Qual a pressão se cada aluno aprende em um tempo,
qualidade e profundidade diferentes e o aprendizado
é um processo longo, que precisa envolver prazer?

 

Dia desses um colega professor de outra área do conhecimento me perguntou: – Fiquei sabendo que você ensina os alunos a estudarem. Por que você entrega de bandeja dicas e métodos de estudo? Você facilita muito a vida desses alunos.
Eu respondi:

– Creio que um dos papéis mais importantes de um educador é permitir que os alunos sejam mais do que a minha geração foi e façam o mundo um lugar melhor. Se eu puder auxiliar eles nesta caminhada, ficarei grato. Existe uma diferença entre facilitar e permitir. Eu, ao invés de falar para eles estudarem, compartilho meus métodos para permitir que desde cedo tenham o mesmo prazer que adquiri com os estudos.

E você? Ainda acredita que prova serve para “selecionar” aluno? Pois é, eu não.
Ele tentou argumentar falando da meritocracia, mas já havia dado o meu recado.

Não quero convencer ninguém, mas sei do meu papel como professor, se ele sabe o seu… e acredita nele, perfeito. Mas julgar nunca será um meio educativo, nunca.
Se você leu até aqui, saiba: Tudo que possa mudar a realidade dos jovens é visto pela geração anterior como uma afronta.

 

 

“A escola não se configura como homogeneidade e os professores não são passivos às mudanças. Por isso, é necessário analisar e demonstrar as efetivas contribuições que a reflexão crítica pode proporcionar para a comunidade escolar. Pois, ela produz um discurso de preparar os educandos para a vida adulta com capacidade crítica em uma sociedade plural e, em contrapartida, essas finalidades são negadas pelo sistema tecnicista atual”. (Arnaldo Nogaro)

Ser professor reflexivo – Arnaldo Nogaro

 

Como é ser professor?

Ao ser interrogado, pensei bastante porque não desejava responder com clichês do tipo é ótimo, adoro o que faço.
Aí respondi assim:
– Imagina você elaborando estratégias e formas de construção de conhecimento, pesquisando e levantando materiais.

Chegando numa sala de aula você está sempre cercado de seres em busca de humanização e novos conhecimentos.

E, a cada aula, você transforma a forma deles perceberem o mundo e se transforma durante o processo, amadurecendo coisas e ações que em nenhum outro local isso seria possível de acontecer.

Nesse vídeo, Cortella explica o papel da afetividade e vínculo com o professor para a aprendizagem do aluno. Confira a entrevista completa.

A pessoa respondeu:
– Nossa, e eu que falei para minha filha pensar bem antes de ser professora. Quem precisa pensar melhor sobre o tema sou eu

 

Falar não é ensinar

Existe uma ilusão no professor brasileiro que aula expositiva é suficiente. Quando falamos ou explicamos, estamos mobilizando o interesse dos alunos. Mas esse processo nunca substitui o diálogo, a leitura prévia, o debate e a produção de resumos e anotações pessoais. Tudo isso, constrói o entendimento do que é estudar.

A aula expositiva não ensina, não transmite e não passa conteúdo. Ela, na melhor das hipóteses, mobiliza o interesse dos alunos.

A mobilização é a primeira parte do processo. Todas as vezes que o professor percebe que está com o “conteúdo atrasado”, ele corre falando tudo rápido e realmente acredita que, finalmente, “venceu” o conteúdo.

Na minha visão, o que na realidade acontece é que o professor faz tudo isso querendo se livrar do peso de ter prejudicado o próximo professor. Nessa corrida de matéria, o aluno e o conhecimento nunca são prioridades.

 

Qual é a pressa?

Qual a pressão se cada aluno aprende em um tempo, qualidade e profundidade diferentes e o aprendizado é um processo longo, que precisa envolver prazer?

Este último deveria ser uma das maiores prioridades. Gostar de estudar algo e ter curiosidade.

 

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