O amor em tempos de pandemia

1941

Está mais do que na hora de
aprendermos a viver pela Lei do Amor.

Observando ao pânico de alguns e à indiferença de outros com a mazela que assola nossos dias, quero escrever sobre o que podemos encontrar de bom em meio a todas as dificuldades e tristezas já noticiadas.

Falo das incontáveis correntes de solidariedade nunca antes vistas e que têm acontecido em todas as partes do mundo, tanto daquelas de doações milionárias quanto às de modestas contribuições por pessoas que às vezes tem pouco para si mesmo. Noticia-se muitas entregas de donativos, grupos de voluntários prestando algum tipo de serviço de extrema necessidade a alguns, ou mesmo, a emanação de orações e de correntes positivas da parte daqueles que têm, na sua fé, a única forma (e não menos válida) de poder colaborar neste momento.

Para que serve tudo isso?

Para podermos constatar o que muitas pessoas já perceberam: ainda há amor no coração humano, todavia, cabe nosso questionamento sobre por onde andava este amor antes da notificação da pandemia mundial?

Recentemente li um livro que trazia por mensagem uma pergunta feita a um sábio: “Dize-nos, o que é o amor?”, do que se obteve como resposta “Nós somos o amor”.

Podemos contextualizar dizendo que algumas pessoas que amam conseguiram encontrar várias oportunidades em meio ao momento pandêmico para amar. Mas neste momento, quando nos sentimos “tocados” e, de alguma forma, nos tornamos solidários, devemos estar atentos sobre a que sentimento estamos servindo. Por compaixão, culpa? Por nos sentirmos tristes frente ao sofrimento dos outros? Por negociação com a Vida (olha, estou ajudando, então quero um dia ser retribuído, não esquece!). Não interessa, o que importa é que temos esta capacidade altruística de darmos um pouco de nós mesmos, então, que seja por amor.

Reporto-me ao pensamento escrito há mais de 40 anos pela educadora Cecília Rocha, a qual, do alto dos seus 93 anos de idade, já nos levava à reflexão muito válida para este momento:

“O sofrimento parece ser, ainda, o único processo capaz de nos levar às modificações no sentido do Bem e do Amor. As dores coletivas provocadas pelas guerras, pela orfandade, pela fome, pela doença, pelo desamor e pelo egoísmo, pela indiferença e pela ganância, constituem, por vezes, os únicos recursos capazes de nos despertar para as transformações indispensáveis ao nosso progresso (…)”.

Cecília Rocha não escreveu isto como que por adivinhar o futuro, mas por constatar as inúmeras “cabeçadas” que damos na vida por não sabermos amar. Está mais do que na hora de aprendermos a viver pela Lei do Amor.

Assim, há que se propor um exercício de reflexão, o de que é sempre melhor estar na condição de quem possa dar do que na daquele que precisa receber. Há uma troca de alegrias na solidariedade – não interessa de que lado estejamos – onde somos contagiados ante tanta felicidade! É a ação do amor.



“Fabricamos a pressa, a velocidade das coisas, do tempo, perdendo-nos no espaço onde habitamos. Não nos permitimos mais perder tempo para celebrar o amor verdadeiro, para parar no tempo. Não queremos mais perder tempo nas pequenas coisas mais simples e cotidianas. Temos grandes negócios a resolver, a decidir, e precisamos correr atrás de uma máquina. Somos robôs de uma engrenagem que nós mesmos criamos”. (Padre Gerson Schmidt)

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