Contos de Eduardo Albuquerque: a literatura conta parte da história da educação, a partir do cotidiano da escola

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Professor Eduardo Albuquerque, com sutileza, ironia e sarcasmo que caracteriza a literatura, aborda temas do cotidiano da escola, nem sempre abordados ou refletidos nos ambientes escolares, em seus 24 contos.

Com alegria, quero apresentar a obra É para copiar? do professor Eduardo Albuquerque, pela Editora Saluz, selo da Editora do IFIBE, lançada na 30ª Feira do Livro de Passo Fundo, no mês de novembro de 2016.

Eduardo Albuquerque, como todo autor iniciante (que torna públicas suas construções literárias), fez consultas a um pequeno grupo de pessoas antes de sua decisão de publicar um livro. Felizmente, fui das poucas pessoas consultadas por Eduardo antes da publicação e sempre tratei de estimulá-lo e encorajá-lo, pois vi em seus textos um grande potencial literário e uma corajosa vontade de contar, literariamente, um pouco de suas experiências na profissão docente e no cotidiano da escola.

Fico feliz quando vejo que a literatura conta parte da história da educação, a partir de professores que se desafiam a escrever crônicas, contos, histórias e fábulas, romances.

>>Acesse também: A função da literatura e as crianças

Professor Eduardo Albuquerque tem um texto narrativo leve e bem estruturado na forma de conto. Eduardo consegue distanciar-se dos contextos vividos e presenciados no cotidiano das escolas, para dar aos acontecimentos novos significados e contornos envolvendo sua criatividade e imaginação.

Os textos narrativos (contos, crônicas, romances, parábolas, lendas) têm duas finalidades: contar um fato e tornar este fato informação, aprendizado ou entretenimento.

Os textos narrativos que mais se aproximam, e se confundem, são os contos e as crônicas. Neste específico, “a diferença básica entre os dois é que a crônica narra fatos do dia a dia, relata o cotidiano das pessoas, situações que presenciamos e já até prevemos o desenrolar dos fatos. A crônica também se utiliza da ironia e às vezes até do sarcasmo. Não necessariamente precisa se passar em um intervalo de tempo, quando o tempo é utilizado, é um tempo curto, de minutos ou horas normalmente”. (Confira mais informações em InfoEscola)

Professor Eduardo, com sutileza, ironia e sarcasmo que caracteriza a literatura, aborda temas do cotidiano da escola, nem sempre abordados ou refletidos nos ambientes escolares, em seus 24 contos.

Muitas vezes, no cotidiano da escola, prefere-se o esquecimento e o silêncio diante das situações colocadas, ao invés do enfrentamento sério, responsável e coerente diante dos desafios contemporâneos da educação.

Citamos algumas temáticas como: a ausência de sensibilidade política e pedagógica de muitos gestores (em “A nova Coordenadora” e “O retiro espiritual” e “Assédio”), as engenhosas eleições para diretores de escolas (em “A eleição para diretor), as tensas e controversas reuniões com os pais (em “Reunião de Pais”), as dificuldades da matemática (em “Sistema de recompensa”), o potencial dos deficientes (em Senta Levanta), os difíceis conselhos de classe (em “O Conselho de Classe” e “A terceira lei de Newton), a perversidade da prática do bullying (em “A turma do Fernandinho”),as dificuldades de uma greve de professores (em “A greve”), os descontextualizados exames para avaliação da aprendizagem dos alunos (em “A avaliação nacional), as mudanças recentes do mundo, dos alunos, dos professores e do conhecimento (em “Gort”), dentre outros temas.

Em sua obra, É para copiar?, lê-se na contracapa breve análise da obra feita por Marta Borba, professora da rede municipal de Passo Fundo. Leia mais sobre Marta Borba.

A educação como possibilidade de humanização

Finalmente, tenho a dizer que a educação pública, de qualidade social, será mais valorizada quando professores e professoras ousarem contar, a partir da literatura ou da reflexão, os desafios que a ela se apresentam nos dias atuais.

Enquanto a educação continuar sendo avaliada e conduzida por quem não é protagonista dela, rumará por caminhos tortuosos e incertos. Enquanto o cotidiano da escola não for a base e a referência para as discussões sobre educação, não teremos avanços significativos na educação.

Nós, professores e professoras que fazemos educação, sabemos muito sobre como valorizar e promover uma educação que valorize e promova a humanidade que existe em cada um de nós e que pulsa por mais dignidade.

Nosso maior desafio é a humanização (possibilidade de nos tornarmos seres humanos melhores).

Para conhecer mais obras publicadas pela Editora acesse o site da Editora do IFIBE.

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