Ventre, braço, cabeça, corpo,
coração de mulher que carrega a vida
que brota do amor e da esperança de
dias melhores em Moçambique e em todo o mundo.

 

Sabemos que em 1975 a ONU reconheceu 08 de março Dia Internacional da Mulher. Em Moçambique, a grande celebração para elas acontece quase um mês depois, em 07 de abril. A data marca o Dia da Mulher Moçambicana e o aniversário da morte de Josina Machel segunda esposa do primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel. Josina, que é considerada um ícone da emancipação da mulher moçambicana, se juntou ainda muito jovem à luta armada pela libertação nacional.

Em Moçambique, a busca das mulheres por igualdade em suas famílias, profissões e comunidades é ainda mais intensa do que a que vivemos no Brasil.

As moçambicanas, especialmente as moradoras de áreas rurais e de periferias urbanas, ainda estão distantes das conquistas dos movimentos ocorridos ao redor do mundo nas últimas décadas. A dupla jornada de trabalho, o acesso precário a informação e a ausência de documentação são verdadeiras barreiras que as impedem de alcançar sua autonomia.

 

Vídeo que apresenta as diferenças das realidades africanas, particularmente do papel da educação como forma de superação das desigualdades e a forma com que as mesmas vivem a sexualidade.

 

Essa desigualdade significa que elas têm menos dinheiro, quase nenhuma proteção contra a violência e o mínimo acesso à educação e à saúde. Este processo faz com que continuem sendo cada vez mais discriminadas e oprimidas por uma sociedade que insiste na desigualdade de gênero como forma de dominar.

 

Gerar a vida é resistir

Por outro lado, a vida das mulheres aqui ganha ainda mais valor e se torna sinal de resistência perante as poucas possibilidades que têm. O esforço necessário para dar a luz não é o mesmo que conhecemos, com nossos exames pré natais, dietas específicas para grávidas e todo o descanso necessário.

Nas poucas condições que têm, nas incertezas da gravidez e do parto, se esforçam não só pelo filho que levam na barriga, mas também para garantir vida aos que já trocaram o ventre pela terra.

Além disso, na cultura de Moçambique, 80% da população vive das machambas (pequenas plantações familiares), as mulheres são responsáveis pelo trabalho com a terra. São elas que acordam antes mesmo do sol nascer e partem para semear, regar e colher o alimento.

De lata na cabeça atravessam a fronteira entre o céu e a terra.
A mulher não transporta água, ela carrega os rios todos dentro.
Mia Couto

 

Das mãos femininas na enxada saem os alimentos e em cima de sua cabeça, outras vidas vão de lá para cá. Armazenada em baldes e galões, a água chega às casas e sacia os sedentos. No caminho de ida e volta até o poço, o suor nascido do esforço vai alimentando a terra para, no destino, dar de beber aos que têm sede.

Ventre, braço, cabeça, corpo, coração de mulher que carrega a vida que brota do amor e da esperança de dias melhores em Moçambique e em todo o mundo.

 

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