atravessar um portal no tempo rumo às origens da humanidade. Neste país milenar, onde floresceu uma das civilizações mais antigas do mundo, a escrita foi criada pelos escribas, há 5.000 anos, os quais registraram os feitos dos faraós e os mistérios da vida e da morte.
Viajar é mais do que se deslocar no espaço — é percorrer culturas, hábitos, idiomas e histórias. Durante 28 dias, exploramos quatro cidades da Europa e duas da África, intercalando momentos de lazer com quatro congressos científicos nos quais meu esposo foi palestrante. Cada destino trouxe descobertas únicas, mas foi no Egito que voltamos a nos surpreender com a capital Cairo e a cidade de Alexandria, sua antiga capital.
Já havíamos tido a oportunidade de visitar o Egito outras vezes e foi possível perceber a evolução desta que é quinta maior cidade do mundo e que, até 2006, ocasião da nossa primeira viagem até lá, não tinha nem sequer sinaleiras nas ruas. Hoje já conta com incríveis ruas elevadas que passam por cima de partes da cidade.
Viajar ao Egito é como atravessar um portal no tempo rumo às origens da humanidade. Neste país milenar, onde floresceu uma das civilizações mais antigas do mundo, a escrita foi criada pelos escribas, há 5.000 anos, os quais registraram os feitos dos faraós e os mistérios da vida e da morte.
Na primeira viagem até lá visitamos o lendário Vale dos Reis, em Luxor, e a impressionante necrópole de Saqqara, a primeira pirâmide construída, há 2.700 anos. Um século depois de Saqqara, construíram a grande pirâmide de Gizé, seguida da pirâmide de seu filho Queóps e a de seu neto Miquerinos. Juntas elas formam a única das Sete Maravilhas do Mundo Antigo que ainda resiste ao tempo, vigiadas pela famosa Esfinge.
Vale dos Reis – Luxor (2006)
Pirâmides de Queóps e Miquerinos (2025)
Pirâmide de Saqqara, a mais antiga. (2023).
Grande Esfinge de Gizé (2025).
A capital egípcia impressiona por suas mesquitas majestosas, que refletem a fé dos mais de 90% de egípcios muçulmanos. No bairro conhecido como Old Cairo, mergulhei na espiritualidade cristã ao visitar a Igreja de São Sérgio e São Baco, onde se conta que a Sagrada Família encontrou refúgio durante sua fuga para o Egito. Ali perto, a Igreja de São Jorge, santo venerado pelos cristãos ortodoxos, no Cairo, e o movimentado bazar Al-Khalifa completam uma experiência de fé, história e cores locais.
Mesquita Muhammad Ali (2023).
Dentre os pontos altos do turismo no Egito está navegar nas águas do Rio Nilo. Seja em restaurantes flutuantes ou em pequenos navios de cruzeiro que sobem desde a cidade de Aswan, é possível apreciar a boa comida árabe e shows com danças típicas como a dança do ventre.
Navio saindo de Aswan (2006)
Dançarina do ventre – Restaurante flutuante
A visita ao antigo Museu do Cairo é imprescindível. Ele guarda tesouros inestimáveis como cerca de 4.000 peças encontradas na tumba do faraó Tutancamon em 1922, mas é o recém-inaugurado Grande Museu Egípcio, nos arredores de Gizé, que está revolucionando a experiência dos visitantes. Ele começa impressionando pela arquitetura, pela organização e pela magnitude do acervo. Cada sala é uma viagem por dinastias, crenças e conquistas que moldaram a humanidade.
Escriba (2.500 a.C.) Museu do Cairo (2025).
Grande Museu Egípcio Escultura de Ramsés
Encerrando a jornada, a cidade de Alexandria revelou-se um capítulo à parte. Visitamos a moderna Bibliotheca Alexandrina, herdeira espiritual da lendária biblioteca da Antiguidade e visitamos o Forte de Qaitbay, construído sobre as ruínas do Farol de Alexandria. Outro impressionante passeio que fizemos na companhia de amigos egípcios foi ao opulente Palácio da Princesa Fatma Al-Zahra. Seu pai Rei Farouk I foi forçado a abdicar em 1952, após um golpe militar que transformou o Egito em uma República, acabando com a suntuosa monarquia.
Bibliotheca Alexandrina – 2 milhões de livros
Interior da biblioteca de 85.000m2
Palácio da Princesa Fatma Al-Zahra.
Forte de Qaitbay
Por fim, conhecer o Egito significa muito mais do que visitar monumentos, significa sentir-se parte da história da humanidade. É, realmente, uma viagem que transforma, se vivenciarmos tudo isso com muita curiosidade e atenção plena.
Como viajantes do século XXI, contamos com a ajuda dos aplicativos GPT-4, Airbnb, Google Maps, Google Tradutor, Uber, Ventusky, Currency… Um arsenal digital que tornou a viagem entre o passado e o futuro mais fácil. Viajar é muito bom, mas voltar para casa, também. Agora é hora de usarmos as novas aprendizagens para ajudar o mundo a se tornar um lugar melhor.
Conforme afirmou o pensador egípcio Ptahhotep (vizir do faraó Djedkare, por volta de 2400 a.C.):
“A sabedoria é mais rara que uma pedra preciosa, e pode ser encontrada em todos os lugares.”
Podemos viajar por terra, mar, ar, livros, filmes e imaginação. De qualquer forma, sempre se aprende.
Autora: Marilise Brockstedt Lech. Também escreveu e publicou no site “Onde mora a felicidade”: www.neipies.com/onde-mora-a-felicidade/
Edição: A. R.