“Caros irmãos e irmãs,
Se você está lendo isso, é porque eu já fui embora. E antes que a saudade manche seus olhos, deixe-me dizer-lhes algo com a voz da alma: não chore por mim. Continuem fazendo bagunça.
Não vivi essa vida para ser lembrada por discursos ou fotos. Tudo o que desejei, tudo o que quis com toda a minha fragilidade, foi que olhássemos para Jesus novamente. Que a gente saia na rua com o Evangelho nos pés, com misericórdia nas mãos e com amor no coração.
Se alguma vez minhas palavras lhes tocaram, não as guarde. Transforme-as em ação. Abracem aquele que está sozinho. Perdoem quem vos feriu. Recomece quantas vezes forem necessárias. Não esperem que o mundo mude. Sejam vocês o começo.
Aos jovens, meus queridos rebeldes do bem: não deixem que lhes roubem a alegria nem a capacidade de se surpreenderem. O mundo precisa da sua paixão, da sua arte, da sua linda loucura pelo justo.
Aos avôs e avós: obrigado. Vocês sustentam a história com silêncio e sabedoria. Continuem a contar suas histórias. Não se retirem do amor.
Aos sacerdotes, bispos, toda a Igreja: não se tornem oficiais do sagrado. Sejam pastores. Com as mãos sujas de servir e o coração aceso de ternura.
E a você, que talvez esteja lendo isso com dor, com perguntas, com vontade de sentir algo mais… Eu te digo: Deus não se foi. Ele está contigo. Mesmo que você o sinta longe, Ele caminha em seus passos cansados.
Eu vou em paz. Não porque não haja dor, mas porque confio. Eu confio em vocês. Na sua compaixão. Na sua alegria. Na sua fé, embora pequena como uma semente de mostarda.
Rezem. Cuide da Terra. Defendam a dignidade humana. E quando se juntarem para comer, deixem uma cadeira livre. Que seja para o pobre. Que seja para Jesus.
Não se esqueçam de rezar por mim. Eu estarei rezando por vocês. Sempre.”
Com amor de pai,
Francisco
Obs.: Esta carta foi publicada primeiramente por Adrian Pallarols, que considera o Papa Francisco um amigo, irmão e pai. Não foi vista em outros lugares, exceto no Instagram e Facebook de Pallarols, que comentou na postagem que esta carta foi tornada pública pela Santa Sé. Após publicação de Pallarols, foi amplamente divulgada em diferentes perfis de redes sociais
Fonte:
<https://www.instagram.com/p/DI9Xka6gHHr>. Acesso em: 30 abr. 2025.
Edição: A. R.