Jornalista acha que, se criticar os professores
(eles gostam de atacar professores)
e ouvir uma critica de volta, estará sendo tolhido
no seu direito de se expressar. Não está.

 

Conversei com quatro estudantes de jornalismo nos últimos dias, em duas entrevistas para trabalhos da faculdade. As duas duplas (uma da Unisinos e a outra da PUC) me perguntaram por que o jornalismo deve ser avaliado e criticado.

Eles consideram que eu sou um dos poucos que se atrevem a fazer a crítica do jornalismo no Estado. Eu disse que sempre fiz isso, inclusive em muitas das minhas crônicas na Zero Hora.

Peço desculpas aos que já leram o que vou escrever de novo, mas jornalista pensa que é, mas não é um ente superior que critica políticos, jogadores de futebol, papas, carroceiros, professores, estudantes, agricultores sem-terra, advogados e arquitetos e que por isso mesmo acha que não pode ser criticado.

Jornalista acha que, se criticar os professores (eles gostam de atacar professores) e ouvir uma crítica de volta, estará sendo tolhido no seu direito de se expressar. Não está.

Apenas pode estar sendo contestado, o que não significa nada além de que também ele deve acolher com naturalidade as avaliações de quem ouve, vê e lê o que faz.

Jornalista incomodado com a crítica, por achar que isso o fragiliza, não pode ser jornalista.

Jornalista que se nega a aceitar a avaliação do trabalho da imprensa é um corporativista. É alguém que, sob o pretexto de não incomodar colegas, se omite em relação ao exame da própria atividade.

Jornalista que se sente ameaçado por críticas e mia sempre que é avaliado por seus leitores ou até por colegas deve tentar ser outra coisa (quem sabe, juiz de alguma vara especial que o torne imune e impune a qualquer avaliação interna ou externa).

Em reportagem “Não existe justificativa para celebrar morte de ex-primeira dama”, psicóloga Viviane Rossi defende que “essas pessoas têm uma dificuldade imensa de colocar-se no lugar do outro, independentemente do relacionamento ou sentimento que tenham pelo ex-presidente e pela ex-primeira-dama”. Veja mais.

Eu não me incomodo quando me enquadram, como sempre me enquadraram, como jornalista de esquerda. Mas entendo muito bem os que evitam ser definidos como jornalistas de direita, em especial os que apoiaram o golpe e ainda sustentam seus articuladores.

Muitos deles fazem parte da turma da crônica fofa e, ao mesmo tempo, da alcateia de hienas que tenta desqualificar até a memória de dona Marisa Letícia.

Muitos deles são apenas jornalistas medíocres. Outros tantos são medíocres e covardes. Alguns são tudo isso, medíocres, covardes e canalhas. Estes, os canalhas, são os mais sensíveis à critica. Eu não posso ser fofo com eles.

Em artigo Jornalismo e seus interesses, Nei Alberto Pies cita Moisés Mendes sobre sua concepção de jornalismo: “O jornalismo é assunto de interesse geral, como toda atividade com alguma exposição pública – a política, a engenharia, a arquitetura, a gastronomia, a funilaria e as religiões e suas promessas de transcendência e suas aberrações”.

Jornalismo e seus interesses (por Nei Alberto Pies)

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